Dr. Lee Jinki

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            Minho encarou novamente o garoto deitado em sua cama. O encontrara pela manhã do dia anterior durante a corrida pelo parque e por algum motivo o levara para casa. O corte em sua testa não era nada grave como verificou depois ao examiná-lo, provavelmente uma batida. Sabia que não havia agido corretamente na situação e tinha se deixado levar pelas emoções. Como um médico censurava-se por isso, mas algo lhe dizia que estava certo.
          Não entendia porque o garoto dormia tanto. Pela sua avaliação ele estava perfeitamente saudável, no entanto não respondera aos seus chamados. Talvez esteja em choque. Se este fosse o caso então teria que leva-lo para o hospital, como já devia ter feito antes.
          O garoto se remexeu na cama chamando sua atenção. Ele abriu os olhos e bocejou. Ao ver o moreno de pé próximo a porta, ele se encolheu para cima puxando o lençol contra si.
          Minho ergueu as mãos.
-Fique calmo, eu não vou lhe fazer mal. Meu nome é Choi Minho e eu sou médico. Eu lhe encontrei ontem no parque e o trouxe para casa para lhe tratar. Como se sente?
          O garoto olhou em volta assustado. Sua cabeça girava e imagens fora do contexto tomavam sua mente. Algo estava errado. Olhou para si próprio, faltava algo. Tentou se lembrar do que acontecera, mas era como se sua memória tivesse sido apagada. A única coisa da qual se lembrava era de estar sendo carregado por Minho e então a escuridão lhe engoliu. Forçou a cabeça a se lembrar, mas foi tomado por uma dor aguda.
-Ei –Minho o chamou –você está bem? Pode falar?
          Ele se voltou para Minho. Este parecia tão confuso quanto ele. Balançou a cabeça concordando.
-Ah, então você me entende. –Minho deu um sorriso tímido claramente aliviado. -Está com fome? Venha eu vou preparar o café.
          O androide se levantou lentamente e o seguiu para o cômodo seguinte. Na sala, uma grande tela na parede transmitia o jornal. Algo chamou a atenção do garoto. A apresentadora se se destacava ao lado da foto de um homem com traços asiáticos que sorria de modo que seus olhos formassem pequenos arcos. Embaixo, a manchete piscava "Dr. Lee Jinki é detido pela policia e está sendo investigado".
-Após horas de perseguição, a policia finalmente conseguiu capturar Dr. Lee Jinki durante a noite passada. –disse a apresentadora. –Informações sugerem que ele estaria envolvido em pesquisas ilegais. Falaremos com nossa repórter Natália, que se encontra no prédio onde o Dr. Lee está detido, para mais informações.
-Bom dia, Aline! Bom dia a todos! Aqui é a Natália, direto da capital. Ao meu lado temos Kim Jonghyun, o atual advogado do Dr. Lee. Sr. Jonghyun, o que o Dr. Lee tem a dizer contra essas acusações? Bom dia.
-Bom dia. Bom, o Sr. Lee está muito surpreso com as acusações a as vê como sem sentido. Ele é um cientista e o que um cientista faz? Ciência! Ele descobre novas coisas. Um país para continuar se desenvolvendo precisa apoiar a tecnologia. E é isso o que o Sr. Lee vem fazendo.
-Mas que tipo de ciencia ele vem fazendo? Segundo informações ele pode ter criado um novo tipo de robô, um androide com características humanas, isso é verdade?
-Todos sabemos que o Dr. Lee trabalha nessa área de pesquisa robótica, mas não posso afirmar nada relacionado ao seu trabalho. O que posso dizer é que meu cliente é um cientista que preza pelo futuro e pela melhoria da vida humana.
-Muito obrigada, Sr. Jonghyun. –ela esperou ele sair e a câmera se voltou para um grupo de pessoas que se reuniam em frente ao prédio. De repente, entre a multidão surgiu uma figura conhecida. –Ao que parece o Dr. Lee acaba de chegar ao local. Vamos tentar nos aproximar dele.
          A repórter se espremeu entre os diversos jornalistas que se encontravam pelo local, tentando alcançar o Sr. Lee. O homem se destacava altivo entre a multidão. Ele parou com várias câmeras e microfones apontados para seu rosto. Os policiais que o escoltavam já estavam perdendo a paciência.
-Sr. Lee, pode nos dizer o motivo desta investigação? Em que tipo de pesquisa o senhor estava trabalhando desta vez? –indagou um repórter.
-Eu não tenho nada a declarar sobre isso. –respondeu o homem sério. –Acredito que além de invasão de privacidade, estão impedindo o avanço da ciência.
          O grupo de manifestantes começou a gritar e a balançar seus cartazes, impedindo que Dr. Lee prosseguisse falando, os policiais aproveitaram para puxá-lo e leva-lo para o interior do prédio.
–Como podem ver está tendo uma manifestação aqui em frente de pessoas que são contra a inteligência artificial.
A repórter se aproximou do grupo e conseguiu convencer um homem a dar entrevista.
- O senhor poderia nos dizer qual o motivo da manifestação?
-Acontece que esses cientistas estão brincando de "deus". Eles estão criando coisas que não podem controlar. Quem sabe o que acontecerá com a humanidade caso esses androides, como eles chamam, se rebelar contra a raça humana? Nós devemos proteger nossos filhos de loucos como esse tal de Dr. Lee.
-Muito obrigada! Aqui é Natália direto da capital.
- O caso está tendo uma grande repercussão. –disse a jornalista. –Segundo informações, o Dr. Lee Jinki pode ter criado um protótipo novo com caracteristicas humanas, mas este ainda não foi encontrado. Esse tipo de pesquisa foi proibido alguns anos atrás e é tratado como crime grave. A polícia continua com as investigações e teremos novas informações em breve.
          Minho observou o garoto que estava com um olhar fixo na tela.
-Dr. Lee Jinki. Você conhece? Eu era um grande fã dele quando mais novo, eu ainda o admiro, mas não com aquelas fascinação de criança, sabe? Eu queria ser como ele, um grande cientista, mas então acabei me tornando médico. Pelo menos o "doutor" eu tenho, hahaha.
          O outro não riu, ele continuava encarando a foto da tela. Só então, Minho percebeu que o garoto havia pausado a TV.
-Lee Jinki. –ele falou pela primeira vez.
          O médico se aproximou lentamente.
-Você o conhece? –perguntou novamente.
          O garoto balançou a cabeça negando como se saísse de um devaneio. Minho o fitou por alguns segundos antes de se afastar.
          O androide se acomodou em um dos bancos do balcão.
-Então –começou Minho enquanto ligava a cafeteira e pegava os ingredientes na geladeira –qual o seu nome? Sabe onde você mora?
          Ele balançou a cabeça negando.
-Isso complica as coisas. A batida que você levou não passa de um pequeno corte, não é nem de longe suficiente para causar perda de memória. Então ou algo mais grave aconteceu ou... – se inclinou sobre o balcão encarando o garoto. –Você está mentindo pra mim.
-Eu não estou mentindo pra você.
-Então você fala. O que está acontecendo então?
 -Eu não sei. -suspirou. - Não consigo me lembrar de nada que aconteceu antes. Eu não sei onde estou nem o porquê de estar aqui. Também não sei nem meu nome.
-Hmm... –Minho o fitou, ele não parecia estar mentindo. Talvez ele esteja em choque. –Nesse caso precisamos escolher um nome pra você. –ele se voltou para o fogão virando as omeletes. –Que tal Taemin?
          O garoto arqueou as sobrancelhas depois deu de ombros.
-Ok, Taemin. –Minho esticou um prato pra ele e encheu um copo com suco. –Você terá que me acompanhar até o hospital hoje. 

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