A vida dos outros

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Estava no ônibus, quase chegando no acampamento, quando uma menina vira para mim e fala:

- Nossa, é você?!

Odeio isso tanto, você nem faz ideia. Como é, me diga, que eu vou saber o que responder? Não lembro do nome dessa pessoa, muito menos de sua cara (nunca lembro rostos, é incrível) e agora preciso sorrir e ser agradável quando na verdade só quero que o locomóvel pare de sacudir para meu estomago parar de fazer cosplay de Circo Du Soleil.

- Sim, já nos conhecemos de antes não? - eu respondo, tentando lembrar dela - Acho que lembro de você... - tento ganhar tempo, procurando uma saída, quando vejo o sticker com seu nome - Paola!

Óbvio que eu lembro de você, Paola, nunca duvide disso. A marca que você deixou na minha vida foi realmente memorável, tão memorável que eu não faço ideia de onde te vi, quando te vi e se eu realmente te vi em algum lugar.

- Jell, faz tempoooo... Que bom que conheço alguém, porque estou muito triste, algo aconteceu ontem - ela fala, com pesar na voz.

Eu, na privacidade da minha mente, penso "ihhh começou". Milhares de situações me ocorreram, termino de namoro, casa que pegou fogo, documento Word perdido. Já ia preparando os diversos "meus pêsames", "foi para um novo começo" e "tudo isso melhora", quando ela continua:

- Mas te conto depois, porque...

Depois daquele "porque" eu deixei de ouvir. Você me vem com esse papo de "nossa a quanto tempo", já me enfia problema para resolver (que nem meu é) e ainda quer que eu sofra com curiosidade até você decidir me contar? Ah sinceramente Paola...

Enfim, esse cap está saindo atrasado porque existe uma coisa chamada procrastinação que me impede de fazer coisas. Não se esqueça de ouvir os problemas dos amigos (por mais que não queria) e até a próxima.



Contos de uma vida nem um pouco banalOnde histórias criam vida. Descubra agora