Capítulo 25

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O Jantar transcorria ótimo, Thomas era de um humor incrível, com uma conversa interessante e Ireland contava com entusiasmo a viagem deles, mas quando ela mencionou o nome da mãe e do pai, Phoebe percebeu a mudança no rosto de Gideon.

- Mamãe quer mais netos, Gideon.- Ireland fala e Gideon a olha.

- É mesmo? – levanta uma sobrancelha, parecendo irritado.

- Sim, Luke soltou que você estava namorando,- olha para Phoebe.- ela também viu algumas fotos de vocês, ela te achou linda.- Phoebe sorri agradecida. Ireland olha de volta para Gideon.- vê se não fica protelando e não a convença de que é cedo para filhos, como você fez com Eva. A pobre era louca por crianças.

Os olhos de Phoebe vão para Gideon que assume uma expressão impassível. Mas ela o encara confusa, realmente querendo saber o que significa isso.

Terminado o jantar, vão para a sala e se sentam para tomar café. Phoebe pede licença para ir ao banheiro.

- Vou também,- Ireland fala já se levantando e segurando o pulso dela, e a puxando pelo corredor.- vamos ao meu quarto, - fala sorrindo. Elas entram no quarto e Ireland fala.- pode usar primeiro.

Phoebe sorri e vai para o banheiro, quando ela volta, Ireland está sentada em uma poltrona, faz um gesto para ela se sentar em outra a frente dela.

- Preciso te agradecer de novo.- Ireland fala.- Quando ele me ligou dizendo que tinha conhecido uma menina, fiquei meio receosa, você sendo mais nova que ele, mas com o passar do tempo vi que você só fazia bem a ele. – faz uma pausa e suspira.- ele é meu meio irmão, mas o amo tanto. Não crescemos juntos, ele sempre se manteve afastado da família, mas Eva nos uniu, devo isso a ela.

- Eles se amavam muito, né?

- Sim, acho que chegava a loucura tanto amor, ele te ama, também, você sabe, dá pra ver no olhar dele pra você. Mas como te disse, ela o levava a loucura, era uma ótima pessoa, mas era bastante ciumenta, exigente, mas ele beijava o chão que ela pisava. Depois do funeral dela, ele ficou dois dias preso dentro do quarto deles, sem comer, sem tomar banho, Angus me chamou e fui ajuda-lo, quando arrombamos a porta do quarto dele, ele havia tirado toda a roupa dela de dentro do closet, jogado em cima da cama e estava deitado sobre elas.- fecha os olhos e os abre.- ficou bravo comigo, mas estava tão fragilizado, que não se importou em vir para cá comigo, onde cuidei dele.

- Isso é triste.

- Sim, foi uma época difícil para ele, por isso que o dia que ele falou de você, já comecei a te admirar por isso.

- Eu também o amo.

- Eu sei disso.- Ireland pega uma mão dela.- vocês são lindos juntos. Sei que vão passar por muita coisa, tem a diferença de idade de vocês, Gideon é tão impetuoso, você delicada, mas se vocês deixarem esse sentimento fluir, vão longe, eu sinto isso.

- Eu espero que sim .- fala em um sorriso.

- Nunca será o suficiente, te agradecer por o que faz a ele, mas vamos voltar para a sala, antes que ele venha nos buscar aqui. -Phoebe consente sorrindo.

Quando eles chegam à sala, Gideon está sentado em uma poltrona e Thomas em outra, Gideon levanta o olhar para ela, Phoebe quase pode ver uma sombra de pânico no olhar dele. Ela não sabe o que pensar, tem pena dele por ter passado por tanto sofrimento, mas está nervosa por ele mentir para ela.

Senta ao lado dele e Ireland do marido, conversam mais um pouco, mas Phoebe se sente sufocada.

- Quero ir me deitar.- fala segurando a mão dele, ele apenas consenti com o olhar.

- Também já vamos né, amor.- Thomas fala abraçando a mulher e dando um beijo na testa dela.

- Então boa noite.- Phoebe fala se levantando.

- Até amanhã- Gideon fala, Ireland e Thomas respondem.

Phoebe se dirige para o quarto e Gideon atrás dela, ela mal consegue ficar perto dele.

Abre a porta do quarto e entra, ele entra atrás e tranca a porta, ela se vira para ele e o encara. Ele dá um suspiro sabendo que ela quer explicações.

- Eu não menti, só mudei a estória.- Phoebe não fala nada.- é uma coisa muito feia, foi algo que impus a ela, filhos ou trabalho.- faz um gesto de desanimo.- ela fez a escolha dela.

Phoebe abre a boca e fecha, mal crendo no que ouve. Um homem tão moderno como Gideon ainda pensar assim, nem seu pai com todo machismo dele, nunca impôs isso a mãe dela, ela trabalhou até quando quis e isso eles já eram quase adolescentes.

- Eu não acredito, você matou o sonho dela ser mãe por causa de um machismo ridículo? Como pode?- dispara está tão indignada, pensa que se ele fez isso a Eva, pode fazer a ela também.

- Não é machismo, não queria meus filhos na mão de outras pessoas, se fosse para tê-los, ela teria que ficar com eles 24/7, sem babás.- Ele levanta as mãos em desanimo.- Eva era toda dona de si, toda independente, até que admirava e gostava disso nela, só não queria meus filhos em mãos estranhas.

Phoebe ouve e não acredita nisso, em como ele pode ter sido tão duro com ela.

- Eu e Teddy fomos criados por Gail, minha mãe trabalhava, não vejo nenhum mal em uma criança ser cuidada por babás...

- Eu fui abusado quando pequeno.- fala a interrompendo. Ela coloca mão na boca em espanto,senta-se na cama, mal se sustentando em pé. Ele se senta ao seu lado, mas não olha para ela.- fui abusado por quem deveria cuidar de mim, era meu terapeuta e cuidador.- abaixa a cabeça, parece envergonhado, Phoebe tem vontade de acariciar seus cabelos, mas não consegue se mover, está estática.

- Sua mãe, o que fez quando soube?

- Ela não acreditou em mim, estava mais empenhada em cuidar do seu novo casamento, da sua nova família, eu era apenas o filho problemático que ela precisava manter distância para não atrapalhar sua vida,   meu meio irmão viu uma vez, mas não fez nada. E me desmentiu quando resolvi me abrir.- levanta o olhar, parece tão perdido.- o único que me dava afeto por incrível que pareça, era Angus, que me conhece desde bebê, pois já trabalhava para meu pai, antes dele se suicidar.

Phoebe fica calada, não sabe o que falar, seu coração se aperta em pensar Gideon chorando, nas mãos de um monstro e sem ninguém para ajuda-lo. Além de aguentar toda essa dor e humilhação, teve que lidar com o desprezo de sua mãe, seu coração se aperta ainda mais de pena dele.

- Ireland, sabe?

- Não, ela era um bebê, ainda bem que ela se manteve distante e pura dessa merda toda. Por isso que mantenho distância da minha família. Eles são desprezíveis, minha mãe deveria ter acreditado em mim.- ela pode ver dor no olhar dele.- agora você já sabe, pode ser cedo demais para imposições, mas essa é a condição se você um dia decidir ter filhos comigo.

Levanta-se e vai para o banheiro e deixa Phoebe perdida, sem saber direito o que pensar.

Sente pena dele, por tudo o que passou, mas acha que ele tem que deixar o passado para trás e seguir em frente, nem todas as pessoas são iguais. decide deixar para terminar, ou retornar essa conversa em outra hora, a cota de sofrimento dele por hoje já foi bastante, tem certeza que lhe contou o que talvez só Eva soubesse.

Ela se levanta também e vai para o banheiro, ele está parado, com as duas mãos apoiadas no lavabo, cabeça baixa e o rosto molhado, provavelmente tendo lavado o rosto.

Vai até ele e o abraça por trás, passando as mãos pela sua cintura, encostando o rosto nas costas dele, pode sentir sua respiração acelerada.

- Amo você e nada vai mudar isso.- fala em sussurro.

- Eu também amo você, e no momento, o seu amor é a força que eu preciso.

Ela o aperta mais, tenta transmitir nesse abraço toda a confiança e amor para ele.

Crossfire em 50 TonsOnde histórias criam vida. Descubra agora