Capítulo 3: Terra débil.

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 Após, junto a minha irmã, quebrarmos o encantamento das barras, Calisto e Leoni sustentaram Aura para dentro de Conaura, alegando que ela precisava ver o curandeiro de imediato.

 Morgana se virou para o pelotão, ainda em choque.

 - Quem estava no comando desta missão?

 - Eu, minha rainha, Núbia Torteval. - uma cabeleira ruiva surgiu daquele monte de armadura, mais uma do povo de Calisto, usava uma armadura peculiar, ombreiras enormes e aveludadas, usava apenas um espartilho trançado, deixando o vale de seus seios expostos, usava uma capa de pelagem de lobos, uma longa e fina espada estava embainhada, calça de couro assim como seus calçados, seus olhos azuis escuros miravam para Morgana com seriedade.

 -Ah, Núbia. - houve um reconhecimento no olhar e percebi que lá havia uma relação de respeito  - Que bom que retornou, foi isso que encontraram no esconderijo de Thildrin?

 - Sim, escondido em um templo devoto a Aura, suspeito, pelos livros presentes lá, que era um sacerdote dela.- os homens atrás dela concordavam com o que sua líder dizia.

 - Ainda não explica o tamanho poder que aquele homem tinha. - argumentou Mor.

 Núbia pareceu engolir em seco antes de continuar com os fatos

 - Rainha, haviam corpos de crianças feiticeiras espalhados pelo tempo, acreditamos que ele estava trabalhando com magia de sacrifício.

 Crianças feiticeiras possuíam grande energia, e seus sacrifícios não eram raros entre praticantes de magia de sangue, essas que envolviam drenagem de poder, infelizmente era uma realidade dos feiticeiros.

 -Estava drenando o poder das pobres crianças.- Morgana simpatizava com elas, a mesma era proibida de deixar o castelo quando era pequena por medo de ser sequestrada por tais praticantes.

 A família monarca não era inacessível, por isso que a proteção era grande a nossa volta, papai nunca gostou de ser submetido a uma posição superior a outras pessoas, mas era assim que a monarquia funcionava aqui, se você nascia na família monarca, permanência nela.

 - Esta é a princesa?- ouvi algum dos soldados cochichar.

 - Ora, onde estão meus modos?- Morgana se pronunciou, pegando minha mão e me trazendo para ficar frente ao pelotão e Núbia.- Agora que o inimigo foi derrotado e estamos reconstruindo o reino, achei segura que a minha irmã mais nova retornasse, Celeste, estes são Núbia e seu pelotão.

 - Agradeço a força que tiveram e o modo a qual serviram minha irmã nesse tempos difíceis, sei que cada um de vocês sacrificou algo pelo reino mas agora chegou a hora de deixarem, Calisto, minha irmã e eu, protegermos vocês.- coloquei a mão em meu coração e inclinei meu corpo, demonstrando respeito.

 Núbia retribuiu o gesto mas pude ver que alguns de seus homens não concordavam com aquilo.

 - Por favor, se pronunciem. - pedi e pelo olhar de Morgana, percebi que talvez tivesse entrado em uma armadilha.

 - É fácil pra você, vir aqui com essa palavras bonitas falar de perdas e sacrifício mas não estava junto a nos no campo, ninguém sabia onde estava em tempos de guerra, abandonou seu povo.- um dos homem se pronunciou, era alto e sua pele era clara marcada por cicatrizes no rosto que se estendiam pelo pescoço, o castanho cintilante em seus olhos me avisou que era um feiticeiro.

 -Quanto a isso...-Morgana tentou tomar partida.

 - Peço perdão, de fato soa desrespeitoso tentar falar com propriedade sobre as consequências da guerra quando eu nem sequer estava presenciando-a, meu ato de fugir foi rebelde e egoísta espero um dia chegar aos pés dos governantes que esse reino já teve mas até lá irei trabalhar em minha redenção.

A ascensão dos condenadosOnde histórias criam vida. Descubra agora