Erídano

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Os trajes sagrados refletiam a luz estelar da galáxia, enquanto os três corriam velozmente em direção ao templo perdido. Era noite sem luar. O Grande Mestre Shion dera instruções quanto à localização aproximada das ruínas. Contudo, uma estranha energia pairava naquele monte, de sorte que uma sensação de desorientação persistia, mesmo sob o guiamento das estrelas.

Mais rápidos do que se acompanharia com os olhos, os santos de bronze estacaram e executaram, na sequência, uma acrobática manobra evasiva, antes que uma saraivada de flechas pudesse lhes resvalar.

- Inimigos! – alertou o guerreiro mais jovem.

- Isso é óbvio, Draco! Precisamos localizá-los – constatou o líder.

As flechas vinham de todas as direções.

- Permaneça em guarda – ordenou e voltou-se para o terceiro elemento da tríade. – Laila, faça seu trabalho.

A amazona de Pomba fechou os olhos sob a máscara. Na confraria dos santos de Atena, a guerreira destacava-se por sua alta capacidade sensorial.

O cavaleiro normalmente localizaria com facilidade o adversário, entretanto aquele lugar parecia deslocado do mundo, funcionando segundo uma lógica própria que o impedia de detectar cosmo alheio. Apesar desse percalço, a intervenção de inimigos confirmava que o grupo estava próximo do objetivo.

- Pronto! Dois deles, atrás daquela formação rochosa, e outros três, escondidos nas árvores do flanco direito.

- Fiquem perto de mim – alertou Saga de Erídano, enquanto reunia cosmoenergia entre as mãos. Um zunido agudo se ouvia durante o processo. A Via Láctea parecia reagir à invocação, assumindo um brilho incomum na abóbada celeste. Num sussurro quase inaudível, invocou:

- Torrente Cósmica do Erídano.

A técnica dragou as cores de todas as coisas nas imediações, revelando apenas os adversários em suas posições. Estavam estupefatos com o fenômeno, exceto por um, que devia ser o mais experiente do grupo.

- O que querem aqui, atenienses? – afrontou o impávido inimigo.

- Procuramos a Taça – respondeu Draco, num rompante imprudente.

Saga o fitou em repreensão. Voltou-se novamente aos inimigos revelados.

- Diga-nos a localização exata do templo! – ordenou.

O guerreiro desafiou o cavaleiro com o silêncio.

- Pois bem. Sendo esse o caso, deveria olhar para baixo.

Percebendo que não podia mover-se, o adversário volveu lentamente o olhar para o chão. E, assustado, notou que uma onda negra de cosmo erguia-se progressivamente, como o leito de um rio em dias tempestuosos. Nada se via do joelho para baixo.

- Vocês têm dez segundos. Estou segurando minha técnica. Respondam ou morram.

O guerreiro cuspiu naquele breu, demonstrando orgulho, a despeito do seu estado de imobilização, agora da cintura para baixo. Sacou seu arco, aproveitando os membros ainda livres.

- Tome isso! – desafiou, estirando a corda. – Ferrões Sanguinários!

Do descanso do arco, em vez de uma única flecha, brotou uma chuva vermelha delas. Pareciam mesmo ferrões sedentos de sangue.

Não havia espaço a salvo da abrangência da técnica. Os santos de bronze, contudo, estavam perfeitamente calmos, aguardando o comando de Saga. Confiavam no seu poder e discernimento.

Ele apenas olhou para Laila, autorizando-a.

As têmporas da Pomba emitiram luz azul, perceptível apesar da máscara. As flechas pararam imediatamente sua trajetória, imóveis em pleno ar. Exibiam agora uma coloração violeta, fruto da colisão entre os cosmos adversários que atuavam sobre os projéteis.

Estavam agora seguros, mas Laila se esforçava, considerando o grau de concentração necessária para imobilizar tantos objetos de vez.

- Saga, não sou tão boa quanto o aprendiz do Grande Mestre.

- Draco – disparou Saga ao recém-ordenado cavaleiro de Lebre, concedendo-lhe permissão para agir.

- Puxa! Já era hora!

O rapaz saltou. A altitude do pulo excedia até mesmo as capacidades sobre-humanas dos cavaleiros. Então, com velocidade ainda maior, descendeu. Apenas o olhar apurado de Saga foi capaz de ler a postura corporal assumida por Draco. Estava estirado, com os braços erguidos acima da cabeça e os pés juntos mirando os inimigos no solo. Ele próprio era uma seta humana. À vista dos demais, era um veloz lampejo esmeralda.

- Perseguição da Lebre! – gritou em bom som.

O facho de luz moveu-se em ziguezague, de um adversário a outro, como um pinball humano. Deixou todos instantaneamente inconscientes, a exceção do líder inimigo.

Draco pousou ao lado de Saga.

Saga encarou interrogativo, claramente insinuando ao adversário ainda consciente: "Certeza de que não quer falar?".

O homem manteve-se firme, apesar do pavor estampado nos olhos.

Sem mais opções, Erídano ergueu as mãos, espalmadas para cima, num gesto majestoso. Acompanhando o movimento, o leito de cosmo tragou o grupo de adversários, sem deixar quaisquer vestígios.

Draco e Laila se olharam. Surpreendiam-se com o desenvolvimento do cavaleiro de Erídano, mas não expressavam em palavras. Eles não entendiam porque Saga ainda pertencia à classe de bronze.

- Vamos – ordenou, como se a vitória nada fosse. – Estamos próximos.

 – Estamos próximos

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Saint Seiya: Ascensão de SagaOnde histórias criam vida. Descubra agora