O detetive tirou a atenção da mesa computadorizada quando um de seus subordinados se aproximou hesitante.
- E então?
-Não conseguimos muita coisa, senhor Kibum.
-Não conseguiram muita coisa? -indagou respirando fundo para não surtar. Já estava estressado com aquele caso. Com toda a imprensa em cima e o presidente do ministério da tecnologia pressionando, estava perdendo os nervos.
A segurança da cidade estava dividida entre humanos e robôs androides e ambos aprenderam a viver harmoniosamente. Os trabalhos relacionados ao campo eram feitos por robôs e a chefia pelos humanos para evitar conflitos de interesses. Casos que envolviam ameaça a humanidade pela tecnologia eram investigados por equipes especiais composta de pessoas. Kibum questionou-se onde estava a parte especial da equipe dele.
-E o que diabos vocês fizeram nas últimas horas?!
-Bom, nós olhamos as câmeras de segurança das ruas por onde o Dr. Lee passou durante a perseguição e vasculhamos o laboratório dele. No entanto os servidores estão destruídos e a equipe de recuperação de dados está dando duro para recuperar os arquivos. Como o parque em que o encontramos não tem câmeras devido ao código de privacidade local, só conseguimos imagens da entrada e da saída, mas temos razões para crer que elas foram manipuladas.
-Manipuladas? Como assim? Vocês deixaram o cientista maluco ter acesso à rede?
-Não. Mas ele teve alguns minutos de vantagem durante a perseguição, talvez ele tenha feito alguma coisa...
-Ele esperava por isso. -concluiu Kibum, pensativo. -Era como se ele soubesse que ia ser pego.
-Quando se trabalha na ilegalidade você espera sempre pelo pior, senhor.
-Sim, mas tem algo estranho nessa história. -o detetive se levantou e agarrou o casaco pendurado na cadeira.
-Senhor?
-Venha comigo! Iremos ter uma conversa com um certo doutor.
**
Dr. Lee Jinki estava tamborilando os dedos na mesa quando o detetive entrou acompanhado de outro policial que se posicionou no canto. A porta maciça foi fechada em seguida e o guarda tomou posição de vigília do lado de fora.
O cientista abriu um sorriso, mas não se moveu.
-Senhor, Kibum. Gostaria de dizer que é um prazer conhece-lo, mas devido as circunstancias...
-Poupe-me de suas falácias, Sr. Lee. -respondeu o detetive puxando a cadeira em frente ao outro.
-Certo! Mas tenho uma pergunta.
-Qual?
-Ao ser interrogado eu não deveria estar com meu advogado presente?
-E onde ele está?
-Atrasado.
-Temos horário a cumprir.
Encararam-se por um instante até Kibum desviar o olhar, sentia-se desconfortável na presença do outro. Já Jinki parecia se divertir com a situação.
Alguns minutos se passaram até que um homem loiro de estatura mediana entrou arfante.
-Peço desculpas pela demora, acabei enrolado com alguns assuntos. -Lançou um sorriso para o detetive que o olhou com cara de poucos amigos.
Após Jonghyun se acomodar, Kibum abriu um visor holográfico a sua frente.
-Peço que responda as perguntas de modo mais detalhado possível, qualquer mentira ou omissão poderá ser descobertas e usadas contra você. Então, Dr. Jinki, você sabe porque foi detido? Pode explicar?
-Sim. Porque supostamente eu estava fazendo pesquisas ilegais.
-Que tipo de pesquisa você estava fazendo?
-Protesto! -interferiu o advogado. -São pesquisas secretas financiadas por empresas privadas, o vazamento de informações podem acatar em problemas ao meu cliente.
-O seu cliente já está com problemas, caso não tenha notado, Sr. Jonghyun. Então eu sugiro que ele colabore com a investigação e que você não me interrompa a menos que seja extremamente necessário. -o detetive lhe lançou um olhar mortal.
-Você demonstra elevado nível de estresse provavelmente causado pelo excesso de trabalho. Eu poderia argumentar que sua mudança de humor interferiu nos resultados, sendo julgadas de modo pessoal. -rebateu o outro.
-Eu poderia argumentar que você está induzindo o seu cliente a omitir informações relevantes para a continuação da investigação. Ambos estamos aqui para fazer nossos trabalhos, então não torne as coisas mais difíceis. -depois de uma pausa ele voltou-se novamente para Jinki que tinha um pequeno sorriso nos lábios. -Que tipo de pesquisa você estava fazendo ao ser abordado, Sr. Lee?
-Pesquisas na área robótica. Melhoramentos estruturais, dos programas de ações, essas coisas.
-E quanto a androides? O senhor está envolvido em pesquisas que envolvam robôs com características humanas?
-O que quer dizer com características humanas? Existem no mercado androides com aparência humana e, apesar da rigidez das leis que regem essa área, não é algo ilegal.
-Sentimentos humanos. Maquinas capazes de agir como um humano, pensar e sentir.
-Os androides têm noção básica das emoções humanas, mas não são capazes de sentir. Isso seria brincar de deus, não acha? -Jinki lhe lançou um olhar irônico. Kibum não se intimidou.
-Durante a sua pequena entrevista a imprensa, você afirmou que estamos impedindo a evolução cientifica. O que quis dizer com isso?
-Exatamente o que a frase diz. Ao proibir algo, o governo apenas atiça a curiosidade e criatividade humana. Isso que acho tão fascinante em nossa espécie, nossa capacidade de superar barreiras, quebrar limites. Eu te pergunto, detetive: o que te faz humano? O que faz as pessoas serem tão diferentes dos outros seres? A capacidade de raciocínio? A inteligência artificial supera isso todos os dias. O fato de ter emoções, sentimentos? E se eu te disser que isso são apenas processos químicos e biológicos capazes de serem recriados em laboratório? Então, detetive, afinal o que nos faz humanos?
-Você está desafiando algo maior que você, Sr. Jinki. Não banque o Criador, porque as consequências podem ser severas. Nós não podemos ser substituídos por maquinas, pois fomos nós quem as criamos. -ele se levantou. -Acho que terminamos por hoje.
O cientista observou enquanto o outro saia da sala seguido pelo outro policial.
-Sabe, Jonghyun, estão todos com medo de perderem a humanidade, mas mal sabem eles que ela já não existe.
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Fanfiction"Dr. Lee Jinki, após dedicar anos de sua vida em pesquisas, finalmente alcançara o resultado pretendido. Conseguira criar um robô idêntico a um humano normal. Um ser pensante e, além disso, capaz de ter sentimentos. Havia cruzado a fronteira que sep...