Capítulo 8

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         ― Dentro do que eu aprendi sobre geografia e história-

― Ou seja, nada...

― Por que diz isso?

― Porque eles sequer mencionam a existência da Rússia, por exemplo, e você não conhece 10% das cidades dos Estados Unidos. Eles disseram apenas o que era conveniente.

― Nós já estamos andando há seis horas... ― Ela estava perfeitamente acomodada nas costas masculinas, e os passos de Zankiel tinham se alentado para um caminhar confortável. ― Quando vamos sair desse túnel?

― Se eu estiver correto, mais dez quilômetros.

― São muitos quilômetros.

― Fique grata por não terem nos alcançado até agora. Não sei como isso é possível.

― Onde estamos afinal...?

― Estamos em Dulce. ― Zankiel parou de andar. Ele não ofegava nem estava cansado, mas o coração que nutria uma mínima porcentagem humana batia descompassado. ― Estamos entre o Colorado e o Novo México... A maior parte da base que você acha que conhece é subterrânea. Você só foi até o nível quatro. Existem mais três longos níveis de segredos macabros abaixo dos seus pés.

Ela ficou congelada, com medo, pensando que tipos de níveis eram aqueles e pior ainda, quais eram os segredos.

― Segredos macabros? Seja específico, Zankiel.

― Eu também não conheço tudo. ― Ele mentiu. ― Mas são experimentos dignos de filmes de terror.

― Será que sou um desses experimentos?

― Claro que não. ― Ele voltou a andar. ― Você nasceu assim. Por isso é tão valiosa... Porque é única.

― Fala como se isso fosse bom... Eu poderia ter sido uma pessoa normal, já estava ótimo.

― Se você fosse uma pessoa normal, não teríamos nos conhecido. ― Quando Zankiel disse aquilo, ela simplesmente parou de respirar. O coração batia rápido e as pequenas mãos apertaram os ombros masculinos.

― Por esse lado... ― O sorriso foi pequeno, mas incontrolável. ― Agora me sinto feliz...

Zankiel teve que rir com tal reação honesta vinda da super-humana em suas costas. Ela era inteligente, divertida e muito, muito poderosa.

Mas não era nenhuma daquelas coisas que o atraíram verdadeiramente. Além do lado "profissional" que buscava o poder em Kamelya. O lado pessoal do misterioso homem foi fisgado pelos olhos intensos e sorriso divertido da garota. Ele tinha sido hipnotizado com o passar dos anos e agora ela mais parecia um remédio que se não tomasse todo dia acabaria morrendo.

― Por que fugiu comigo, Zankiel...?

― Pensei que isso fosse claro. ― Os passos masculinos não pararam e os dedos longos apertaram um pouco mais as coxas alvas de Kamelya.

― Não claro o suficiente para justificar a ruína do resto da sua vida.

― Ter escolhido ficar ao seu lado nunca foi nem nunca será minha ruína, Kamelya. ― Finalmente, algo que o fizesse parar de andar, e ele o fez de maneira tão abrupta e fria que a morena precisou se segurar. ― Eu apenas não acho que os seus sentimentos são claros o bastante para esse tipo de conversa.

Nove Vidas - (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora