"Yeah, they're living the good life. Can't see what he is going through"
[Aaron]
-Aaron aonde você estava?! -Minha mãe pergunta assim que eu bati a porta da sala ao entrar.
-Dando uma volta...- Disse jogando meu casaco no sofá e começando a subir as escadas.
-Vem comer, a mamãe fez seu prato favorito!
-Não estou com fome!
-Você sempre diz isso Aaron.
-E você também sempre diz isso...to no quarto!- Falei batendo a porta do quarto com um pouco de força.
Assim que me via sozinho dentro do meu quarto que estava completamente bagunçado eu retirava a touca que cobria meus cabelos molhados de água da privada, eles haviam ficado assim após eu ter minha cabeça enfiada no vaso sanitário por todo o time de basquete da escola.
Colocava minha mochila sobre a mesa que tinha em meu quarto, mesa na qual eu usava para escrever em meu notebook e fazer as tarefas da escola quando eu ainda as fazia. E assim que ouvia minha mãe subindo as escadas eu me perguntava qual foi o motivo que me segurou de pular daquele viaduto hoje mais cedo. Ouvia batidas nas portas então somente encostava minha cabeça na parede.
-Filho...
-Sim mãe!
-Você passou o dia todo nesse quarto, eu fiz seu prato favorito no almoço...mas você pode jantar ele agora.
-Claro mãe, eu já vou.
Respondo soltando um longo suspiro e assim que ouvi os passos da minha mãe se distanciando eu esmurro a parede, abrindo a pele dos nós dos meus dedos os fazendo sangrar e o líquido viscoso escorrer por entre meus dedos. A imagem da ponta dos meus dedos pingando sangue sobre a madeira da mesa que tinha em meu quarto me hipnotizava por alguns minutos.
Assim que me libertei do transe, corria até meu guarda roupa e pegava uma camiseta qualquer limpando o sangue da mesa e também dos meus dedos que agora doíam por conta dos machucados, porém ignorava a dor e enfiava a camiseta azul, agora com algumas manchas vermelhas em baixo do guarda roupa para que minha mãe não a achasse.
Meu estômago roncava.
Estava com fome e então me lembrava de quantas horas eu já estava sem comer. Talvez um dia e meio.
Corria até minha mochila novamente e de lá retirava um pequeno frasco de vidro com uma etiqueta de papel de caderno, presa com fitas adesivas transparentes aonde estava escrito "Happy Little Pill" com uma letra não muito bonita e tremida. Abria o frasco rapidamente e virava em minha mão, três pequenos pontos azuis caíam em minha mão e eu os jogava na boca, os engolindo sem ajuda de água ou algum outro líquido.
Me jogava em minha cama e colocava uma das minhas mãos dentro da minha calça, enquanto o teto do meu quarto começava a girar. Eu soltava um sorriso. E as sensações causadas pelas pílulas começavam...
O teto rodava. Era como se algo me preenchesse por dentro. A vontade constante de chorar passava. A fome passava. Era como se o mundo cinza que eu vivia ganhasse cores que ainda nem foram descobertas.
Enquanto eu subia e descia minha mão pelo meu pau me dando prazer, enrijecido como pedra, o resto do meu corpo era leve como uma pluma.
Minha pele anestesiada. Nem sentia o lençol em que estava deitado. Entrava em um novo mundo. E por um curto momento todo o sentimento ruim saía do meu corpo junto ao líquido quente, branco e viscoso que saía de mim e escorria pelo meu corpo.

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Cool Kids
Ficción GeneralA vida é uma via de mão dupla de fato, deparar-se com circunstâncias totalmente diferentes a todo momento a faz não perder a graça. Realmente esse livro segue a mesma linha. Pessoas de estados completamente remotos encontraram-se - por isso digo que...