Capítulo 3: O Guarda-Chuva

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Lá estava eu parada no meio da calçada, lembrando e relembrando palavra por palavra que meu pai havia dito. Não sabia o que pensar ou fazer. Estava completamente sem ação pela primeira vez na vida.

Pessoas apreçadas com seus destinos começaram a andar rapidamente, batendo e esbarrando uns aos outros, e claro, em mim. Dois caminhos, dois lugares, dois destinos, uma esquerda e uma direita, um levava para minha casa, o outro para um lugar qualquer.

Resolvi fazer diferente e caminhar para um lugar qualquer. A esquerda sempre me atraiu mais, e isso ajudaria ponhar minha cabeça no lugar.

Caminhei até que vi uma cafeteria, resolvi entrar, pedi um café americano e sentei em uma mesa. Logo uma gentil garçonete aparece trazendo meu café com um belo sorriso no rosto. Bebo meu café sem pensar em nada, apenas observando as pessoas, como a garçonete que sorria exuberantemente para um homem sentado na bancada lendo um livro, que apenas a ignorava, como um homem ria espontaneamente com sua esposa e como as crianças esperavam ansiosamente seu chocolate quente com muito chantilly, ou até mesmo o velhinho sentado na poltrona lendo as notícias da semana passada.

Termino de beber, pago a conta e saio sem muito entusiasmo para voltar pra casa. Logo que saio começa a chover fortemente mas não me importava em me molhar com aqueles pingos frios de chuva. Depois de me molhar um pouco,esperei o trânsito parar para poder atravessar, e percebo que não sinto mais os pingos de chuva, mas continua chovendo ao meu redor, Quando olho pra cima vejo um lindo guarda-chuva amarelo. Era Peter.

Peter:--- Não devia se molhar, vai ficar doente com esse frio. - ele sorri-

Eu:--- Ah, obrigada, nem percebi que estava tão frio.

É verdade que quando começou a escurecer esfriou um pouco.

Eu:--- Ei,venha para de baixo do guarda-chuva ou será você que vai ficar resfriado. - puxo seu braço -

Peter:--- Tome isto. - ele me entregou seu casaco- Você está com frio.

Eu:--- Não estou não.

Peter:--- Esta sim, seus labios estão tremento.

Não deu nem tempo de respoder que ele já tinha envolvido seu casaco em mim. Pude sentir seu perfume amadeirado.

Peter:--- Venha, agora podemos atravesar.

Assenti com a cabeça confirmando, ele pega na minha mão e atravessamos correndo naquele trânsito caótico que só uma avenida principal tem.

O silêncio começou a tomar conta, e a situação estava ficando um tanto quanto constrangedora e então resolvi quebrar o silêncio.

Eu:--- Por que esta sendo tão legal comigo?

Peter:--- Porque você é minha amiga.

Eu:--- Obrigada. -sorrio- Hey, não precisa me levar até em casa, aqui ja está bom.

Peter:--- Minha casa fica no sentido da sua.

Eu:--- Sendo assim, sem problemas.

Engancho meu braço no seu para ficar mais difícil da gente se molhar.

Eu:--- Obrigada por tudo hoje, foi muito gentiu da sua parte me trazer até aqui. - digo logo que chegamos em frente a minha casa, que por sinal não tinha nenhuma luz ligada-

Peter:--- Você agradece de mais.

Eu:--- V-você quer entrar?

Peter:--- Não, já esta tarde. - ele da uma piscadinha pra mim -

Senti minhas bochechas corarem e meu coração tremer, o que é isso?

Eu:--- Até amanhã Peter Pan!

Peter riu fraco e deu tchau com sua doce voz rouca.

Corri para minha casa, e o vi pela janela desaparecer lentamente na escuridão da noite.

Não estava com fome, fui direto para meu quarto, tomei um banho rapido, logo após me troquei e fui deitar, não mexi no meu celular ou computador, não liguei a TV, apenas fiquei no escuro pensando em como eu iria resolver a situação de meu pai. Me distraio olhando para a cadeira que lá estava a jaqueta de Peter, iluminada pela luz da lua depois da chuva que entrava por uma fresta na curtina. Sorri.


Borboletas no estomagoOnde histórias criam vida. Descubra agora