Capítulo 5

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A minha aula de educação física foi mesmo gira! É pena as aulas em Ukne não serem assim. Em Ukne, cada aluno simplesmente entrava numa caixa de 3 Dimensões chamada Hijfuiy, que transmitia imagens e objetos em 3D fazendo com que parecesse mesmo que nos encontrávamos naquele local. À medida que passávamos de nível, mais difíceis estes se tornavam. O nível podia tanto ser perseguir um ladrão como explorar uma casa assombrada. Coisas mesmo bastante aleatórias. Pelo contrário, na terra, todos são obrigados a colaborar uns com os outros.

Ao longo do dia fui conhecendo muita gente nova, nomeadamente um rapaz chamado Caleb. Ele era muito calado, mas, também, muito esperto. Segundo a Alisson, uma rapariga da turma B (eu sou da turma A), ele tem rios de raparigas atrás dele por causa da sua aparência, mas para ele só a escola é que importava.

Na hora do almoço, o Alex sentou-se ao pé de mim no refeitório. Senti novamente uma onda de olhares. Acho que não fui a única pessoa que tinha reparado. Ele também reparou. Rapidamente saiu de ao pé de mim, pois "tinha de se sentar ao lado da namorada". Depois de se ter levantado, quase todas as raparigas que eu tinha conhecido naquele dia, foram ao meu encontro, pousando os tabuleiros na minha mesa.

- Espera, espera, espera... - disse a Alisson - Tu conheces O Alex Mendes?!

-O único e lindo Alex Mendes? - acrescentou uma rapariga que estava ao lado da Alisson que, para ser sincera, não me recordava do nome.

Ri-me.

- Não só o conheço, como estou a viver com ele.

Parecia que os saldos tinham começado mais cedo. Só se ouviam gritos histéricos a vir da minha mesa. Enquanto me ria, visualizei o Caleb sentado sozinho numa mesa a olhar para mim. Levantei-me, disse às raparigas para me seguirem e sentei-me ao lado dele.

- Sozinho? - perguntei-lhe.

- Agora já não. - disse ele com um leve sorriso na cara enquanto comia o esparguete.

Ficámos o que pareciam ter sido horas e horas sentadas a falar sobre tópicos aleatórios. Ainda era o meu primeiro dia e já estava a adorar. Senti uma leve pena pelo Caleb, pois ficava super atrapalhado quando tentava falar connosco, embora isso lhe desse um ar fofo.

O dia pareceu mais uma flecha. Acho que nunca me tinha divertido tanto num só dia. Como o Alex tinha tido tarde livre, não tive remédio se não ir sozinha a pé para casa. Para ser sincera, não me importei nada. Aliás, precisava de algum tempo sozinha.

A meio do caminho pressenti que alguém me estava a seguir. Olhava para trás, mas nada. Estava mesmo a chegar a casa, por isso, era só manter o ritmo e seguir em frente. Quando estava a virar a rua, apareceu-me o Caleb à frente.

- Caleb! Que susto! - disse eu aliviada por ter sido o Caleb a aparecer-me à frente e não um estranho qualquer - Pensava que era alguém mau que me estava a seguir! Como se diz...? Um...

- Ladrão? Raptor?

- Isso! - disse eu ainda a recuperar o fôlego - Que fazes por aqui?

- Por acaso, queria falar contigo. Vens comigo até ali? - disse ele enquanto apontava para uma esquina.

Caleb era um rapaz muito atraente. Tinha cabelo preto e olhos azuis da cor do céu num dia aberto. Era musculado e alto. Mas tinha todo o ar de pessoa tímida que só está bem agarrado a um livro.

Ele levou-me a uma esquina perto de minha casa. Eu não me queria demorar muito, pois tinha de (e desta fez era definitivamente) verificar o estado da minha nave. Não vou mentir, estava com um pouco de receio. Hoje fora a primeira vez que falara com este rapaz.

- Yokh iorew - disse ele.

Eu sabia que aquilo significava "Leva-me para longe" na linguagem Hitu. Hitu, era a lingua que todos os planetas utilizavam para conseguirem comunicar entre si. Como é obvio só a utilizavam em reuniões muito importantes que continham espécies de países diferentes. Independentemente disso, todos nós tinhamos de aprender esta lingua na escola.

Ao dizer aquelas palavras era como se tivesse aberto um portal mágico. Eu e o Caleb fomos levados para uma sala. Uma sala ampla e muito confortável com mesas, sofás e muitos quadros cheios de teorias.

- Podes sentar-te. - disse, por fim, o Caleb.

- Caleb, que sítio é este? E como é que sabes a linguagem Hitu?

Por fim sentei-me na cadeira que possuía uma secretária à frente. Ao fazer isso, o Caleb colocou de imediato uma caneta e uma folha à minha frente. Eu estava a ser posta em prova.

- Tens 50 minutos para acabares esse teste. Achas que consegues?

- O quê?! Não estou a perceber nada! Primeiro explica-me isto tudo! - disse eu muito confusa. Porque é que eu preciso de fazer um teste?

- Depois eu explico-te tudo.

Ainda estava um pouco confusa e baralhada.

- Confias em mim? - Acabou ele por dizer.

Bom, é uma pergunta um pouco difícil de responder, pois veio de uma pessoa que eu acabara de conhecer, mas lá acabei por responder:

- Sim, confio.

Ainda sem compreender nada do que se estava ali a passar, iniciei o teste.

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