A verdade para além das fronteiras

Capítulo 7

Como foi prometido, a seguir às aulas, fui com o Caleb para esse tal grupo secreto. Quando chegámos à sala já estavam os cinco sentados nas cadeiras que acompanhavam uma mesa comprida. Só faltava o tal casal.

- Bom, - disse ele por fim - gostava que conhecessem o novo elemento do grupo: a Luna.

Não fazia a mínima ideia do que dizer, por isso, levantei simplesmente a minha mão direita como um ato de cumprimentar. Observei o grupo com muita atenção. A contar comigo éramos três raparigas e três rapazes.

- Olá, sou a Ashley! Estava mortinha para te conhecer! Não é todos os dias que temos novos elementos no grupo, sabes... - disse muito excitada - Esta é a Nara, o Stephen, o Jake e o Caleb tu já conheces.

Logo que dizia o nome de cada um, o respetivo elemento do grupo, com uma expressão muito atenta, lançava um olá.

Ashley, a primeira rapariga que me falou, tinha um cabelo ruivo muito comprido e saudável, uns olhos castanhos profundos e sardas em toda a superfície da cara. Pelo contrário, Nara tinha uma cara lisa, sem um único vestígio de borbulhas, olhos meio castanhos meio verdes e um cabelo castanho claro. Já os gémeos, Stephen e Jake, eram altos, morenos, com olhos castanhos claros e cabelo escuro.

Para além da Nara, todos simpatizaram comigo. Não sei qual era o problema dela. Não parava de olhar para mim com aqueles olhinhos semi-cerrados. Já parecia a Maddison!

- Como podes ver, - diz o Caleb - todos nós temos uma especialidade. A minha é lógica, a dos gémeos é a leitura facial, a da Nara são as tecnologias e a da Ashley a comunicação.

- Uhm... eu não tenho nenhuma "especialidade". - disse eu um pouco envergonhada.

- Não te preocupes! Hás de a encontrar com o tempo! - disse o Stephen.

- Nenhum de nós sabia qual era a sua especialidade até chegar aqui. - completou o Jake.

Começámos a trocar teorias sobre o porquê de termos parado naquele lugar. Espantou-me a quantidade de teorias que eles já tinham discutido anteriormente.

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Passado o que pareciam ter sido dois segundos, já o alarme nos estava a informar que eram 18:00 horas. Hora de voltar para casa. Limpámos a mesa que estava repleta de papéis e passámos pelo portal que nos levava para a tal esquina perto de minha casa. Permanecemos calados e separámo-nos.

Ao longo do caminho lembrei-me de uma coisa: da minha nave. Nunca mais me lembrara dela. Fui a correr para o local onde a vi pela última vez e lembrei-me que esta tinha ficado em modo Slupe.

"Rica vida a minha! Agora tenho de procurar a nave às cegas." - pensei eu.

Por mais que corresse pelo campo esverdeado onde eu aterrara pela primeira vez, sabia que não se encontrava lá nada. Não havia nenhum vestígio da nave. Ou alguém a descobriu e a levou dali para fora (o que eu acho improvável), ou ela regressou, não sei como, para o planeta Ukne. Tinha quase a certeza que não a tinha programado com o "regresso ativo". Mas bem, pelo menos tinha menos uma coisa com que me preocupar.

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Estava uma manhã cinzenta e chuvosa. Hoje a escola tinha um torneio qualquer ao qual eu fui obrigada pelo meu querido professor de educação física a participar. Pelo menos o Caleb era da minha equipa. Cheguei à escola, já com o equipamento vestido, e avistei o Caleb.

- Alex, vou ter com um amigo.

- Com aquele estranho que tens andado a falar ultimamente? - disse ele.

-Oh, falamos mais logo.

Sem lhe dar tempo para responder, fui a correr na direção do Caleb.

- Caleb! Olá! Preparado?

- Oi Luna. Yup. - disse ele sem tirar a vista do telemóvel - Recebi agora uma mensagem da Nara. Parece que eles descobriram uma coisa nova.

-Eles quem? - interrompeu a Alice, a aluna da turma B - Já não deviam estar do balneário? O torneio está quase a começar!

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Foi um dia muito bem passado. A minha turma ganhou o torneio de futebol, o que deixou o Alex um pouco irritado, pois os 11º anos também estavam a competir connosco.

Assim que colocámos o pé fora da escola, eu e o Caleb fomos a correr para o esconderijo.

- Yokh iorew - dissemos quase em sintonia.

Já lá se encontravam todos incluindo o casal e estavam todos a olhar para a tela principal que estava conectada com o computador da Nara.

- Venham ver isto. - disse ela virando o computador, esquecendo-se que tinhamos a tela mesmo à nossa frente.

- "Uhj hinsguh Australia hski hook?" (Olá, estamos a falar da Austrália, alguém aí?) ? - disse eu.

- Comunicaram connosco hoje por volta das 14 horas 9 minutos e 57 segundos, mas ainda não respondemos. Estávamos à espera que tu chegasses, hã... Caleb. - disse a Nara com alguma exitação.

Caleb ficou especado a olhar para a mensagem. Até de longe se percebia que o seu cérebro estava a trabalhar a mil à hora.

- Já fomos pesquisar e Austrália é um país que se encontra na Oceania... - disse Jake, até ser interrompido pelo irmão.

- Um continente que se encontra no Norte, localizado entre os oceanos Índico e Pacífico e é formado por milhares de...

- Ilhas. - disse eu - O Alex já me tinha falado da Austrália. Se não me engano, tem lá uma parte da família.

- Em todo o caso isso também não interessa. Temos é de nos focar na mensagem. Pelo menos já sabemos que estamos a falar com alguém que se encontra neste planeta. - disse Ashley, falando pelo primeira vez desde que eu e o Caleb chegámos ao quartel.

- O que acham? - perguntou o Caleb virando-se para Bela e Anthony (o casal).

- Queres que eu seja sincera? - disse Bela - Acho que não deviamos dar importância ao assunto e sim prosseguir com a nossa investigação. Só nos vai dar trabalho e ainda podem ser uns humanos quaisquer que querem descobrir algo sobre a Base Mãe. Não sei, é o que eu acho.

- Anthony?

- Concordo.

- Então está decidido. Prossigam com o trabalho que andámos a fazer nestes últimos meses e ignorem a mensagem. - disse o Caleb muito serenamente e já a caminho da sua mesa de trabalho.

- O QUÊ?! - dissemos todos, agora sim, em sintonia.