Engana-se quem pensa que a mensagem espírita deve ser encenada apenas através do drama; a comédia possui igual valor.
Como fazer uma comédia espírita? Simples. Da mesma forma que se faz qualquer outra peça espírita: com bom senso.
No curso da história, os humoristas sempre se destacaram por seu engajamento, ainda que sutil, nas causas sociais. Através do humor são apontados os problemas sociais, o descaso das autoridades, os motivos das mazelas da população e suas soluções.
Através do humor no Teatro Espírita pode-se apontar absurdos vistos no movimento espírita (como práticas mediúnicas ilógicas, dirigentes intransigentes e autoritários, médiuns e trabalhadores irresponsáveis, etc.) e mesmo problemas de âmbito pessoal e social (alcoolismo, dependência química, conflitos familiares, etc.) de uma forma leve, amena e divertida, sem agredir a quem quer que assista. Pode-se muito bem fazer este tipo de humor desde que, implícito no contexto, a direção correta seja apontada.
Pode-se, ainda, fazer um humor sadio, que traga alegria aos corações; é preciso que os artistas espíritas se conscientizem de que fazendo rir de forma inteligente, e não apelativa, estão contribuindo para a elevação moral dos indivíduos, bem ao contrário do tipo de humor mais em moda atualmente, repleto de frases de duplo sentido, que instigam à sensualidade desequilibrada, sem o menor espírito crítico em seu conteúdo (com raras exceções).
Deve-se lembrar que a alegria é elemento importantíssimo na vida do ser humano; e por que não levar a alegria para dentro das casas espíritas em momentos e formas próprias a cada tipo de atividade? Afinal, no dizer de Leopoldo Machado, as casas espíritas não devem ser semelhantes a "câmaras mortuárias" e é o próprio Leopoldo que completa: "Muita alegria, que esta coisa de tristeza e casmurrice não é de quem segue Aquele que pregava: 'Alegrai-vos, que é chegado o Reino dos Céus!'" (Citado por Clóvis Ramos).
O humor espírita é aquele humor saudável, que ensina divertindo e diverte ensinando, fazendo com que o espírito caminhe sorrindo e alegre na estrada infinita da evolução.
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Em defesa de um Teatro Espírita
Não Ficção"[...] O assunto naturalmente não se encontra esgotado, não se trata do estado da arte, como se diz no meio acadêmico, nem Glaucio teve semelhante pretensão, mas de uma contribuição significativa para pensarmos com mais vagar e cuidado as questões...