***SEM REVISÃO***
Savana é uma mulher independente, firme e de decisões... ao menos é isso o que ela vem tentando ser para tudo e todos a anos, mas por trás da aparência de mulher forte ela esconde uma mulher com segredos e inseguranças que carrega...
Ainda estou tentando acreditar nessa lenda urbana.
Coisa que se torna cada dia mais difícil pois estou cercada sempre dessa gente que quando fica junta não para de sorrir e me abraçar.
Ao menos as filhas dela me amam.
É o que sempre concluo quando entro na casa de Jane, Melinda tem 13 anos e olhos claros como os do pai, ela é a primeira a me abraçar, ri tanto que suas bochechas formas bochechas dignas de apertos, Andressa vem gritando feito a histérica que é, ela é a mais velha, tem 17, a primeira filha dos Wagner tem cabelos mais claros que os da irmã e longos, é alta e usa leguins com desenhos de ursinhos, tem a minha pequena Marissa, com 10, ela infelizmente herdou a cara de lesada do Sebastian, é, eu tento sempre encobri-la de defeitos pois ela é a criança mais linda das quatro, tem os olhos dele, a boca dele e seus cabelos escuros, posso jurar que mesmo a quilômetros, das três quando sorriem, ela é a que mais se parece com o pai, também tem a Janice, que tem seis anos, a mais nova, é loira como Jane, mandona como Jane, mas tem os olhos do Sebastian, isso a torna muito cativante.
O lado bom nisso tudo são as minhas afilhadas, eu apesar de ser muito ausente—fisicamente—sempre converso com elas por e-mail, vídeo chamada, chat, tudo, estamos sempre conectadas.
—me deixe vê-las.
As vezes quando lembro que as segurei no colo e lentamente as vi crescer durante esse tempo, sinto-me uma completa boba, elas ficam lado a lado de forma que a maior fica numa ponta a mediana no meio e a menor na outra ponta e sorriem, seus olhinhos cobertos de felicidade.
São lindas.
—Meu Deus Marissa, você cresceu dois centímetros querida!
Elas riem e vem me apertar de novo.
Não sou uma madrinha assim tão legal, sou mandona e ausente mas eu sempre tento quando venho fazer com que estejam felizes.
—olha quem chegou.
Sebastian Wagner entra na sala usando um jeans folgado, eu poderia dizer que esses foram os 13 anos mais bem investidos por ele mas infelizmente eu não posso, os lábios dele se curvam num sorriso tímido, e desvio o olhar nesse exato momento pois me sinto uma pecadora ao olha-lo assim.
Não devo olhar pro marido da minha amiga, não é certo.
Janice vem correndo e me agarra também, ela está sem os dois dentes de cima, um deles já nascem, é loira e perfeitinha como Jane, me lembra muito ela quando pequena, feliz ou infelizmente Jane sempre foi uma garota adorável e querida, diferente de mim, que em metade da minha infância fui detestada, e na outra vivia de castigo na escola pelas traquinagens.
Claro, Jane nasceu num berço coberto de amor e carinho, cercada por pais equilibrados e gentis, enquanto eu fui criada por uma mãe alcoólatra, não gosto de pensar dessa forma em relação a minha mãe, hoje, ela e eu não somos próximas contudo, nem sempre me sinto no direito de omitir a verdade de ninguém, ela bebia muito, meu pai nos largou quando eu tinha 3 anos por conta disso, e eu só fui melhorar de vida quando fiz 17, logo que fui pra faculdade.
Jane entra na cozinha, assim, eu não curto muito destilar inveja mas é complicado, ela nunca se quer me deu a chance de me sentir bonita na vida, mas os anos foram passando e parece que cada vez ela está ainda mais bem cuidada e linda.
Cabelos loiros e lisos, olhos azuis e claros, peitos de silicone—ela colocou depois que teve a Janice—e pernas de darem inveja, mas realmente o que mais cativa em Jane com certeza é o sorriso dela, ela é muito doce enquanto sorri.
—oi estranha!
—oi Jane.
Parei com as brincadeiras a um tempo, foi necessário, era muito ruim ser íntima de Jane e ouvi-la falar de sua vida com Sebastian, dos anos felizes de casamento, das infinitas surpresas que ele fez pra ela no decorrer dos anos, tudo isso me machucava muito e ainda machuca, mas ela nunca parou de me chamar de "estranha" ou de "Severa".
Não foi culpa dela, nada disso é culpa dela, apenas nos apaixonamos pelo mesmo cara e ela conseguiu primeiro que eu, hoje ela é feliz com a vida dela, e eu me sinto confortada com isso, pois não me imagino sem as minhas afilhadas.
—eu trouxe presentes pra todas—digo mudando o rumo do meu pensamento.
Escuto os latidos de Boris, eles já tiveram três cachorros, a sonsa da Jane deixou um se afogar, o outro ela perdeu, Boris sobrevive nas mãos dela a cinco anos, é um Pug com cara de pidão, ele se enrosca nos meus pés todo alegre, gosto de Boris.
—não merecemos um abraço?—Jane pergunta timidamente.
Não quero abraçar Jane, sempre que nos abraçamos me sinto culpada, mas parece estranho e inevitável, as meninas se afastam e ela se aproxima, tento sorrir enquanto abro os braços, ela me aperta com força.
—senti sua falta Estranha.
—também senti sua falta Jane.
Me sinto robótica, sou boa em disfarçar as emoções, ela me solta e se afasta, Sebastian abre os braços pra mim e reviro os olhos.
—sem chance?
—argh cara que nojo!
As meninas riem, eu tento sempre manter meu corpo bem longe do dele, no ano passado quando ele me abraçou durante uma visita eu sentia que deixava minha alma pra trás, tive que ir ao banheiro mais próximo e chorar um pouco, disse que tive uma reação alérgica a mudança de clima e fui embora mais cedo, toda vez que Sebastian fica muito perto é um sofrimento.
—nem umzinho?
—esquece!
Faço pouco caso e me afasto indo para as minhas afilhadas, me sento no sofá e Andressa vem correndo pra cima de mim.
—madrinha eu estava morta de saudade...
Elas começam a falar ao mesmo tempo, a alguns anos elas tem sido meu maior motivo pra prosseguir, pra tentar ser feliz, e eu não mudarei isso por nada, Sebastian e Jane Wagner são casados e permaneceram casados, eles nunca saberão do meu segredo, e eu tenho certeza que tudo é muito melhor assim.
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