Capítulo 7

342 20 6
                                    

 Esse pode ser o último dia de nossas vidas

última chance de fazer tudo ter valido a pena

Diga sempre tudo que precisa dizer

Arrisque mais, pra não se arrepender

Nós não temos todo o tempo do mundo

E esse mundo já faz muito tempo

O futuro é o presente e o presente já passou

Pitty

         A terça feira tinha tudo pra ser um dia comum. Alice acordou cedo, se arrumou bem, e como o pé ainda estava incomodando usou novamente seu all star azul. Pegou o ônibus para o trabalho e chegou antes de todo mundo no seu setor. E assim passou o dia, entre a leitura de processos. No almoço optou por um sanduiche que tinha levado e permaneceu na sua sala o tempo todo, queria pegar o ritmo do trabalho e se familiarizar com o escritório.

         O que não esperava era que por volta das 14h da tarde iria receber uma correspondência misteriosa pelo correio interno do escritório, com o papel timbrado da F&A advocacia, uma letra escrita às pressas e sem nenhuma assinatura que pudesse indicar o remetente. Com o coração palpitando Alice leu e releu as estrofes da música que ela amava completamente, All star de Nando Reis...

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as índias, mas a terra avistou em você
O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário

Estranho é gostar tanto do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje...

Do seu...

         Droga, droga, droga, mil vezes droga. Era só isso que Alice pensava, quem seria esse admirador secreto? Capaz de mandar uma cartinha dessa. Deve ter sido engano, só pode. Mas pensando bem, pode ter realmente sido pra mim, pensou ela... all star azul... 12º andar... é muita coincidência. E só pode ser duas pessoas. Droga! Pensou Alice, claro que deveria ser Caio, ele passou mais tempo comigo, elogiou minha roupa segunda, ou seja percebeu o all star e morou no mesmo prédio que eu, lembra exatamente o andar que moro. É obvio que é ele. E ele tem um jeito todo fofo, essas coisas românticas só poderiam ter saído dele. Se bem que Igor me levou flores, tudo bem que com um pedido de desculpas, mas levou, sabia meu andar.

         Mas eu não posso achar que Igor gosta de mim, ele só estava se sentindo culpado, e nem me deu muito cabimento o final de semana todo, e ontem no hospital, foi todo rude. Tudo bem que ele tá todo preocupado com a irmã, mas sei lá. É, foi Caio mesmo. Agora eu tenho certeza. E agora o que é que eu faço? Caio não é nada de se jogar fora, pelo contrário, seus olhos claros, cabelos castanhos, todo musculoso, estilo jogador de futebol, deixam qualquer mulher apaixonada em segundos, fora que ele é todo prestativo. Oh meu Deus, o que eu faço?

         Tentando não dar muita atenção ao acontecido, Alice, se dedicou ainda mais ao trabalho, mas de vez em quando sua mente divagava entre os possíveis candidatos, até que por volta das 17:00, alguém bate na sua porta, era Felipe, o rapaz responsável pelas correspondências internas novamente, ao perceber o que era Alice ficou atônita e nem se ligou em sondar quem poderia ter mandado a cartinha, assim que abriu o envelope seu coração deu um pulo, ela amava aquela música, e quem quer que estivesse mandando-as estava tentando quebrar as barreiras do seu do seu coração, e estava obtendo um certo sucesso, ela passou o resto da tarde assobiando a música dos Paralamas do Sucesso:

Enquanto houver razõesOnde histórias criam vida. Descubra agora