Capítulo 4: A sala de reuniões.

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 Acordei com braços estranhos me enlaçando, não me lembro de ter convidado alguém para a minha cama na noite passada. Levantei lentamente evitando despertar o invasor, precisava alcançar algo que pudesse usar em minha defesa.

 Quando estava quase fora da cama as mãos do intruso agarram a barra da minha túnica, a qual não havia trocado na noite anterior porque estava muito cansada, então o seu aperto limitou o meu caminhar para longe dele e acidentalmente me fez perder o equilíbrio e ir de encontro ao chão frio.

 Por sorte consegui apoiar minhas mãos antes que meu rosto fosse machucado mas ainda houve um barulho brusco no quarto por causa do impacto.

 O intruso levantou rapidamente para ver o que tinha acontecido a sua volta, usava vestes simples, uma camisa bege e calça marrom, seus cabelos negros eram lisos e caiam um pouco em cima de seus olhos dourados, tinha uma aparência sombria que me fez agarrar a barra da túnica e puxá-la do aperto do homem, sua pele pálida se destacava contra seus cabelos que não possuía um corte regular com pontas aleatórias em vários locais de sua franja. Quando inclinou o corpo em minha direção para ter uma visão melhor pude ver as orelhas longas e retas, terminando com uma ponta quadrada, o primeiro fae que eu vi por aqui.

 Ajeitei minha roupa tentando não demonstrar que me sentia intimidada por sua presença.

 - Por que raios está na minha cama? - cruzei os braços e observei ele se espreguiçar como um gato, sem pressa.

 - Foi me dada a tarefa de servi-la, minha primeira obrigação era acordá-la para uma reunião matinal com a rainha. - sua voz era rouca e arrastada pela manhã.

 - Isso não lhe dá permissão para invadir meu quarto.- tentei me manter calma mas o sorriso irônico em seu rosto parecia testar minha paciência

 - Você está acordada, não está?

 Esse comentário foi o bastante para me fazer fisgar sua orelha pontuda e aperta-la entre meu dedão e indicador, arrastando a criatura para a saída de meu quarto.

 -Se eu encontra-lo novamente no meu quarto irei te fixar no teto junto as trepadeiras. Eu fui clara?- pressionei mais a pele da orelha.

 - Ai, sua deselegante, ai.- ele reclamava entretanto não lutava contra meus empurrões. - Entendi que te irritei mas cada um acha um jeito de ter um desempenho melhor em seu trabalho.

 Com um forte empurrão joguei ele para fora do cômodo e fechei a porta, apenas para ouvir um grito abafado.

 - Ainda tenho que te acompanhar até o salão de reunião, ordens do rei.

 Fui em direção a minha cômoda e fui passando a mão pelos tecidos das roupas que lá haviam, acabei optando por um vestido vinho que ficava justo na parte do dorso e uma saia rodada, suas mangas cobriam até meu cotovelo e tinha um decote em U, peguei um salto marrom e me dirigi ao banheiro.

 Havia uma grande cuia enterrada na parede de pedra, o recipiente fica um pouco acima da linha do meu umbigo e um bambu, também embutido na parede, era responsável por liberar a água, em cada lado dele havia uma pedra, a vermelha ao ser pressionada liberava água quente e a azul liberava fria. O mesmo sistema se aplicava para o chuveiro, vários bambus cortados na ponta faziam o conjunto de onde a água despenca, como uma mini cachoeira particular.

 Perto da cuia tinha um armário de madeira que guardavam utensílios para a higiene pessoal, havia um frasco cheio de feikes, era um líquido que ao colocarmos em nossa boca era realizado o processo completo de higiene bucal, os pequenos seres que viviam naquele líquido eram ligeiros em sua alimentação que seria as bactérias presentes na boca, eles também eram usados para esterilizar machucados.

A ascensão dos condenadosOnde histórias criam vida. Descubra agora