Party

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"Cool kids"

[Cameron]

Depois de passarmos alguns dias naquele hotel de beira de estrada precisamos sair. Caso de necessidade e para nossa segurança. Digamos que roubar um carro aonde se encontra milhares de dólares é uma grande sorte, porém os riscos são maiores. O real dono pode já ter te denunciado, ou o assassinato cometido por Lily pode já ter sido descoberto e talvez a mãe de Aaron já tenha denunciado um possível sequestro já que ele se nega a falar com ela mesmo pelo telefone. E nessas circunstâncias ficar em um lugar aonde seu anonimato não é garantido, não é seguro.

-Aonde vamos? -Lily perguntava colocando sua última mala no banco de trás do carro. O que essa pequena loja do hotel não lucrou durante todos os seus anos, lucrou com Lily em apenas três dias e algumas horas.

-Não sei... -Respondia batendo a porta do lado do carona. Concordamos em mudar os lugares, deixando assim Aaron dirigir, mesmo sendo ilegal (como se roubar um carro ou matar alguém fosse totalmente legalizado).

-Pra primeira cidade sem graça que acharmos! -Aaron dizia e ligava o carro.

Acelerava. Afogava. Acelerava. Carro morria. Ligava de novo. Dois metros. O freio era acionado de repente e eu quase batia minha testa no para-brisa.

-Vamos morrer! -Lily dizia se agarrando nos bancos e apertando firme o cinto.

Aaron afogava o carro novamente.

-Acho melhor eu dirigir! -Dizia tentando manter a calma com o garoto que depois de alguma persistência cedia e eu retomava o volante.

A viagem voltava ao normal, porém dessa vez quem estava ao meu lado no banco do carona era Aaron que permaneceu emburrado parte do caminho até que acabou adormecendo, fazendo uma pequena trilha de baba na janela entreaberta.

Lily enxia a boca com mais um pouco de Pringles, um das dezenas que ela havia comprado e eu apenas balançava minha cabeça em sinal de negação para afastar o pensamento do quanto de farelo eu teria que limpar daquele banco.

Mais alguns minutos se passavam e Lily dormia com a mão dentro da embalagem do salgadinho que comia, e Aaron acordava e ficava o tempo todo a subir e descer minha playlist no celular em busca de alguma música que o agradasse.

Mais alguns minutos e Lily e Aaron estavam acordados. Inferno. Ambos começavam novamente a brincar de "Meus olhos estão vendo..." e ficaram mais ou menos vinte minutos cantando "Wheels on the bus" assim que viram um ônibus escolar passar ao nosso lado enquanto eu o ultrapassava.

Já fazia quase doze horas que estávamos na pista e de duas em duas parávamos porque Lily ou Aaron queria ir no banheiro, esticar as pernas, beber água ou simplesmente entrar em uma loja de conveniência diferente. De tudo os dois faziam uma pequena festa entre eles, e por mais que eu ficasse quase todo o tempo de cara fechada eu me divertia junto, esboçando um sorriso raras vezes.

Aaron estava mais solto.

Lily estava mais divertida, como se não precisasse esconder mais nada.

Eu estava feliz, acho que ganhei amigos verdadeiros pela primeira vez. Não interessados no meu dinheiro ou com minha facilidade de conseguir coisas erradas, seja lá o que fosse essas coisas erradas. E eu também não havia começado a relação com nenhum deles por interesse, apenas de resgatá-los de seus pequenos infernos interiores.

A algumas placas atrás li o nome de uma cidade que pareceu ser entediante e quando entrava na mesma percebia que realmente era uma pequena cidade entediante, com carros de família andando pela rua com seus motoristas cansados voltando do trabalho. Algumas crianças/jovens fazendo nada no que parecia ser a praça central.

Um total tédio. Desértico perto de cidades em que já estive e confesso que durante todo o trajeto fiquei esperando que uma bola de feno atravessasse meu caminho.

-Aquilo é uma casa abandonada? -Lily perguntava quase pulando do carro.

-Sim... -O tédio em minha vez era nítido. Depois de tanto tempo de viagem Lily e Aaron ainda conseguiam estar animados, era como se os dois estivessem o tempo todo ligados a uma tomada de duzentos e vinte volts.

-Vamos explorar? -Aaron perguntava com um ânimo incrível na voz e Lily se empolgava com a ideia.

E ali percebia que uma mini festa dos dois começaria. E no mesmo instante uma ideia me vinha cabeça.

-Lily, procura no Google Maps algum condomínio.-Pedia e a garota prontamente obedecia, me dando um endereço de um que segundo ela ainda não havia sido inaugurado.

-Ótimo! -Respondia e dirigia de volta para uma cervejaria que havia visto a alguns metros atrás. Demorava um pouco comprando tanto tipo de bebida, tanto que alguns vendedores a loja me ajudaram a levar caixas e mais caixas para o porta mala do carro que obviamente já não se encontrava as malas de dinheiro.

Depois de estar com o porta mala cheio de bebidas, voltava para dentro do carro e dirigir até o condomínio em que Lily havia me dado o endereço. Como ainda estava em construção, o portão do condomínio permanecia sem vigia e malas e mais malas de ferramentas estavam espalhadas pelo loca. Pulava a grade que servia como portão e com a ajuda de um alicate que achava em uma das malas dos pedreiros cortava a corrente que trancava o portão. Abrindo no máximo o mesmo e assim finalmente conseguindo entrar com o carro no condomínio. Dirigia até a casa modelo, que já estava perfeitamente construída e obviamente mobilhada. A casa modelo ficava na parte mais alta então não era difícil encontrar.

Adentrávamos a casa e encontrávamos o que deveria ser o guarda da obra dormindo no sofá, Aaron pegava um dos vasos decorativos na mão, porém Lily o pausava e caminhava até o guarda sensualmente. Aproveitava do vestido branco e colado ao seu corpo que usava e se sentava no colo do dorminhoco, deixando o corpo do mesmo entre suas pernas.

O homem acordava assustado, porém logo se acalmava a ver a linda garota em seu colo se oferecendo para seu toque, o trabalhador da segurança logo de animava e desenhava uma trilha de beijos do maxilar até o pescoço de Lily, até Aaron bater com força usando o vaso em sua cabeça, fazendo o homem fardado desmaiar, ele sorria e dava alguns pulinhos de comemoração enquanto Lily e eu permanecíamos sem reação. Eu estava distraído demais em ver Lily sensualizando e ela de certo em sensualizar para percebermos a aproximação de Aaron.

-Sempre quis fazer isso! -Aaron dizia soltando o vaso na mesa de centro da sala.

-E agora? -Lily perguntava.

-Eu tranco ele no banheiro da piscina. -E assim eu fazia, arrastava o homem desmaiado até o vestiário da piscina que ficava nos fundos da casa, e colocava uma boia em volta de seu corpo para que ele não pudesse me mexer, retirava uma das minhas meias e colocava em sua boca também para que ele não pudesse gritar quando acordasse.

Quando voltava para sala, Lily e Aaron estava sentados na sala com cara de tédio.

-Lily, crie uma conta facebook no twitter e fala que está tendo uma festa aqui nesse endereço e marca o máximo de pessoa que conseguir dessa cidade! Aaron vai fazer nossa playlist, liga o som do carro e abre o porta malas. Eu vou trazer a bebida pra cá...

E em questão de minuto nós três nos mantínhamos ocupados, e quando tudo estava pronto ficávamos os três sentados na sala esperando as primeiras pessoas a chegar.

Uma hora se passava. Duas. Três.

Já estava começando a cochilar no sofá quando escultava algo caindo na piscina.

A campainha tocava e quando eu abria a porta, uma multidão de pessoas desconhecidas começavam a entrar sem pedir licença. Pegar as bebidas. Alguns acendiam cigarros. Piscava e já havia pessoas se pegando. Tirando as roupas e pulando de lingirie na piscina.

A festa havia começado.

Cool KidsOnde histórias criam vida. Descubra agora