Minha Irresistível Mãe - Lia Jones

Tão Certo, Porém Tão Errado...

  O último. Leiam devagar para aproveitar.

Boa Leitura! Usem Coletes se ainda restaram.  

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POV Camila

Jacksonville, Carolina do norte, 08:05 da manhã.

O relógio por cima do quadro mostrava as horas com a maior lentidão que poderia existir. Nunca quis tanto que uma aula cujo amo de coração acabasse.

As palavras daquela ridícula ainda circulavam na minha mente, frescas, dolorosas, assim como uma faca de dois gumes.

"Pareço ser rica e metida, mas na verdade não sabe o quanto luto para ajudar as pessoas mais necessitadas"

A hipótese de que tudo o que ela fez para mim. A carona no dia chuvoso. A preocupação que ela demonstrava ter. O nosso primeiro beijo. Tudo foi apenas uma jogada para ela me ajudar e ser boazinha para com os "pobres".

Tampei meu rosto com minhas mãos. Meu peito doía como no dia em que minha mãe foi levada por dentes de tubarões. Era a dor de perder algo.

Mas como eu poderia perder algo que nunca tive. Michelle pode se dizer que não é perfeita, mas ela foi a pessoa que mais se preocupou comigo, até mais que minha mãe.

E ela estragou tudo isso dizendo aquilo.

" – Vou pedir para que façam duplas para treinar as cordas vocais." Iggy bateu palma chamando a atenção de todos na sala.

Os alunos comemoraram em uníssono e eu só queria morrer. Talvez se eu gritar até minha corda vocal estourar ou explodir, eu consiga sair daqui. Direto para um hospital, mas pelo menos sairei do mesmo ambiente que Michelle.

" – Mahony." Minha professora chata apontou para o homem no final da sala. " – Junte –se com Gisele."

" – Professora!" Alguma infeliz gritou.

" – Vivian, não estamos treinando gritos. Por favor quando for me chamar se empolgue menos. Não sou surda." Revirei os olhos do comentário da Azalea.

" – Não podemos escolher as duplas?"

" – Pelo santo amor de Cristo, estamos em uma escola musical, não no colegial." Ela suspirou. " – Era só isso? Por que se sim, se junte com o Elijah."

Não olhei para trás para ver a expressão da mulher. Para ser sincera, eu mal tirava os olhos do relógio a cima do quadro.

Por um momento perdi até noção do tempo, que irônico pelo fato de eu não ter tirado os olhos dele. Senti um cheiro próximo de Lavanda e pisquei voltando a realidade imediatamente.

" – Pensei que teria que jogar uma bolinha de papel em você para te acordar." Ouvi aquela voz rouca.

" – Dai me paciência." Sussurrei.

" – Menina do Campo..." Ouvi ela se aproximar para me chamar.

" – Que raios você está fazendo do meu lado! Você não estava na outra ponta da sala?" Franzi o cenho nervosa. Sim, parecíamos crianças emburradas, cada uma sentou de um lado da parede.

" – Não fui eu quem quis me juntar com você. A Iggy me colocou com uma aluna novata, mas ela sofre de Pombonorréia."

" – Sofre do que?"

" – Pombonorréia." Ela repetiu. " – Sabe...quando alguém vê pombos e ai a barriga embrulha..."

" – Michelle, onde quer chegar."