ADVERTÊNCIA
Os contos a seguir podem conter cenas e/ou temas de teor adulto.
Aviso de gatilho: violência, bullying .
🐍☠️🐍
Gritos do dormitório feminino ecoavam por toda parte.
Principalmente no mês das bruxas, os meninos também tinham medo e fingiam que não. Mas era só a merda de uma tempestade.
Estava quase na hora de dormir e eu não queria ser escoltado pelos corredores até minha cama, como uma criança pequena. No auge dos meus dez anos? Sai fora...
Escovei os dentes num minuto, sem me olhar no espelho. Todas as cabines do banheiro coletivo continuavam ocupadas. Quando terminei, esperei na frente da porta do Piolho Pentelho, porque ele costumava ser o mais rápido. Confesso que pensei em dar uma surra nele, depois que quase bateu a porta na minha cara ao me ver, mais assustado do que um caranguejo antes de ser jogado na panela.
— Caralho... Você quase me mata do coração.
Apenas troquei de lugar com ele.
— Foda-se.
Parecíamos bocas sujas, porque éramos. Era um tipo de doutrina das crianças do orfanato usar o vocabulário mais vulgar possível, sempre que estivéssemos longe de ouvidos repreensivos. Mesmo assim, minha reação impressionou.
Okay. Eu sempre fui o estranho, que não odiava nenhuma matéria escolar, que nunca se metia em confusão, que raramente falava e que costumava ficar na biblioteca, lendo livros aleatórios. Bem, está certo... e foda-se.
Pelos últimos dois anos dava para ter certeza de que aquele não era um orfanato propício para lendas fantasmagóricas, era um abrigo normal e tedioso, embora uma coisa perturbadora tenha acontecido.
Uma criança havia sido assassinada por outra há um ano.
A notícia fez as mentes dos demais órfãos viajarem, tanto quanto os incentivou a retornarem para seus universos de preocupações infantis friamente, para evitar novos pesadelos.
É. Os internos não demoraram para superar, porque eles não viram nada além de um valentão sendo arrastado pela polícia. Essa foi a feia verdade que os adultos encorajaram a gente a abraçar.
Uma respiração lenta e ruidosa me puxou dos meus pensamentos, assim que saí do banheiro. Passos rastejantes se juntavam ao bizarro efeito sonoro. Por alguma razão, senti que aquilo me chamava de volta... mas minha curiosidade não me impediu de ignorar e voltar para o dormitório.
Minutos depois da ordem para desligarmos as luzes, ouvi aquilo de novo. Devagar, ia ficando mais alto. A aproximação indicava a porta fechada. Meu coração acelerou as batidas de repente. Não me mexi ou desviei a atenção.
A porta se abriu com um ranger e eu prendi a respiração, um instante antes de as garotas entrarem sorrateiramente.
Revirei os olhos para as risadinhas, me virei na cama e me cobri, enquanto os outros garotos se levantavam. Embora não me interessasse por ouvir a informação de que a invasão tinha acontecido por conta de uma disputa de contos de terror, ela soou mais alta do que sussurros.
Conforme a tradição do dia das bruxas, eles formaram um círculo de pernas cruzadas entre as camas. Revezavam o papel de narrador, usando uma lanterna debaixo do queixo. E, naquela tentativa de serem assustadores, nem a tempestade disfarçava a incompetência. Eles não tinham o menor foco. Ainda assim, a maioria das crianças menores não queria estar ali. Claro que a ideia de seguir carreira solo na noite de Halloween era pior.
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HIPNALE +
HorrorQual seria o seu nível de tolerância diante de um evento sinistro? Por quanto tempo você conseguiria manter sua sanidade ou se livrar do mal? Dez situações, dez períodos, dez pessoas e a mesma sensação perversa, conduzindo sorrateiramente ao seu ni...