Corredor - Parte 3

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Abro os olhos lentamente e me deparo com a escuridão, tudo completamente preto, bom, quase tudo. A pequena brecha da janela permite a entrada de luz no ambiente, mas ela é quase inexistente, mesmo assim, é o suficiente para incomodar a minha visão, arqueio as sobrancelhas na tentativa de me acostumar com o ambiente mas a tentativa é quase falha, mal consigo enxergar as sombras dos objetos. Tudo tão silencioso a ponto de me dar o privilégio de ouvir o som dos pássaros lá fora, a única coisa que é ouvida nesse lugar é a minha respiração, sinto algo gelado ao redor do meu pulso, quando levanto a mão  para ver o que é, sou impedida pelas frias algemas. Começo a ficar ofegante, a ideia de não saber onde eu estou me apavora, ONDE EU ESTOU ?? Olho, apavorada ao meu redor porém tudo que me resta é a escuridão, minhas mãos tremem de medo, puxo o meu braço violentamente na tentativa de me soltar da algema, mas não adianta, cada vez que eu puxo mais machuca o meu pulso, começo a chorar de raiva.

— Sai, sai — Grito diversas vezes ainda deitada na cama. Bruscamente tento levantar da cama mas uma dor insuportável invade todo o meu corpo, reclino o meu corpo novamente e nesse exato momento  uma voz rouca surge da escuridão.

— Não tente levantar — Exclama. Meu sangue gela, sinto cada célula do meu corpo paralisar, apesar das largas algemas, consigo abraçar o meu corpo fortemente, meus braços estão tão forte ao redor do meu corpo que sinto cada órgão se apertar, as minhas mãos demasiadamente gélida devido ao suor frio entrega totalmente o meu medo, os azuis penetrantes do seu olho me encara friamente a ponto de me causar arrepio frios, seus olhos emitem autocontrole ao mesmo tempo poder. Esforço me para controlar a minha respiração, entretanto essa ação se torna impossível a cada passo que ele se aproxima de mim, pisco diversas vezes procurando apagar essa imagem da minha mente mas a realidade é bem maior. Meu corpo treme cada vez mais que o espaço entre nós diminui, a dor na minha garganta é persistente, quando ele chega mais perto de mim fecho os olhos e começo a gritar desesperadamente com a intenção que alguém me ouça, sou surpreendida quando ele envolve os seus braços ao meu redor, não resisto, grito cada vez mais, bato nele com toda as minhas forças, mas tudo parece inútil, seus braços são fortes o suficiente para não sentir nenhuma dor.

— Não quero te fazer mal — Arregalo meus olhos, essa frase não, não,  não, não !

— ME SOLTA!! — Grito até não ter mais voz. As forças começam a ficar escassas, não consigo mais lutar contra os seu braços, paro de gritar mas a minha respiração continua ofegante, sinto o suor em meu rosto, fios loiros sobre o olhos não me deixam ver corretamente, eles se tornaram um misto junto ao meu suor. Choro baixinho e ele vendo minha situação me abraça mais ainda.

— Shii, não chora. — ele diz com a voz doce, me acalmo  e me aconchego mais em seu peito, só ai que eu percebi o quanto eu estava encolhida, o silencio é  reconfortante, posso ouvir seu coração batendo regularmente. Ele passa as mãos pelo meu rosto para tirar o cabelo do meu rosto, o agradeço mentalmente por isso. Ele me solta e instantaneamente um vazio se apodera de mim, ele pega a chave em seu bolso e destranca as algemas do meu pulso.

— Vou pegar água — ele olha para mim — E um remédio para dor — conclui. Apenas assinto com a cabeça e minutos depois ele volta com a copo de água.

— Toma o remédio e depois se quiser pode tomar banho, suas roupas estão limpas na cadeira e o banheiro e no corredor — No mesmo momento eu coro, como ele trocou minha roupa?

— Não, eu não vi nada — ele fala percebendo o meu estado. Continuo sem entender porém resolve deixar de lado, não tô com cabeça para isso. Resolvo tomar banho, então, depois de tomar meu remédio pego as minhas roupas e vou para o banheiro, o corredor tem quatro portas, como eu vou saber qual é.

— Primeira a direta — esboço um sorriso de lado e entro no banheiro, tudo tão simples, o mínimo é o necessário. Entro em baixo do chuveiro e saboreio a sensação da água quente sobre a pele, olho para o meus pulsos, ambos marcados pela dor, arranhões na barriga e um tornozelo roxo. Desligo o chuveiro e pego o shampoo, assim que o abro, o cheiro dele invadi o local, muito diferente do cheiro do Brian. BRIAN! Eu preciso falar com ele, ele precisa saber onde eu estou, meu coração aperta de preocupação, será o que que ele está fazendo ?

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