RECOMEÇANDO

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"Tudo tem começo e meio. O fim só existe para quem não percebe o recomeço"

(Luiz Gasparetto)

Já estou a três meses morando na casa de minha mãe, comprei um carro, um Range Rover Evoque branco lindo, estou visitando alguns apartamentos para comprar e continuo minha vida, sem pensar em Otávio. Ainda bem que ele nunca teve acesso as minhas contas bancárias, senão eu estava ferrada mesmo. "Filho da puta, desgraçado! Quero mais que ele se foda!"

 Ah... e não trepei com ninguém ainda, só vou pra pista quando tiver minha própria casa. 

"Credo estou subindo pelas paredes! Tudo bem que me masturbo. Mas jogo é jogo e treino é treino não é?"

E perdida em meus pensamentos em minha empresa, recebo uma ligação do corretor de imóveis.

─ Alô, Victória?

─ Sim.

─ Aqui é Maurício, acho que acabo de encontrar seu apartamento, tem tudo que você gostaria, é novo, a construtora acabou de entregar e os proprietários estão vendendo porque estão de mudança para outro estado. É bem amplo, apenas dois por andar. ─ E o corretor que é filho de uma amiga de minha mãe me descreve o imóvel.

─ Que bom Maurício, quando podemos visitar?

─ Podemos marcar amanhã ás 10:00 horas?

─ Está combinado. Então amanhã as 10:00 horas nos encontramos.

─ Tenha um bom dia. Um abraço Vick.

─ Outro Mamau.

Desço até a lanchonete do outro lado da rua para fazer um lanche. Percebo uma mudança no prédio da frente e bem em frente a lanchonete está estacionado um Audi A5 branco, o carro é igualzinho ao que me deu uma fechada no dia do meu infortúnio com os dois pilantras Otávio e Rebeca. Acho que por isso o carro me chama a atenção, o fato de estar estacionado ali, me fez recordar deles. A única diferença é que este tem as placas.

Entro na lanchonete e começo a conversar com o dono do comércio, que também é o jornal da rua, pois sabe de tudo que acontece por aqui.

─ Boa tarde seu Valter, tudo bem?

─Tudo sim minha menina, vai querer o que?

─ Suco de laranja natural, mas com gelo e açúcar e um pãozinho de queijo. ─ E dou uma risadinha.

─ Eiiita! Você não perde essa mania de pedir suco natural com gelo e açúcar... natural é natural...

─ Ah seu Valter... o senhor me entende.

Como meu pãozinho de queijo, bebo meu suco. Percebo a presença de um homem sentado em uma mesa mexendo em seu celular.

 Um homem é bonito, parece ser alto, braços fortes, malhado, tatuado no braço, a camiseta justa esconde parte da tatuagem, barba estilo por fazer, cabelos presos em um coque samurai, figura máscula mesmo. Sinto até um frenesi, eu já estou a três meses sem sexo e subindo pelas paredes.

Resolvo provocá-lo quando vejo que ele me olha com um certo interesse. Eu nunca vi este homem por aqui, deve estar apenas de passagem acho que não tem problema nenhum fazer uma brincadeira, quero apenas me divertir. "Ou seja, fazer o gostosão de Besta".

Peço um picolé e penso... "Será que vou excitá-lo?" 

Eu assisti vários vídeos de como fazer um boquete perfeito esses meses. Meu ex falava que eu não sabia fazer direito, eu quis aprender para fazer nos outros. "Nele nunca mais."

Pego o sorvete e me sento em frente ao espelho, finjo não perceber o olhar que o Sr. Delícia me lança.

Tiro a embalagem de um modo sensual e começo minha brincadeira. Passo a língua por toda extensão, enfio na boca, retiro, chupo de um lado, depois do outro, olho para o espelho, vejo que ele fixa seu olhar em mim e eu continuo, enfio o picolé inteiro na boca olhando para o bonitão, vou tirando bem devagar, passo o sorvete apenas em meus lábios, desço com a língua, passo embaixo nas laterais perto do palito. Percebo que ele se incomoda e se mexe na cadeira, continuo olhando para ele através do espelho e chupo o sorvete como se fosse um pênis mesmo.

Passo a língua na ponta do picolé de um modo sexy, rodeando e chupando devagar, lambo as laterais debaixo para cima, paro na ponta, chupo só o comecinho, bem devagar, engulo um pouquinho mais, fico com ele na boca um instante, faço movimentos de sobe e desce, bem sensuais, enfio na boca, tiro bem devagar. Sigo meu propósito de excita-lo, inclino a cabeça para trás e coloco o picolé quase todo em minha boca, tiro e passo entre meus lábios... Só falto bater com o sorvete na minha cara.

De repente, o sujeito passa por mim bastante apressado e com uma das mãos no bolso segurando até sei o que...

'Nossa acho que consegui enlouquecer o coitado!" 

 Começo a rir sozinha feito louca, eu nunca vi este homem e nunca mais vou vê-lo

"Então qual o problema? Foi só uma brincadeira e pronto. Quis testar meu poder de sedução... E daí?"

A Lista (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora