Capítulo 3

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Aonde você mora?

Aonde você foi morar?

Aonde foi?

Não quero estar de fora

Aonde esta você?

Eu tive que ir embora

Mesmo querendo ficar

Agora eu sei

Cidade Negra

         O resto da noite passou como um borrão para Alice, Caio insistiu em levá-la para um hospital, o médico passou alguns remédios, imobilizou o pé por 7 dias, e lhe deu quatro dias de atestado, Alice não sabia se por conta da seriedade da lesão no pé, ou se pela cara dela de profunda tristeza. Caio fez questão de parar em uma farmácia e lhe comprar os remédios, ela ficou extremamente surpresa que ele tinha morado exatamente no mesmo apartamento que ela mora, pois o tão generoso tio Roberto, que era dono do ap, tinha emprestado a ele quando ele se mudou para a cidade alguns anos antes, do mesmo jeito que fez com ela agora. Quando parou o carro em frente ao seu apartamento, ela não sabia nem como agradecê-lo por tudo o que tinha feito por ela.

         ̶  Caio, agradeço imensamente o que fez por mim hoje. Você nem me conhecia mas fez o que muita gente nunca faria por mim. Agradeço de coração. Você se importaria em entregar o atestado amanhã a Júlia, acho que mesmo sendo meu primeiro dia de trabalho e vou realmente vou cumprir a restrição médica.

         ̶  Claro que você vai cumprir a restrição médica, Alice. E foi um prazer ajudar você. O Senhor Roberto tinha me falado que você vinha e inclusive me pediu para lhe ajudar na sua adaptação aqui na cidade. Posso imaginar como você se sente aqui, passei por uma situação parecida alguns anos atrás.

         Por um momento Alice achou que Caio sabia exatamente o que ela estava sentindo, só depois percebeu que ele se referia a se adaptar em uma cidade estranha. Ele continuou.

         ̶  Entregarei a Júlia e eu mesmo conversarei com o Senhor Roberto, explicando a sua situação. Não se preocupe com nada e não se acanhe em me ligar se precisar de alguma coisa, esse é meu cartão, aí tem o meu número de celular e o residencial. E não pense que não vou deixá-la lá em cima viu moça. Levando-a lá em cima Caio, se despediu na porta, fazendo-a prometer que ela ligaria se precisasse de alguma coisa.

         Ao entrar em seu apartamento Alice, não conseguia nem acreditar em tudo o que tinha acontecido em um único dia. Comeu umas besteiras que sua mãe tinha deixado na geladeira quando veio ajudar com a mudança, tomou um banho e ao cair em sua cama repassou todos os momentos do dia, quando lembrou da música que tinha tocado no elevador, chorou e soluçou até que o cansaço do dia e o remédio fez efeito, fazendo-a relaxar e dormir.

         Alice acordou as 11h no dia seguinte, ainda cansada do dia anterior, o pé tinha melhorado um pouco, e ela decidiu que ficar na cama seria sua melhor opção, ao pegar seu celular viu que tinha uma ligação do tio Roberto e uma mensagem dele dizendo que ela não se importasse a voltar para o trabalho só quando estivesse realmente melhor. E que ia passar lá à noite. Por volta das 14h ela levantou comeu umas besteiras e voltou para a cama.

         A semana passa como um borrão para Alice, as únicas novidades foram a visita de Tio Roberto na terça à noite e a de Caio na quarta-feira, ambos muito solícitos e ao perceberem que Alice não estava muito para conversas foram breves. Todos os dias Alice falou com seus pais e irmão, e levantou várias vezes a ideia de voltar para casa, apesar de saber que o atual emprego seria muito bom para a sua carreira ela sentia falta das traquinagens de Arthur, e ele chorava todos os dias em que se falavam com saudades dela.

Enquanto houver razõesOnde histórias criam vida. Descubra agora