Capítulo 5: Gatinho, gatinho

42 4 1
                                    

  Peter me olha assustado, mas logo que percebe que estou bem abre um lindo sorriso que combina perfeitamente com seus olhos.

Peter: --- Me desculpe! Eu sou um desastrado, você está bem? -Diz me ajudando a levantar-

Eu: --- Eu acho -falo rindo- Não se preocupe, também sou desastrada.

Peter: --- É bom saber que não sou o único - ele fala rindo- Tá indo pra qual sala?

Eu: --- To indo pra aula de inglês e você?

Peter: --- Eu pra de geografia, pior matériaaaa. -Ele fala fazendo drama, olhando para cima como se pedisse ajuda a algum deus e se dando uma facada invisível no estomago-

Eu: - Rio- Hey, nossas salas ficam no mesmo corredor, vamos juntos?

Peter: --- Sim, só tenho que passar na diretoria antes. Quer vir junto?

Eu: --- Pode ser.

Vamos caminhando calmamente até a diretoria, depois de um certo tempo ele sai e vamos para sala de aula.

Nada de mais acontece durante a aula de inglês, o sinal bate e vamos para o intervalo. Justo a hora que eu tenho paz, um professor me pede pra conversar comigo.

Prof: --- Olá Alicia, como está?

Eu: --- Estou bem e o você? 

Eu realmente não estava nada interessada na conversa

Prof: --- Eu estou bem, mas eu acho que você não está,.

Eu: --- Ué, porque ?

Prof: --- Você ficou a aula inteira só encarando um envelope, e suas notas não estão nada boas... Espero que repare isso, você sempre foi uma ótima aluna mas de um tempo pra cá, você esta avoada, perdida e péssima na escola em geral. 

Eu: --- Prometo que vou melhorar, agora eu preciso ir.

Prof: --- Até mais.

 Saio apresadamente, vou até a lanchonete e como uma salada, termino de comer e vou em direção ao patio, um dos lugares mais calmos desse inferno, porque a maioria dos alunos ficam no ginásio com seus grupinhos, garanto que o Ben dele estar lá.

Me sento na grama e seguro a carta com as duas mãos, a curiosidade é grande mas o medo da decepção é maior ainda. Mas eu precisava saber. Decidida a abrir, rasguei o envelope e na hora que fui tirar a carta, Peter aparece e se senta do meu lado.

Peter: --- Hey, o que está fazendo? - Ele pergunta sorrindo-

Eu: --- Nada - disse guardando a carta em minha bolsa-

Peter: --- Parece pensativa, se você quiser falar estou aqui.

Eu: --- Obrigada -Sorrio sem mostrar os dentes-, você também parece pensativo.

Peter: --- É que eu estou pensando em quando você vai devolver meu casaco. 

Eu: --- A-a-ah, está aqui, pega - disse tirando o casaco-

Peter: --- É brincadeira - ele ri por eu ter ficado sem jeito-

Eu: --- Idiota - rio também-

Acabamos nos deitando no gramado de tanto rir, e ficamos lá, deitados, observando aquele céu nublado com uma pontinha do sol aparecendo. Me virei de lado e fiquei olhando pra ele, que estava de olhos fechados, parecia tão relaxado e calmo,  por um momento me acalmei e esqueci de tudo, da carta, da mulher... do meu pai. Fiquei um tempo encarando ele, até ele se virar e ficar me olhando.

Peter: --- Eu não sei o que está acontecendo, mas vai ficar tudo bem.

Eu: --- Isso é tudo que eu precisava ouvir - sorrio-

O sinal toca anunciando que temos que ir pra sala.

Peter: --- Vem - ele me pucha até o portão-

Eu: --- O que vamos fazer? Vamos cabular aula?!

Peter: --- Sim. - ele sorri achando graça-

Eu: --- Se ficarmos encrencados, vou dizer que você me sequestrou.

Peter: --- Tá - diz ele pegando na minha mão e saindo correndo-

A mão dele estava fria, mas ele parecia quente, a energia que ele tinha passa por todas as suas veias e me contagiava.

Eu: --- Aonde vamos?

Peter: --- Segredo.

Paramos na beirada da calçada molhada e chamamos um taxi. Peter disse a rua mas eu não consegui saber onde era. Chegando no lugar escolhido, ele pagou o taxi e fomos caminhando, a rua era calma, cheia de casinhas coloridas e eu nunca tinha vindo pra esse lado da cidade. Caminhamos um pouco e me pergunto por que ele não pediu para nos deixar  no lugar certo.

Eu: --- Aonde estamos indo? Me conta vai - falo manhosa-

Peter: --- Já disse, segredo.

Eu: --- Mas eu odeio segredos!

Peter: --- Já estamos chegando.

E ao virar a esquina eu vejo um enorme parque de diversão desativado. 

Eu: --- A gente vai lá? - digo apontando-

Peter: --- Sim, você já veio aqui?

Eu: --- Agora eu entendo porque não reconheci esse lugar! Eu vinha aqui com meu pai quando eu era pequena, mas paramos de vir quando ele ficou muito ocupado com o trabalho. -digo abaixando minha cabeça-

Peter: --- Quando você era pequena? - ele fala irônico- 

Eu: --- Ei, eu tenho 1,62 - falo rindo e dou um tapinha em seu braço-

Continuamos andando até chegar no parque.

Peter: --- Primeiro as damas. - mostrando o murro para pular-

Eu: -- Espera! A gente vai estar cometendo um crime!

Peter: --- Ninguém vai perceber! Vamos por favorzinho -Ele diz fazendo olhos de cachorrinho abandonado-

Eu: --- Espero que você não esteja fazendo isso pra me matar e vender meus orgãos no mercado negro.

Peter: --- Droga! Você descobriu meu plano! - Ele fala decepcionado mas logo caímos no riso- 

Nós entramos, e passamos a tarde naquele lugar abandonado e pichado, começou a escurecer e  escutamos um barulho vindo da sala dos espelhos, fomos até la ver o que era, íamos atrás do barulho, cada passo que eu dava um arrepio percorria por meu corpo, mas mesmo assim me sentia segura ao lado de Peter, chegamos no lugar que vinha o barulho, a sala era inteira de espelhos e não sabíamos mais a saída. Fique me encarando no espelho, eu estava gorda, enorme, nojenta, e eu tinha certeza que aquele era o espelho mais normal de lá. Ouvimos barulhos e fomos atrás, ao entrar em uma das salas fico aliviada e respiro fundo, eu estava achando que podia ser algo ruim que estava fazendo o barulho, mas era só um gatinho faminto. Por sorte eu tinha comida na minha bolsa.

Eu: --- Gatinho, gatinho, olha a comidinha pra você! Não precisa ficar com medo, eu sou boazinha. -Digo com voz de bebê-

 Ele se aproxima desconfiado, faço um carinho nele e ele come na minha mão

Peter: --- O que vamos fazer com ele? Não podemos deixar ele aqui, está frio.

Eu: --- Vou levar pra casa, minha mãe não vai ligar e meu pai nem vai notar.

Peter: --- Vamos? Esta escurecendo.

Eu: --- Vamos.







Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 09, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Borboletas no estomagoOnde histórias criam vida. Descubra agora