Say my name

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Quatro dias depois eu já estava me sentindo bem melhor, conseguia me mover tranquilamente e os cortes estavam quase todos fechados. Luara tinha vindo me visitar mais algumas vezes e seu comportamento era, digamos, estranho. Não que eu não gostasse, ela era carinhosa e atenciosa, sempre com um sorriso acalentador no rosto. Era até difícil ser firme com ela, ser Kamyla com ela, mas eu continuava a me esforçar.

Agora eu pegava das mãos da cozinheira um bilhete bem dourado, ela não me disse nada, apenas me entregou, olhando para os lados e pedindo silêncio.

"Me perdoe meu bem, por favor, volte pra casa!" Era o governador, meu peito diminuiu uns centímetros. Não que eu o amasse ou que sentisse sua falta, nada disso, mas tudo o que eu tinha estava lá. Meus diamantes, meus vestidos, joias, sapatos, minha cafeteira, tudo. Eu não podia, simplesmente, deixar tudo aquilo pra trás, eu lutei tanto por aquilo.

Nem sei o que diria a Carmen e a Luara, eles jamais entenderiam. Carmen me ajudou de uma maneira que eu nunca poderia lhe agradecer, mesmo depois de recuperada, ela nem cogitou a possibilidade de me mandar embora ou me cobrar algo. E Luara, bom... Ela não havia repetido a conversa sobre ir embora, aquilo era loucura, mas não sei se ela poderia me perdoar. Tantas vezes eu transei por aquelas diamantes. Merda.

No dia seguinte eu desci as escadas bem cedo, não havia nenhuma bagagem para levar. Carmen devolveu meu celular sem dizer absolutamente nada, nem se despediu, apenas me manteve sob aquele olhar que eu já conhecia bem. Um motorista me esperava em frente à mansão, quando cheguei no apartamento, Henrique me esperava.

-Desculpe! _ Ele disse ao me ver, ao ver minhas marcas. Continuou sentado no sofá, os cotovelos sobre os joelhos. Suspirei e me sentei ao seu lado.

-Não sei se devo ficar. _ Menti.

-Kamyla, por favor, eu investiguei de todas as formas possíveis, eu sei que não há ninguém. _ Olhei pra ele surpresa, aquilo era bom.

-Se você acreditasse em mim. _ Meu tom era de mágoa.

-Mas você não negou!

-Ia adiantar, Henrique? Você não parava, eu fiquei assustada! _ Sobressaltei-me.

-Meu deus! Me perdoa, Kamyla. Nunca mais vai se repetir. _ Suspirei alto e olhei pra ele, meus olhos estavam cheios de lágrimas. Já que a nova Kamyla chorava, por que não usá-las? _ Olhe!

Ele então me estendeu a caixa preta que tanto me fazia bem, dentro havia um lindo bracelete cravejado com os mais gordos diamantes. Sorri imediatamente. Eu estava de volta.

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-O que você está fazendo aí? _ Luara me perguntava, alterada, ao telefone.

-Eu... eu tinha que...

-Kamyla, você tem ideia do quanto... _ Suspiro. _ Do quanto eu gosto de você?

-Lua. _ Gemi, quebrada.

-Você gosta dele não é? _ Havia repulsa em sua voz.

-Não! Não. Mas minhas coisas estavam aqui, tudo que...

-Só pensa nisso?

-Eu trabalhei por isso. É meu.

-Podemos nos encontrar?

-É arriscado! _ Massageei minhas têmporas com os dedos.

-Por favor, Kamyla... Porra! Esse nem é seu nome! _ Irritou-se, me fazendo tremer de leve.

After midnight ✿Onde histórias criam vida. Descubra agora