A verdade para além das fronteiras

Capítulo 6

Era um teste um pouco estranho. Rapidamente percebi que tinha tempo para responder a cada pergunta, tal e qual os meus testes da escola no planeta Ukne. Comecei por contar quantos segundos tinha para responder a cada pergunta, pois o tempo muda sempre de teste para teste. Quando acaba o tempo, a pergunta evapora-se. Tinha 60 segundos, ou seja, um minuto para resolver cada pergunta. Estas eram variadíssimas, mas tinham todas um tema em comum: o espaço. Felizmente, consegui responder a todas as perguntas sem qualquer problema. Só me ultrapassara uma que perguntava a constituição do planeta S134RF da Galáxia do Girassol, pois, no meio de todo o meu texto elaborado, o tempo acabou e a pergunta e a minha resposta ainda não terminada evaporaram-se.

No fim de ter respondido a inúmeras perguntas, o Caleb decidiu, por fim, dizer :

- Ok, acho que já está bom. Já passaram os 50 minutos.

Retirou o papel da minha frente e colocou-o numa máquina que me era familiar: o corretor de testes. Era só colocar o teste lá dentro e esperar que a máquina o corrigisse por completo.

Tinha acertado em todas as perguntas que respondera. Não fiquei espantada, pois aquele teste era mais fácil do que os que eu estava acostumada a fazer na escola.

- Boa! - disse ele num tom de espanto.

- Agora já me podes dizer o que se está a passar?

Por fim, o Caleb explicou-me que esta sala pertencia a um grupo de 7 pessoas, 5 adolescentes ( ele incluindo) e 2 adultos (que por acaso eram um casal), que foram parar àquele planeta de uma maneira desconhecida, tal como eu. Eles debatiam teorias sobre muitas coisas, sendo, uma delas, o como e o porquê de acabarem por parar naquele planeta desconhecido.

- Desde o momento em que te vi soube logo que eras uma de nós. A maneira de andar, de falar, tudo! Mas mesmo assim não podia arriscar. Tinhas de fazer o teste.

- Ahh... um pouco assustador , mas faz sentido.

- Bom, já são 18:00 horas. Devias voltar para casa. Eu vivo aqui com os outros. Nenhum de nós teve a tua sorte. - disse ele a rir - Se me quiseres visitar já sabes! Já agora, temos reuniões todos os dias às 17:00 horas depois das aulas, mas se quiseres podes vir mais cedo.

- Ok, combinado! Obrigada, Caleb! Adeus.

Aquele não parecia nada o Caleb que eu tinha conhecido naquela tarde. Estava muito mais falador.

- Adeus! Ahh, e não te esqueças, Yokh iorew.

*****

- Onde estavas?! Estava preocupado contigo! - disse o Alex.

- Relaxa rapaz, estava com uns amigos. -disse eu ao mesmo tempo que fechava a porta da entrada.

- Luna! - disse a Mia muito excitada que acabou por me dar um abraço apertado. - Vá, anda! Vamos brincar às bonecas! A minha amiga da escola emprestou-me uma Barbie! Eu sou a loira. Não te importas de ser a morena?

Hoje a Maddison decidiu juntar-se para o jantar. Não tinha nada contra ela, mas ela tinha claramente algo contra mim. Mas quando percebeu que eu era como uma "filha adotiva" acalmou-se logo.

Estava um silêncio absoluto enquanto comíamos o nosso pato, até que, decidi por fim, quebrar esse silêncio.

- Está mesmo bom! Sabe, Sra. Mendes, tem mesmo jeito para a cozinha!

Já não tinha nenhum tipo de receio quando falava com a Sra. Mendes. Acho que, como o Caleb disse, tive mesmo sorte. Sabe Jhio (Deus do planeta Ukne) o que me teria acontecido se não a tivesse encontrado.

- Ahh... obrigada, querida. Sabes... - estava a dizer a Sra.Mendes até ser rudemente interrompida pela Maddison.

- Na minha casa é a minha empregada que faz a comida! Onde já se viu, ser uma mãe a cozinhar... Sabem, ela nem gosta muito de cozinhar...

E todo o jantar foi passado assim. Acho que a Maddison só fazia pausas quando era para comer ou para respirar. Juro, não sei como é que o Alex a aguentava.

- Bom, obrigada Sra. Mendes. Estava muito bom. - dizia a Maddison enquanto se levantava.

Por fim, despediu-se do Alex, dando-lhe imensos beijos que pareciam nunca mais acabar e deslocou-se agora para a porta para sair.

-Adeus, babe.

******

Cheguei ao quarto, deitei-me na cama e entrei logo num sono profundo. Este fora um dia muito comprido e bem passado. Mas não vamos mentir, toda a história do Caleb é um pouco macabra. Afinal, não fui a única a ser "atraída" para a Terra. O que é que isto pode significar?