Cap 6 clarke

3 3 0
                                    

Não importa o que você faça, não entre no laboratório. Os gritos angustiados a alcançavam, até Clarke não conseguir dizer o que estava vindo do outro lado da parede e o que estava ecoando nas profundezas sombrias do próprio cérebro. Os experimentos usam níveis de radiação perigosos. Não queremos que você se machuque. O laboratório não era como ela havia imaginado. Ele estava cheio de camas de hospital em vez de estações de trabalho. E em cada cama havia uma criança. É nosso trabalho determinar quando a Terra será capaz de abrigar vidas humanas novamente. Todos estão contando conosco. Clarke olhou para o quarto à sua volta, procurando sua amiga Lilly. Ela estava solitária. E assustada. Todos à sua volta estavam morrendo. Seus pequenos corpos definhavam até serem pouco mais do que fios de pele e osso. Nunca quisemos que você descobrisse assim. Mas onde estava Lilly? Clarke vinha visitá-la com frequência, sempre que seus pais não estavam no laboratório. Ela trazia presentes para sua amiga, livros que ela pegava na biblioteca e doces que roubava da despensa da escola. Nos bons dias de Lilly, suas risadas abafavam os sons dos monitores cardíacos. Não foi nossa ideia. O Vice-Chanceler nos forçou a fazer experimentos com aquelas crianças. Eles teriam nos matado se tivéssemos recusado. Clarke andou de cama em cama, cada uma abrigando uma criança doente. Mas nenhuma delas era a sua melhor amiga. E então, de repente, ela se lembrou. Lilly estava morta. Porque Clarke a tinha matado. Eles teriam matado você também. Lilly tinha implorado para que Clarke fizesse a dor ir embora. Ela não queria, mas sabia que Lilly não tinha chance de melhorar. Então acabou concordando, e deu à amiga as drogas mortais que acabaram com seu sofrimento. Sinto muito, Clarke tentou dizer à amiga. Sinto muito. Sinto muito.

— Está tudo bem, Clarke. Shhh, está tudo bem. Estou aqui. Os olhos de Clarke se abriram de repente. Ela estava deitada num leito, seu braço enrolado com ataduras... por quê? O que tinha acontecido? Bellamy estava sentado ao seu lado, o rosto sujo e extenuado. Mas ele sorria de uma forma que Clarke não tinha visto antes, um sorriso largo e radiante sem nenhuma ponta de prazer ou escárnio. Havia algo surpreendentemente íntimo nele, como se aquele sorriso expusesse mais de Bellamy do que ela vira quando eles foram nadar em roupas íntimas. — Graças a Deus você está bem. Você se lembra de ser picada por uma cobra? — perguntou ele. Clarke fechou os olhos enquanto fragmentos de memória disparavam por sua mente. O movimento deslizante no solo. A dor ofuscante. Ainda assim, naquele momento, a única sensação de que ela estava ciente era o calor das mãos de Bellamy sobre as dela. — Nós lhe demos aquela coisa de antídoto universal, mas eu não sabia se tinha sido a tempo. Clarke se sentou, repentinamente alerta: — Você me carregou todo o caminho até o acampamento? — Seu rosto ficou corado quando pensou em ter ficado inconsciente por tanto tempo nos braços de Bellamy. — E você teve a ideia do medicamento? Bellamy olhou rapidamente para a porta: — Essa parte foi toda do Wells. O nome pousou com um baque no peito de Clarke. Depois de Wells tê-la impedido de entrar correndo numa barraca em chamas para salvar a amiga, Thalia, saíra do acampamento numa confusão de luto e raiva. Mas, enquanto olhava para a nova cabana da enfermaria, tudo o que sentia era tristeza. Thalia havia partido, mas ela não podia realmente culpar Wells pelo que ele tinha feito. Ele salvara sua vida — duas vezes agora. No outro lado da pequena cabana, havia uma menina encolhida sobre um leito. Clarke se levantou sobre os cotovelos para olhar melhor, mas, quando Bellamy notou a direção de seu olhar, ele se sentou na beira da cama, como se quisesse protegê-la. — Então — falou ele, dando uma olhada para trás. — Quanto a isso. Com uma voz estranhamente distante, ele contou a Clarke sobre o ataque que tinha matado Asher, e sobre a menina que Wells havia capturado como prisioneira. — O quê? — Clarke se sentou com as costas retas. — Você está me dizendo que aquela menina ali nasceu na Terra? Alguma pequena parte dela esperara por isso desde o pomar, mas acordar para encontrar uma Terráquea a metros de distância era quase demais para processar. Milhares de perguntas explodiram em cada um dos setores de seu cérebro. Como tinham sobrevivido ao Cataclismo? Quantos deles existiam? Será

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Jul 28, 2017 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

dia 21Where stories live. Discover now