Preferi me calar diante daquela ameaça. Isabelle era muito importante na minha vida, a mais importante, diga-se de passagem, mas eu não serei intimidado, ainda mais por um psicólogo de merda.
Me sentei e adotei minha postura intimidadora, clara demonstração de que eu não iria aceitar a sua ameaça. A brincadeira havia acabado naquele exato momento.
— Faça o que achar melhor, doutor Bane. — Me levantei — Eu vou ter o prazer de te destruir nos tribunais.
— Você prefere uma briga judicial ao me contar o que aconteceu na sua infância?
— Eu prefiro uma briga judicial ao ser intimidado por um doutorzinho de merda igual a você. — Esbravejo. — Nos vemos no tribunal.
Estava me preparando para sair quando um pedido inesperado chamou a minha atenção:
— Me desculpe. — Pediu assim que segurei a maçaneta.
Assim que me virei, o doutor Bane estava mordendo os lábios. Puta que pariu! Aquele único jeito foi o suficiente para aplacar a minha ira.
— Eu não devia ter te pressionado desse jeito. — Murmurou me observando de sua poltrona. — Então, me desculpe. — Voltou a pedir. — Por favor, volte para o seu lugar.
Não disse, permaneci em silencio esperando que ele terminasse seu raciocínio.
— Meus métodos não são nada ortodoxos, mas eles funcionam, ainda mais em pacientes com a sua patologia.
— Minha patologia?
— Sociopatas, senhor Lightwood. — Explicou. — Ao fazer aquela ameaça, eu estava apenas testando seus limites, confesso que passei dos limites, então, me desculpe.
— Você faz ideia do perigo que corre ao ameaçar uma pessoa mentalmente estável, doutor Bane?
— Desde que eu me formei, eu já recebi cinco socos no rosto e incontáveis ameaças de morte, então, sim, eu estou ciente dos riscos que estou correndo.
— E você não tem medo?
— Medo?
— E que alguém cumpra a ameaça. — Expliquei.
— Não. — Deu de ombro e voltou a me encarar, seus olhos castanhos me davam a impressão de que ele podia ler a minha mente, aqueles olhos, eu preciso evitar aqueles olhos. — Eu amo o meu trabalho, Alexander, e amo ainda mais o desejo de dever cumprido. — Sorriu. — Quando a doutora Claryssa me enviou a sua ficha médica, eu pensei em recusar o seu caso. Não tenho paciência para pessoas arrogantes que não querem ser ajudadas. Mas uma coisa me fez mudar de ideia, o amor que você demonstrava sentir pela sua irmã, então, eu decidi aceitar o seu caso. Eu quero te ajudar, Alexander.
— Mas eu não quero a sua ajuda, doutor Bane. Essa terapia nada mais é do que uma artimanha jurídica para escapar de um processo de lesão corporal. Simples assim. — Mais claro que isso era impossível.
— Entendo... — Disse desanimado. — Então, eu vou passar o seu caso para o doutor Herrera.
— Obrigado pelo seu tempo. — Me levantei. — Boa sorte com seu próximo paciente.
— Obrigado Alexander. — Ele me estendeu sua mão em gesto educado.
Educadamente retribui seu aperto de mãos e senti algo que nunca havia sentido antes, algo como uma corrente elétrica passando pelo seu toque, ele rapidamente desgrudou nossas mãos, sorriu educadamente e voltou a se recostar em sua poltrona.
— Adeus. — Disse voltando seus olhos para prancheta.
Olhei para o psicólogo pela última vez antes de sair, cabelos escuros, seus óculos de grau que lhe dava um ar mais inteligente, o sorriso gentil e aqueles olhos castanhos, maldito seja aqueles olhos, alguma coisa me dizia que não seria a última vez que os nossos caminhos iram se cruzar.
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Confissões de um Sociopata (Malec) -
FanfictionEstimativas recentes mostram que uma em cada 25 pessoas é sociopata. Mas você não é um assassino em série e nunca foi preso? Pois é, a maioria de nós não tem esse perfil. Eu por exemplo, sou um advogado de sucesso, professor de direito e um jovem ac...