O Simples Fato de Existir

Jornada

Querida Anna,

Ainda lembro-me o jovem que fui, digo-te que eu não me orgulho por ter cometido tantos erros, mas tenho orgulho por ter aprendido com cada um deles. Eu tinha 18 anos na época em que te vi pela primeira vez, eu era um delinquente, morava sozinho e não importava-me com o mundo a minha volta nem se as pessoas sentiam algo ou não, mas quando você apareceu importei-me com algo mais além do meu próprio nariz. Nos esbarramos nos portões da escola, você estava correndo e bateu em mim, molhou toda minha calça com seu suco verde, pela barba do profeta, o que era aquilo? Suas coisas caíram no chão e não te ajudei, estava furioso por ter feito-me passar vergonha, foi então que quis te humilhar. Um garoto esquisitão estava passando e em suas mãos levava uma garrafinha de água que aparentava estar gelada, não pensei duas vezes e virei em sua cabeça. Todo seu material molhou, você deu um pulo de susto, as pessoas riam eu fiquei confuso, era mesmo isso que eu queria? Você não bateu-me, não gritou, apenas pegou suas coisas, pediu desculpas e se retirou. Você era apenas uma garota novata, com o tempo seria como todos os outros da escola, idiotas.
Calça molhada, o que mais faria na escola? Voltei para casa, mas sem esquecer dos seus olhos cor de esmeralda.
Eu era um perfeito idiota, como todos os outros. Não era moda ser idiota, era contagioso. Eu estava cansado das mesmas coisas, das mesmas pessoas, de tudo sempre igual. O jovem sempre quer algo diferente, viver algo novo, conhecer pessoas novas, chega de tudo igual. Eu não era diferente, apenas queria que tudo não fosse sempre a mesma coisa. Você apareceu Anna, mas acreditei que seria igual a qualquer um, o que não foi.
Eu fui cego de não perceber que o que eu sempre quis, estava debaixo do meu nariz. Preferi trilhar um caminho de dificuldades sozinho. Pior do que enfrentar tempestades sozinho, é não ter alguém para desfrutar do arco-íris...