Combate destinado

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- Lá está ele! – apontou Draco, cutucando o colega afobadamente.

- Não se anime demais... Eu o conheço. Saga treinou para cavaleiro na mesma época que meu irmão – disse Aiolia.

- Mas aposto que não o viu em ação! – retrucou com uma careta.

- Ao centro da arena, cavaleiros! – mandou Shion.

Os irmãos aproximaram-se a passos largos, parando a dois metros de distância.

- Hoje Atena concederá a maior honraria a um destes valorosos guerreiros.

Aplausos e vivas ressurgiram da plateia.

No último degrau, logo abaixo do Grande Mestre, repousava a urna dourada. Reluzia sob a luz matutina. O entalhe dos gêmeos zodiacais abraçados, na face frontal da caixa, destoava sarcasticamente do clima de combate iminente.

 O entalhe dos gêmeos zodiacais abraçados, na face frontal da caixa, destoava sarcasticamente do clima de combate iminente

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- Saga, lute com todas as forças, ou não o perdoarei – Kanon mostrava uma expressão atípica de seriedade.

- Claro – respondeu o gêmeo suscintamente.

O Mestre continuou:

- Vós recebestes treinamento do pupilo de Caim, o cavaleiro de Gêmeos da geração passada. Desse modo, para habilitar-se como santo de Gêmeos, o vencedor do combate deverá nos mostrar ao menos uma das técnicas especiais herdadas do seu antecessor. Isto, contudo, não invalida a utilização das habilidades próprias de Quilha e Erídano.

Mu e Laila trocaram olhares apreensivos.

- Eu, Shion de Áries, cavaleiro da geração passada e Papa da deusa Atena, atestarei se a técnica aplicada é legítima.

A plateia comentava entre si o anúncio. Muitos dos ali presentes desconheciam o quão idoso era o Grande Mestre. Tampouco haviam contemplado as técnicas da constelação de Gêmeos, à exceção de Shion, do Mestre Ancião e de Kanon e Saga.

Shion voltou-se aos discípulos, para cobrar-lhes atenção sem nada dizer.

Ergueu novamente a mão. O súbito silêncio criou uma atmosfera de tensão em torno da arena. Era o prelúdio da luta. Os irmãos sentiram uma forte vibração vinda da massa de espectadores.

- Lutem! – autorizou o Mestre.

Imediatamente o ar ao redor dos adversários esquentou. Quando um cavaleiro evoca seu cosmo, provoca uma forte agitação das moléculas ao seu redor e principalmente no próprio corpo. Quanto mais poderosa for essa evocação, maior o calor (ou o frio, em alguns casos), a ponto de o cosmo tornar-se visível ao redor do guerreiro.

- Saga! – Kanon foi o primeiro a estocar.

Um ataque simples em linha reta, mas incrivelmente veloz. Saga desviou com elegância, mas não com facilidade.

A distância entre os dois alargou-se. Kanon retomou o avanço. Correu e parou abruptamente, a três passadas do adversário. Saltou, descrevendo um arco até o irmão, numa voadora carregada de força cósmica.

Saga quase não reagiu a tempo. Os detritos gerados pelo choque com o chão voaram até a metade da arquibancada. Aiolia aparou um deles antes que atingisse em cheio seu nariz . Uma densa nuvem de poeira se ergueu.

- O que houve, Saga? Não vai reagir?

- Já o fiz.

A poeira começava a dispersar-se, revelando a técnica mais famosa do cavaleiro de Erídano.

- Torrente Cósmica do Erídano.

- Maldição! – praguejou Kanon.

- Aí! – gritou Draco. – Pega ele!

Quilha estava preso pelas pernas. Saga poderia tê-lo imobilizado e vencido completamente, mas a regra recém-imposta pelo Mestre o impedia de finalizar o combate com aquele golpe.

O cavaleiro de bronze ergueu a mão esquerda sob a cabeça posicionando a outra em concha ao lado do tórax. Surgiu da destra um brilho dourado, diferente do habitual cosmo negro. Uma descarga elétrica perpassou seu antebraço.

Shion alertou mentalmente os discípulos.

- Receba o ataque que pulveriza os astros! – anunciou Saga. – Explosão Galáctica!

"Agora!", indicou o Mestre.

Shion, Mu e Laila elevaram seus cosmos. Formaram um "X" com os antebraços e, num rápido lance, moveram-nos para baixo, liberando uma potente onda vertical.

- Muralha de Cristal! – disseram em uníssono.

Com um zunido agudo, um gigantesco muro triangular translúcido ergueu-se ao redor de Kanon e Saga.

O impacto da técnica de Saga fez estremecer os arredores, deixando todos boquiabertos. A proteção erguida pela tríade vibrou intensamente, exibindo uma complexa ramificação de rachaduras.

- Então, Aiolia... Ele não é incrível? – provocou Draco, sem desviar da arena.

- Odeio admitir, mas é possível que Saga seja até mais poderoso que meu irmão.

A reverberação do ataque abrandou-se. Assim que cessou, a muralha desfez-se em estilhaços. Laila e Mu estavam ofegantes.

Saga tomava o cuidado de não externar sua excitação, uma vez que estava sob o olhar de praticamente todo o Santuário, principalmente o do Papa.

Saint Seiya: Ascensão de SagaOnde histórias criam vida. Descubra agora