Anti-romântico?

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Comédia romântica contendo homo afetividade em seu conteúdo. 

Totalmente fictício, narração em primeira pessoa por Avilson Júnior, ou Abi para nós que já somos íntimos.  ;-)

Por Abi...


É impossível falar do presente sem mencionarmos o passado. Não tive um passado trágico ou do qual me envergonho, apenas o valorizo como sendo o momento onde pude aprender a ser uma pessoa melhor.

A minha história não é um romance porque não busco isso. Busco ser feliz com o que tenho nas mãos e se estou sozinho, creio eu que é por uma boa razão. 

Quem procura acha!

Nasci Avilson Júnior, incrível não é? Então meu pai se chamava Avilson, né? Não! Sou filho de mãe solteira, uma guerreira, minha musa, minha diva e meu pilar mais forte.

Mamãe, dona Julia não foi a mãezinha convencional, recatada ou dona de casa, ela foi mãe e pai, me colocando em primeiro lugar na sua vida difícil. Ou seria vida fácil? Afinal ela se prostituía para me sustentar. Eu passava a primeira infância na escolinha da prefeitura em tempo integral e ela ia pra "guerra". Era uma mulher alegre, bem vestida, linda, cheia de luz, mas solitária. Com quatro ou cinco anos, eu não fazia ideia do que ela passava enquanto eu era uma criança feliz.

Houve um momento, por volta de quando eu tinha seis anos,  que fiquei sozinho por uns noventa minutos num dia de feriado, pois ela teve que "atender" uma pessoa. O que consistia o "atender" uma pessoa, para mim não faria o menor sentido se ela me contasse. Foi a primeira e única vez que ela me deixou vendo TV por aquele tempo, o tempo de um programa e então chegou em casa com a cara muito machucada. Me deu uma bronca, uma palmada na bunda e me pôs sentado de castigo numa cadeira da cozinha por eu ter derramado leite ao tentar preparar um achocolatado.  

Eu chorei um pouco, mas sendo criança, mágoas não duram muito tempo e eu me acalmei. O tapa não doeu, só que fora o primeiro e ela estava chorando.

— Mamãe tem esse dodói na sua bochecha, vem aqui que eu dou beijo e passa. — Eu não tinha medo dela e falava da forma mais madura que podia para seis anos. Julia se ajoelhou na minha frente e chorou. Chorou até o rosto ficar inchado e um dos olhos no qual havia um hematoma escuro, não abrir.

— Desculpa Abi, meu bebê. Meu anjo, a mãe faz tudo errado. Eu te amo tanto, tanto. Perdoa a mamãe. Eu vou achar outro emprego, ai meu Deus o que eu tô fazendo com o meu filho?

Eu só fazia, dar carinho em seus cabelos escuros e ser abraçado com força esmagadora.

Um tempo depois, mamãe fez curso de cabeleireira e manicure e montou um mini salão na garagem da edícula que alugou para viver comigo. Julia era linda e não demorou a chamar a atenção de um macho. Tio Abreu.

Tio Abreu não era nem feio e nem bonito esteticamente, era amigável e tinha a vida estabilizada. Saímos do aluguel e viramos uma família feliz. Finalmente eu tinha um pai. Infelizmente a família dele não aprovava o relacionamento dele com minha mãe e por isso houve alguma tensão entre ela com aquela gente.

Três anos após, tio Abreu morreu num acidente de trânsito e na maior mesquinharia, nos deram um prazo para sair daquela casa. Trinta dias. O orgulho de Julia nos tirou de lá em apenas dez dias e nossa vida seguiu.

Outro momento que não consigo apagar da memória foi quando ela locou uma casa que ficava no mesmo terreno do casal dono do imóvel. No período da tarde eu ficava vendo TV, pois estudava pela manhã. Faço parte daquelas crianças que a mãe se obriga a deixar aos cuidados de outras pessoas. Aquele casal já tinha filhos adultos, nossas casas não tinham um muro que as separava e dessa forma eles vinham me dar uma olhada de vez em quando.

Com quem Abi vai ficar?Onde histórias criam vida. Descubra agora