O dia amanheceu ensolarado, os raios solares brilhavam no céu enquanto as nuvens desfilavam em pequenos montes brancos por todo o céu, era um dia realmente belo. Por sorte hoje o príncipe deve cavalgar com a princesa Elizabeth e fazer um picnic as margens do lago, para que possam se conhecer melhor, então poderei passar o dia todo do lado de fora do castelo e apreciar esse céu esplendoroso.
Após minha rotina de cuidados com o príncipe fomos para os estábulos onde a princesa nos aguarda, enquanto vejo Henry caminhando em minha frente me lembro de nossa conversa na noite anterior.
"Como saberei que é amor?"
"Nunca amei alguém antes."
Isso me fez refletir o quão jovem o príncipe ainda é, toda essa história de casamento fez-me esquecer que ele ainda é apenas um jovem assim como eu, é claro que ele nunca havia se apaixonado, assim como eu o príncipe não tinha muito contado com outros jovens a não ser nos bailes, e ainda assim ele estava sempre de mal humor em algum canto, ocupado demais com sua raiva por ser obrigado a ir ao baile para conhecer alguma garota pela qual se interessasse, ou ao menos fazer amigos melhores do que os que possui.
Chegamos ao estábulo, princesa Elizabeth está afagando um de seus cavalos, ela é realmente linda, o príncipe não tem com o que se preocupar, certamente não irá demorar para que se apaixone por ela. Apesar de não conhecer esse sentimento confuso que tenho em meu coração, ainda desejo sua mais pura felicidade, e se é ao lado dela que ele a encontrará eu ficarei feliz por ele independente do nó que essas palavras causam em meu coração.
Já estamos às margens do lago, perdi-me tanto em meus pensamentos que nem ao menos notei. Henry e Elizabeth estão sentados no gramado a poucos metros de mim, me sentei a tal distância para dar-lhes privacidade para dialogarem, mas parece que não importou muito. Eles estão calados, um silêncio constrangedor se instalou no ambiente, decido não prestar atenção e apenas aproveitar meu momento sozinho do lado de fora.***
Não sei o que estou fazendo, princesa Elizabeth está ao meu lado, tudo o que nos separa é a comida que estamos usando para ocupar nossas bocas e não usá-las para fazer contado um com o outro, Alexander está a poucos metros, ele disfarça mas sei que está de olhos em nós. Decido então dar o primeiro passo é tentar iniciar uma conversa.
- O dia está lindo não é mesmo?- digo fazendo o meu melhor sorriso de nervosismo.
- Não poderia estar melhor, está um dia realmente formidável.- respondeu ela com um sorriso encantador.
Antes mesmo que eu pudesse pensar em algo para dizer ela se pronunciou.
- Então, como você soube de nosso casamento?
Engulo seco. Devo dizer a verdade? Dizer que não queria me casar e fui obrigado? Como poderia dizer isso sem parecer um futuro marido ruim?
- Estávamos em um jantar típico jantar em família, meu pai se levantou e fez um lindo discurso sobre como o casamento é maravilhoso e como eu seria feliz ao fazê-lo.
- Então você não foi avisado de última hora e obrigado a fingir estar feliz com isso tudo? - disse ela com um olhar de quem já sabia toda a verdade e estava apenas me testando.
- Como soube?
- Aparentemente as paredes de seu castelo tem ouvidos e bocas ociosas. Não se preocupe, não me importo, aconteceu o mesmo comigo. Eu também não quero me casar, sei que devia esperar por isso desde criança e estar extremamente frenética por me casar com um príncipe como você mas...mas eu nunca me acostumei a idéia de que vou ter meu corpo entregue à alguém que nem ao menos conquistou meu coração. Como lida com isso? Com a idéia de que será privado de conhecer seu verdadeiro amor em prol de uma aliança financeira?
Não faço idéia de como respondê-la, as palavras estão presas em minha garganta, afinal ela sabe pelo que estou passando e compreende minha aflição.
- Eu apenas penso que posso dar ao meu coração a chance de se apaixonar por você, afinal seremos obrigados a viver para sempre ao lado um do outro.
Droga! Por que sempre tenho que falar demais? Agora ela vai pensar que eu apenas vou tentar me apaixonar por ela por não ter escolha. Ela me fitou por alguns segundos e então começou a rir.
- Você acha que apesar de sermos obrigados a viver juntos ainda podemos nos apaixonar? Me apaixonar pelo garoto com o qual sou forçada a me casar? Não, obrigada. Meu coração pertencerá à aquele que for digno de seu amor e não alguém que o comprou.
- Mas não fui que o comprei -começo a falar sem esconder minha irritação- Nossos pais fizeram essa aliança, não tenho culpa pelo que aconteceu e não posso fazer nada para mudar tais acontecimentos. Se quer ser infeliz tudo bem, eu não me importo. Eu apenas quero nos dar uma chance por que não quero ser infeliz o resto de nossas vidas como meus pais -não pude me conter, como ela pode dizer que eu a comprei? Eu nem ao menos sabia de sua existência até conhecê-la.
Depois de lhes dizer tudo o que estava em minha cabeça saí em direção ao jardim dos fundos. Alexander me seguiu em silêncio, sabia que era melhor me deixar quieto com minha própria raiva, assim não seria vítima da mesma.
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Post Scriptum
RomanceEm uma época em que o poder é hereditário e tudo o que importa é manter a linhagem, sem importar-se com amor verdadeiro ou liberdade de escolhas, eis que surgem Henry e Alexander. Henry, um príncipe diferente dos outros, ao menos em seu interi...