3° Rafaela

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Espero na fila do lanche como sempre sozinha. Acho que fui a única que não me adaptei direito nessa escola.

Olho em volta procurando por Sabrina e Julie, elas disseram que tinha algo para me falar.

-Obrigado- digo pra tia que me entrega um saco com o lanche.

Saio da fila e vou para a fila da sobremesa.

-Ei, garota- olho para trás quando alguém me cutuca.

-Sim?

-Aquele garoto está te chamando- a menina aponta para um garoto perto da área das quadras que por incrível que pareça está aberta. Quase nunca está aberta.

Agradeço, pego a sobremesa e me direciono para lá.

As arquibancadas estão vazias. Geralmente, em noites quentes como essa, e quando aqui está aberto, muitas pessoas vem lanchar aqui.

-Rafaela- olho para o garoto de costas que sai andando em direção ao vestiário.

Penso em não ir, pode dar ruim, mas também pode ser o João zuando com a minha cara como sempre.

-Se for ele, eu quebro aquele nariz enorme dele- falo para mim mesma.

Sigo ele que se direciona para a saída de emergência, próxima aos vestiários. Ele sobe as escadas e eu vou atrás, acaba que saímos no Society.

-Eu acho que mesmo em três anos nessa escola nunca vou conhecer todas as saidas- comento.

-Não é uma saída se você não irá mais sair- não é o João, não tem a voz do João.

-Quem é você?- pergunto.

O garoto começa a mudar de forma, uma espécie de fumaça se dissipa ao redor dele, mostrando então um ogro.

-Eu acho que você que deveria se perguntar isso, Rafaela- sua voz agora é grossa e forte, além de parecer que algo arranha sua garganta.- Tenho negócios a cumprir com sua mãe.

Oi?

---😐---

-Ela vai acordar, é cabeça dura como a mãe.

Abro os olhos olhando em volta e percebo que ainda estou no São Luís. Mais especificamente no estacionamento.

-E então filha de Têmis, como chego a tua mãe?- olho para o ogro do Society, me perguntando que raios está havendo.

-Se você pegar o ônibus na Consolação e ir até o último ponto uma hora tu encontra ela.

Ele ri mas em seguida me puxa para bem perto de sua boca grande.

-Ta achando isso engraçado, filha de Têmis? Vamos ver por quanto tempo vai ter graça.

Ele me põe de cabeça para baixo.

-Eu não sou uma filha de Têmis, ogro! Eu nem mesmo sou uma semideusa.

-A sua mãe me fez um juramento a muito, muito tempo atrás. É chegada a hora de você cumpri-lo.

Acho que ele não ouviu o que eu digo.

-Eu se fosse você não acreditava muito na minha mãe não. Ela me prometeu um celular novo e até agora nada.

-Não é hora de brincar, Cria de Têmis. Vai acabar sofrendo as consequências.

Nessa hora, algo me faz dormir.

O Primeiro DesafioOnde histórias criam vida. Descubra agora