Capítulo 1

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Eram sete da manhã e já estava acordada. Levantei-me e fui ter com a minha mãe à sala. Hoje eu fazia 16 anos. 16 ANOS! Finalmente alcancei a idade para conseguir sair deste maldito planeta. Ukne era um dos maiores planetas da Galáxia do Cata-Vento e talvez o mais importante, mas, mesmo assim, não me contentava. Queria mais, queria algo único, eu queria o planeta Terra.

Terra, nome curioso não é? É um planeta tão misterioso que ninguém pode falar deste. Porquê? Boa pergunta. 

Nunca ouvi ninguém debater pelo porquê da Terra ser o único planeta excluído da Base mãe. Ahh Base Mãe... até tenho raiva só de pensar nela. É esta que estabelece todas as regras entre planetas e galáxias. Tem tanto poder que com uma simples desobdiência das regras desta, somos logos enviados para "a boca misteriosa". Ninguém sabe o que é e o que acontece às pessoas que entram neste lugar obscuro, mas posso já dizer, algo bonito não é de certeza. Infelizmente, não sou sufecientemente importante para saber a resposta a este pequeno mistério, deixando-me cada vez mais intrigada. Mas eu sei que, mais tarde ou mais cedo, vou descobrir o porquê. O verdadeiro porquê de o planeta Terra ser o indesejado deste nosso universo.

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O meu quarto é sem dúvida a minha divisão da casa preferida, é lá onde eu guardava todos os meus bens, incluíndo toda a informação que eu continha sobre a Terra (sim, eu ando a fazer as minhas pesquisas). Pode-se dizer que sou uma rapariga fanática pelo desconhecido e que quer sempre saber o porquê das coisas. 

Quando cheguei à sala, a minha mãe deu um grande pulo enquanto escondia qualquer coisa atrás das costas.

- Olá mãe... o que é que tens aí?

- Aii a minha bébé está tão grande! - disse a minha mãe a ao mesmo tempo dar-me um abraço do tamanho do mundo - Vai comer, filha!

- Não tenho muita fome para ser sincera. Mas não me respondeste à pergunta! O que é isso nas tuas mãos?

Ahh, odeio quando me escondem coisas, mas recentemente parece que é a única coisa que sabem fazer.

Eu não podia ser mais diferente da minha mãe. Ela é loira, com uns olhos grandes azuis e com um tom de pele mais para o azulado. Tinha o esteriótipo perfeito para as pessoas do meu planeta. Eu sou morena com o cabelo preto como carvão, olhos castanhos escuros e um tom de pele mais para o bege, tal e qual como o meu pai. No meu planeta existem muitas pessoas diferentes, devido à enorme transição de habitantes entre planetas. Com isto eu não sou tratada como "diferente", aliás, ninguém é.

- Ufff - suspirou - tá bem, pronto, era só para te dar isto quando o teu pai chegasse, mas aqui tens. Parabéns, Luna.

Nas mãos da minha mãe estava um caixa. Por momentos pensei (e até rezei!) que fossem as chaves de uma nova nave toda XPTO. Ahh... é tão bom sonhar. Em vez disso, era um colar muito brilhante com um único pendente, uma lua. 

Fiquei estupfacta a olhar para a minha mãe. Ela sabia que não era permitido NADA que tivesse alguma relação com a Terra. Mas aqui estava ela com os braços estendidos a pegar num colar, que só por acaso tem representado o único satélite natural do planeta Terra.

- Ahhh ADORO! Onde é que o encontraste? Deve ter custado um balurdio! Como é que não foste apanhada? Quem é que te o vendeu? - mil e uma perguntas vieram à minha cabeça, como é que a minha mãe, a minha própria mãe, fez o esforço de me dar algo tão perigoso? - caindo no real mãe, adoro com todo o meu coração este pendente, mas é muito perigoso! Imagina que sou apanhada a usar isto!

- Deixa-me que te diga que isto não foi ideia minha! O teu pai é que insistio em te dar este colar. E sabes como ele é, presistente. 

Bom, não vamos mentir, acho que nunca na vida tinha visto um colar tão bonito como aquele. Por fim, acenei, agradeci, coloquei-o em volta do meu pescoço fino e comprido com o maior cuidado do mundo e saí.

Sem mais demoras, decidi ir a casa da minha melhor amiga, Hino, que se encontrava a dois metros de distância da minha.

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Cheguei lá, toquei à campaínha e logo a seguir já estou em volta de um abraço super apertado da Hino. Aposto que ela estava plantada à frente da porta à espera que eu aparecesse.

- Lu! Parabéns!! O Kay está no meu quarto! Entra, entra! - disse ela com o maior entusiasmo que alguma vez vi na vida - Então? 16 anos ahhnn? Feliz por finalmente poderes legalmente sair desta porcaria de planeta?

- Nem me digas nada! Até as pessoas do planeta Mila e Mula têm mais sorte que nós! Elas pelo menos podem estar sempre a viajar de planeta em planeta.

O planeta Mila e o planeta Mula são dois planetas vizinhos, anões e gémeos que possuem exatamente a mesma estrutura. Reza a lenda que cada pessoa de cada um destes planetas, quando nasce, fica interligada a outra do outro planeta gémeo. Logo, se uma morre a outra tem, obrigatóriamente, de morrer e coisas deste género. Mas para mim isso é tudo uma fantuchada.

- Olá Lu! Parabéns! - disse Kay com um sorriso de orelha a orelha.

Ahh... Kay... o lindo e doce Kay... também conhecido como o irmão gémeo da Hino. Devia ser o rapaz mais bonito de todo o universo. Tinha um cabelo loiro, tal e qual ao da Hino, olhos verdes, um nariz pequeno super fofinho e o sorriso mais perfeito que alguma vez vi na vida. Dou-me com ele desde pequena por isso não sinto nenhum tipo de vergonha quando estou ao pé dele. E sim, é mais que óbvio que tenho uma crush gigante nele.

-  Kay! Olá! Uhh conta co- como estás?! - disse eu ainda a recuperar daquele sorriso - Já não te via à séculos! Conta coisas!

Bastou dizer aquilo para virem rios e rios de temas de conversa diferentes. Passámos das férias do Kay que foram no planeta Oish aos pés fedorentos da Janell da minha turma.

- E daquela vez que ela estava na casa da Kassie e se descalçou e eu tive logo de fugir para a casa de banho?! - disse a Hino já com lágrimas nos olhos - Juro, acho que fiquei lá dentro uns trinta minutos para ver se me esquecia do cheiro!

A Hino sempre foi a palhaça da turma que fazia toda a gente rir. Por mais que tente ficar séria com ela, por causa dos disparates que ela faz, ela arranja sempre uma maneira de me fazer rir e nunca conseguir ficar séria por mais de 2 minutos. Apesar de ser a mais nova, sempre fui a mais sensata dos três, até em pequena.

Por mais que me estivesse a divertir à grande na casa da Hino, tinha muita coisa para fazer em casa. Portanto despedi-me, agradeci à Sra. Minhj por me ter deixado ficar lá um bocadinho e saí. A única coisa que eu queria era agarrar em toda a minha pesquisa sobre o planeta Terra colocá-la na minha mochila, pilotar a minha nave e sair deste planeta de vez. E, como já podia, legalmente, sair do país, foi isso que eu fiz. A minha mãe ajudou-me com tudo. Até parecia que estava mais ansiosa que eu, mas ao mesmo tempo triste! Como se eu fosse sair de vez do planeta! Ainda não estou preparada para isso e além do mais, o meu pai ainda não tinha regressado a casa para me dar os parabéns. Também eram só umas horinhas a por as minhas aulas de piloto em prática, nada mais! 

Pelo menos era o que eu achava. Ah, como eu estava errada. 

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