VICTÓRIA

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"Quando menos se espera a vida te surpreende e aquilo que você pensou jamais acontecer...Acontece!"

Estou em meu escritório e recebo uma ligação de Ciça.

─ Alô, dona Vick.

─ Oi pode falar Ciça.

─ Ah... vou te conta uma coisa que a sinhora num sabe que cunteceu.

─ O que Ciça.?

─ O home que ta aqui... Acho que fiz bestera com ele.

─ Como assim?

─ Eu fui sevi água pra ele e quis faze a impregada chique, puizi o copo e a jarra na bandeja.

─ Hã... sei... E o que você aprontou?

─ Ai dirrubei tudinho di cima dele dona Vick.

─ Hã... você o que? Como você fez isso?

─ Não seio, só seio que agora ele ta sem camisa aqui no partamento.

─ Como assim Ciça? O que está acontecendo ai?

─ É qui falei pra ele tira a camisa pra seca... ele pode fica duente né, tava tudo moiado.

─ Hã e daí? Ele tirou Ciça?

─ Tiro craro, tava pingano.

─ Sei e agora?

─ Nossa... qui home, já tinha achado ele bunito e sem camisa agora... Pelo amo! To inté cum calor de vê ele cus musculu.

Dou uma gargalhada, coloco um dedo na boca e mordo imaginando o homem... e pergunto ainda sem acreditar:

─ Ele está sem camisa mesmo? E tem músculos?

─ Ta sim... i tem um monti musculu difinido, qui nem a sinhora fala... eu to cum medo.

─ Medo de que ?

─ Di eu pirde a cabeça e garra ele... Brincadera to cum medo du qui vão pensar.

─ Se controla mulher. Quem vai pensar o que? Não tem ninguém ai. Mas... não agarra ele não sua doida.

─ Não dona Vick... ele é do tipo qui sinhora gosta, vem aqui vê .

─ Tudo bem, tenho que ir mesmo pra falar com ele, mas vou demorar um pouquinho.

─ Ta mas vem logo!

─ Vou ver se consigo. Você entregou o papel que deixei pra ele?

─ Eu di sim.

─ Eu dei Cicera... não eu di... Daqui a pouco eu vou ver o que você aprontou .

Desligo o telefone e começo a pensar na cena. O tal homem em meu apartamento sem camisa, Ciça me falou que é bonito e faz meu tipo. Fico muito curiosa, resolvo ligar de volta. E parece que a situação piora.

─ Alô Ciça.

─ Oi dona VicK.

─ Esse arquiteto... como é?

─ Ah, ele é bem alto, tem barba, bastante músculo, cabelo um poco grande, é bunito dimais tem que vê.

─ Ah... Ele é cabeludo, tem barba, é alto, bonito...

─ Não o cabelo é só um poco grande... Vem logo dona Vick!

─ Já estou saindo, você me deixou muito curiosa, daqui uns 30 minutos chego ai, preciso falar com ele mesmo.

─ Ah dona Vick, moiei as calça dele também.

─ Meu Deus... você derramou água nele de novo?

─ Não, foi na mema hora tudu junto e eu falei pra ele tira as calça pra seca, mas ele num quis di jeito nenhum.

─ Era só o que me faltava , ele só de cueca ai. Estou saindo agora mesmo, você me deixou apavorada.

Acho melhor ir logo antes que aquela doida faça mais besteira, saio e vou imaginando como vou encontrar o " senhor príncipe do lar" em casa, sem camisa e quase sem calça. Será que ele sabe o significado do seu nome? Para um arquiteto a mãe dele até escolheu bem.

Chego ao prédio, vejo um carro igual ao que me fechou, um Audi A5 branco estacionado. "Caramba parece que esse carro me persegue. Nunca tinha visto tantos assim antes daquele dia infernal ."

Entro pela garagem e antes de subir ligo para Ciça novamente.

─ Ciça.

─ Oi, já ta vino?

─ Já cheguei estou subindo. Escuta você falou pra ele que me ligou?

─ Não, não falei purque ?

─ Tá, então não fala nada, porque ele pode querer colocar a camisa se souber e eu estou chegando e quero ver a reação dele, acho que vai ficar sem jeito, vai ser engraçado. Onde você está?

Na cuzinha.

─ Então fica na cozinha, não sai por nada, só se eu te chamar. Entendeu? Quero ver a cara dele quando eu chegar e pegar ele assim.

─ E patroa a sinhora vai apronta né?

─ Quem aprontou foi você sua doida.

─ Ta, um bejo outro xau, dona Vick.

"Acho que vou me divertir."

Só que não!

A Lista (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora