VICTÓRIA
"Que transito é este?" Paro em um semáforo na av. Dr. Arnaldo.
"É só chover um pouquinho que ninguém anda nesta cidade de São Paulo. Será que todas as cidades são assim? Ou é só aqui? Cacete! Estou atrasada como sempre."
Olho para meu lado esquerdo, vejo o Cemitério do Araçá e fico me perguntando. "Por que a gente esquece que tudo acaba um dia? Então pra que tanta pressa ? Vamos curtir o transito e a chuva."
No som do meu carro um SUV Toyota branco que eu amo tanto, toca a música da banda "Pearl Jam – Last Kiss". Eu nem imagino que dei meu ultimo beijo em meu "Namorido." Sim namorido porque vivemos a quase quinze anos juntos entre namoro e um noivado eterno, nunca nos casamos, ele diz que não precisamos de papel para provar nosso amor a ninguém. "Que fofo né?"
E distraída com a música ouço meu celular tocar, me abaixo para pegar minha bolsa no chão do carro e procurá-lo , quando levanto, levo uma fechada de um Audi A5 branco, quase bato no carro que tem o vidro todo filmado. Eu grito muito irritada:
─ Puta que pariu, filho da puta, seu corno! ─ O carro do filho da puta deve ser novo, pois ainda está sem as placas.
Meu telefone volta a tocar e eu finalmente o encontro e atendo.
─ Alô, Victória Ribeiro?
─ Sim sou eu!
─ Aqui é do Hospital das Clínicas, sua amiga Rebeca Nunes, passou mal na rua e foi trazida pra cá, pediu para que avisássemos a senhora e por gentileza que viesse buscá-la.
─ Ela está bem... o que aconteceu?
─ Sim ela está, só não conseguiu falar com o namorado para vir buscá-la, e disse que a senhora viria.
─ Claro vou sim, estou perto. ─ Desligo o celular e sigo para o hospital.
Chego a um estacionamento em frente ao hospital, estaciono. E como o diabo ajuda a fazer e não ajuda esconder, eu estaciono ao lado do carro do meu marido, reconheço o carro pelo adesivo que eu mesma coloquei no vidro traseiro, um coraçãozinho escrito "AMO MINHA ESPOSA".
Acho estranho... "Será que Rebeca ligou pra ele? Será que ele está no hospital? Otávio odeia Rebeca..."
Rebeca é minha amiga desde a faculdade quando cursamos administração juntas, ela se casou e havia se separado a dois anos, passou um ano e seis meses morando em minha casa até que meu querido marido começou a implicar com sua presença. Tive que arrumar apartamento pra ela morar e até ajudei nos primeiros meses com o aluguel, porque ela havia acabado de arrumar um emprego, eu disse que poderia trabalhar em minha empresa se quisesse. " Ela não aceitou."
É uma empresa do ramo têxtil que herdei de meu pai e administro muito bem, o escritório fica na rua Frei Caneca e a indústria em Ribeirão Preto,ás vezes eu visito a indústria no interior e como é longe acabo dormindo na cidade, não gosto de pegar a estrada a noite. Eu muitas vezes deixei Otávio e Rebeca em casa sozinhos sem a minha companhia.
Otávio sempre ficou muito chateado com isso, diz que não consegue dormir sem mim. "Coitadinho... eu morro de dó."
Entrando na emergência do hospital, vejo Otávio e minha querida amiga Rebeca, quando chego próximo a eles ouço uma pequena discussão. Rebeca diz irritada.
─ Otávio, eu tentei te ligar e você não me atendeu, por isso liguei pra Victória.
─ Eu estava ocupado Rebeca. Será que é difícil você entender isso?
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A Lista (Degustação)
Roman d'amourDisponível na Amazon Depois de uma grande decepção, Victória Ribeiro, não quer se envolver com mais ninguém. Sua intenção é apenas fazer os homens de besta, depois descarta-los. Ela cria uma lista com coisas que quer fazer. Até que uma bri...