O AVISO DA CRUZ

4 0 0
                                    

Trouxe a família para conhecer o local da sua infância. Parou em frente à velha cruz a beira da estrada. Era ali que faziam as novenas para que chovesse em tempos de seca. Ele desceu. Mirou a câmera fotográfica e por ela viu um dos braços da cruz se mover chamando-o. Olhou para os lados. Atendeu o chamado. Quando bem próximo, os dois braços da cruz lhe deram um forte abraço e do cruzamento dos dois paus começou a escorrer lágrimas de sangue. Sua esposa e a filha não viam nada. Fones no ouvido. Em misto de assombro e compaixão começou a chorar também. Ouviu uma voz baixinha vindo do interior da madeira: — Vá embora, vá embora. Esse local tem rancor dos filhos que o abandonaram. — Ele olhou de lado e viu dezenas de vultos saindo do bambuzal pairando sobre o capim ralo em sua direção. Livrou-se dos braços da cruz, ligou o carro, arrancou em disparada. De tão acelerado encontrou a morte quando a porteira se estreitou em sua frente e o carro colidiu com o toco grosso do lado esquerdo.

A INSANIDADE EM TREZE ALFINETADASWhere stories live. Discover now