Despertei junto aos primeiros raios de de sol que conseguiam passar pelas espessas folhagens da floresta, ainda que o clima latino-americano fosse conhecido pelo seu calor o interior da floresta era úmido me lembrando todos os verões que papai levava eu e Morgana para o Lago de Deys, conhecidos pelos seus peixes fluorescentes agraciados pela nossa deusa, onde ele e minha irmã treinavam seus poderes de feitiçaria e eu aprofundava ainda mais minha conexão com a natureza. Agora apenas me pergunto se aquele lago ainda existia e se meus parentes ainda estavam vivos.
Saindo dos meus devaneios, me equilibrei no galho da árvore onde morava deixando, ao levantar, cair a grande folha que tinha protegido o meu corpo contra a chuva noturna que tinha na região.
O verde vibrante das folhas funcionava como um combustível para mim, animando aos poucos o meu corpo, cantos de pássaros diversos serviam para despertar minha audição, com os meus pés descalços andei pela extensão do galho até chegar em sua ponta.
Dando uma breve olhada para baixo confirmei a existência de um rio fundo, um curto elétrico passou pelo meu sistema nervosos me incentivando a saltar, minha túnica bege com manchas de lama e marcas de patas de animais com pequeno porte implorava por uma lavada e meus cachos morenos já estavam ásperos contra minha pele.
Respirando fundo, fechei os meus olhos e comecei empurrar meu peso para baixo e o galho exercia uma força inversa transformando-se em uma plataforma, o vento passava com gentileza pelo meu corpo como uma mãe aconchegando sua cria, sem pressa abri meus braços sem afetar o caminho da ventania.
Tomei meu último impulso e pulei em direção ao rio, a rispidez do ar pinicava minha pele como picadas de formiga mas a sensação passou despercebida por mim, a queda pareceu desacelerar quando minha mente vagou para questionar como estava meu querido mundo, fazia exatos dois anos que tinha sido retirada de perto de minha família entretanto eu entendia o motivação de minha irmã ter me mandado pra cá, o primeiro mundo, onde os humanos residiam.
A guerra separou muitas famílias, principalmente a monarca.
Devíamos ter dando atenção às revoluções mas papai insistia que eram apenas rebeldes à procura de atenção porém a prova disso foi na noite em que milhares de súditos de diversas espécies derrubaram nossa cidadela e invadiram nosso castelo. O que mais incentivou as revoltas a tomarem esta proporção foi o sumiço de nossa deusa, Aura, ela que mantinha os seus monarcas em devidos tronos e com seu desaparecimento a ordem das coisas se transformou em caos.
Foi naquela noite que faes, elfos, vampiros, lobisomens, feiticeiros começaram a incendiar a minha casa e naquele momento fui separada de minha família por meio de um plano arquitetado pela minha irmã e apoiado por meus pais.
Eu não consigo me recordar em que consistia o plano pois minhas memórias daquela noite foram apagadas me impedindo de achar uma maneira que possibilitava meu retorno antes que o prometido mas sei que tinha ocorrido muita violência naquela noite, fogo, sangue, gritos e choros.
Fui enviada ao primeiro mundo na companhia de Leoni, um feiticeiro muito fiel a família monarca, Marillac, pelo que pude observar nesses dois anos ele é responsável por minha segurança, me impediu de morrer por plantas e animais venenosos presentes nessa floresta enquanto tentava me adaptar a nova fauna, os animais do primeiro mundo eram muito diferentes dos do meu mundo, o segundo.
A água gelada atingiu meu rosto como uma chamada para a realidade e deixei meu corpo afundar, se acostumando com a temperatura.
Minha ligação com a natureza tinha se dado a fusão das peculiaridades dos meus pais, Abner Marillac e Idália Quesnel, meu pai era um feiticeiro muito poderosos conseguindo dominar tanto a magia branca quanto a negra e minha mãe era uma elfa da natureza. O que resultou na filha da natureza, com os olhos mais brilhantes que o reflexo da lua no rio mais límpido de Conaura, Celeste Marillac - Quesnel.
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A ascensão dos condenados
FantasyO segundo mundo se encontra em um estado pós-guerra, a princesa Marillac mais nova retorna quanto a permissão lhe é dada, a guerra acabou mas o povo está desunido, sua irmã agora luta pelo carinho de seus súditos, seus pais tiveram um destino pior q...