O que faz um fazendeiro bufando dinheiro em noites de sábado? No meu caso participo do leilão no meretrício e ocasionalmente remato. Foi o que aconteceu ontem. Levei a mercadoria para o quarto assim que desembolsei uma boa grana. 14 anos, desconhecida e virgem. Desnudei aquele corpo branco e delicado. Ela deitou e eu, nu, me aconcheguei. Quase no ápice da empreitada carnal, o rosto alvo entre seus cabelos negros transformou-se em rosto de bode velho, suas pernas e braços me enlaçaram. Já não eram pernas e braços humanos, mas patas de cavalos, peludos e com cascos. Estava preso por membros de animal com o rosto de frente para o rosto de um bode. De sua alvura angelical nascia pelos negros, duros e horrendos. Quando ensaiei um grito de desespero, ela, ou o que ela seja agora, soltou um bafo fétido e ardido que penetrou minhas narinas e boca, abafando a minha voz. Quase morri sufocado. Quando mais eu me contorcia, mais ela me envolvia com suas patas. Meu pênis ficou flácido dentro da vagina que o apertada. Senti em meu membro masculino um líquido quente e corrosivo, algo mais forte que ácido muriático. Depois me falaram de ácido fluorantimônico. Não quero saber sobre isso, o que sei é que sentir meu pênis se dissolvendo e eu sem ar para gritar. Quando estava preste a perder os sentidos, ela me soltou. Assim que ergui o corpo, ela me deu uma patada tão forte na cabeça que fui jogado em um canto do quarto, desmaiado. Só me encontraram no dia seguinte, na hora da faxina. Arrombaram a porta e lá estava eu, com uma cratera onde havia um pênis e boa parte da bolsa escrotal.
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A INSANIDADE EM TREZE ALFINETADAS
HororOfereço ao leitor três estocadas com treze contos minimalistas (nanos, micros e minis) onde cada um se torna uma alfinetada na noção de sanidade. Histórias fora da curva da normalidade pinçadas dos microcontos inspirados durante o Prêmio Escambau de...