Capítulo Quatro

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Era doloroso para Mai ver a expressão de tristeza nos olhos de Will, pois o amava de verdade. Apesar de saber que ele jamais a amaria, quase podia sentir a dor que o agitava ao pronunciar aquelas palavras. A única mulher que amara tinha se matado por sua causa. Era um sofrimento do qual não podia escapar. Agora o irmão dela estava tão perto...

- Por que acha que ele está na cidade? - perguntou ela.

Will tomou um gole de café.

- Vingança, talvez - respondeu, tenso.

- Por que vingança? - perguntou, apesar de saber o motivo, mas tentando evitar que ele desconfiasse dela.

Will a encarou pensativo.

-É uma história muita antiga e que não lhe diz respeito, Mai - disse calmamente.

Ela terminou o próprio café.

- Se é o que acha, Will.  - respondeu ela. - Preciso voltar ao trabalho.

Ela se ergueu. Ele fez o mesmo.

- Como vai voltar ao trabalho? - perguntou abruptamente.-Grange a trouxe de carro?

Ela balançou a cabeça, negando.

- Não vim com ele.

- Vai ao churrasco no sábado? - perguntou ele. Ele oferecia um churrasco para os trabalhadores do rancho no fim da época de recolhimento do gado. Marge, as meninas e Mai eram sempre convidadas. Isso já se tornara hábito.

Mas Mai não queria mais fazer parte de um hábito.

- Acho que não - respondeu abruptamente, ficando feliz por vê-lo surpreso. - Tenho outros planos.

- Que planos? - perguntou, como se tivesse o direito de saber sobre tudo que ela fizesse.

Ela sorriu despreocupada.

- Não é da sua conta, Will. Até breve.

Foi até o balcão e pagou a conta. Quando saiu, Will estava sentado, pensativo, com uma expressão séria no rosto.

Mais tarde, naquela noite, Mai pôde digerir sua descoberta. Esperou que as meninas fossem dormir para questionar Marge, que estava sentada à mesa na cozinha remendando uma colcha.

- Conhece uma família chamada Grange? - perguntou.

A mulher piscou, surpresa.

- Grange? Por quê?

A atitude de Marge não parecia nada inocente, Mai apoiou os braços sobre a mesa.

- Um homem chamado Grange está trabalhando no centro - respondeu. - É alto e tem cabelos e olhos escuros. Will ia se casar com a irmã dele anos atrás...

- Ele! Aqui! Meu Deus! - exclamou Marge. Levou as mãos à boca. - Não pode ser!

- Está tudo bem, Marge - disse ela rapidamente. - Ele veio procurar por seu pai, não por Will.

Marge parecia assustada, com olhos arregalados.

- Você já sabe? - perguntou com voz rouca. Ela suspirou profundamente.

- Sim, Grange me contou, mas Will não sabe - informou. - Eu disse que apenas soube sobre um antigo romance que não deu certo.

Marge cobriu a boca com as mãos.

- Foi um pesadelo, Mai - disse ela séria. - Nunca vi Will daquela maneira. Quase enlouqueceu quando ela morreu. Desapareceu por três meses e ninguém conseguia encontrá-lo. Papai chorava... - Ela respirou fundo. - Jamais entendi por que ela se matou. Eles tinham brigado. Will só soube do ocorrido porque um amigo telefonou e deu a notícia. A culpa o consumiu. Papai foi tão gentil com ele depois disso... - afirmou. - Eles tinham alguns desentendimentos, pois ambos eram determinados e arrogantes. - Ela suspirou. - Mas depois do que aconteceu com a moça papai tentou conquistar a afeição de Will Acho que conseguiu, antes de sofrer o derrame. -: Ela ergueu os olhos. - Grange sabe a razão de ela ter tomado uma atitude tão desesperada?

Avassalador -AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora