Capítulo Dois: Luto

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      Os curandeiros levaram o corpo do rei para examinar e tentar descobrir o que o matara.
      Litho, irmão de Hertros, havia ido junto com os curandeiros, porque, não existiam dúvidas que o rei tinha sido envenenado, e Litho é especialista em diversos venenos e conhece a maioria dos que existem. Algumas horas depois, Litho retornou sozinho. Deu a notícia de que tinham descoberto o veneno que matara o rei, e se chamava Lágrima de Sangue, por causa do motivo óbvio que fazia com que escorresse sangue de seus olhos, fazendo parecer lágrimas feitas de sangue, deixando dois longos riscos no rosto.
      Depois que Litho chegou, precisavam descobrir de onde tinha vindo o veneno. Cogitaram o vinho, mas se o vinho estivesse envenenado, não apenas o rei morreria, mas sim todos que estavam na mesa, pois o vinho de todos havia sido servido da mesma jarra.
      Não demorou nada para que verificassem o cálice que lorde Seagnor deu de presente para o rei. E lá, Litho encontrou, havia restos do veneno dentro do cálice.
      ─ O Lágrima de Sangue é um veneno em forma de pó. ─ explicou Litho a todos. ─ E está no fundo do cálice e também em suas laterais.
      ─ E como você não identificou esse veneno, quando ele passou por você para que pudesse ver o presente ? ─ intrigou Khralis, desconfiado. ─ A não ser que você mesmo tenha colocado o veneno lá. Percebi que levou um bom tempo olhando o cálice.
      ─ Para sua curiosidade, meu caro irmão ─ disse Litho dando um sorriso sarcástico com seus dentes perfeitos em direção a Khralis. ─ o Lágrima é extremamente difícil de se enxergar. É um pó muito fino, que quando está em um objeto assim, é quase impossível de ver ele. Também não tem nenhum cheiro ou gosto, por isso nosso pai não identificou o veneno no momento em que bebeu o vinho. Isso tira suas desconfianças de mim, irmão ?
      Hertros viu que Khralis queria dizer mais algo, mas apenas fechou a cara mais ainda, e saiu do salão.
      ─ O que você tem a dizer sobre isso, lorde Monkev ? ─ perguntou Thogand, sério.
      Seagnor Monkev, perplexo, olha para o príncipe Thogand e diz:
      ─ Alteza, o que está insinuando ?
      ─ O cálice foi presente seu. ─ respondeu Thogand ainda mais sério. ─ Nós acabamos de ver que o veneno estava em seu presente.
      ─ Acha mesmo que eu faria algo assim para Thogarni ?
      ─ Rei Thogarni. ─ corrigiu Thogand, irritado.
      ─ Rei Thogarni. ─ repetiu Seagnor. ─ O rei sempre foi um amigo para mim. Eu não sabia que o cálice estava envenenado, e se soubesse, jamais teria dado ele para o rei! ─ finalizou lorde Monkev alterando a voz.
      Thogand então se aproximou de Seagnor e deu um soco na mesa, fazendo alguns cálices virarem e derramarem vinho na mesa.
      ─ Com quem pensa que está falando ?
      ─ Com o filho de um amigo, que eu vi nascer e crescer. ─ respondeu Seagnor, falando mais calmamente.
      ─ Errado. - disse Thogand, com raiva em seus olhos. ─ Você não pode chamar meu pai de amigo, depois de vir até a casa dele e envenena-lo. E agora, eu sou o seu novo rei, e você me deve obediência.
      Seagnor baixou a cabeça.
      ─ Com todo respeito, alteza, ─ enfatizou a última palavra. ─ mas o senhor não é o rei, ainda não foi coroado, nem recebeu a bênção de um dos deuses.
      Os olhos negros de Thogand se encheram de fúria.
      ─ Chega! Você já me desobedeceu de mais. ─ e se direcionou ao comandante da guarda real. ─ Gabard, prenda este homem!
      ─ Não! - gritou Amarts, em choque. ─ Ele não envenenou o rei. Ele sempre amou o rei.
      Tharond se aproximou de Thogand e disse:
      ─ Majestade, não está tomando conclusões precipitadas ? Não acho que lor...
      ─ Está junto com ele, Tharond ? ─ diz Thogand, se virando para o lorde Viswen. ─ Está do lado dele ?
      ─ Não, majestade. ─ respondeu Tharond baixando a cabeça.
      ─ Ótimo. ─ disse Thogand e girou os calcanhares, se virando para Seagnor que estava preso por Gabard. ─ Você vai para os calabouços mais profundos. Vai ficar lá até que eu decida que você deva sair.
      Hertros percebeu que os olhos de Seagnor brilharam devido as lágrimas que enchiam seus olhos. Lorde Monkev deixou que elas escorressem pela sua pele clara quase branca, e baixou a cabeça, deixando-se ser levado por Gabard.
      Todos os irmãos de Thogand, inclusive Hertros, ficaram quietos diante dessa situação. Não tinham o porquê de questionar as atitudes do irmão. Não por medo, mas por ser as ordens do futuro rei de Moestos.
      ─ Já está tarde, é melhor todos irmos dormir. ─ disse Thogand. - Amanhã será o velório, e tenho coisas a tratar.
      Com isso, todos foram deixando o salão. Senhora Monkev, saiu chorando, sem se despedir de ninguém. E Hertros seguiu para seus aposentos.

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⏰ Última atualização: May 13, 2018 ⏰

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