Duas Almas E Um Destino - WayHaught

A primeira troca de olhares

Enquanto descansava a cabeça no banco da última poltrona do ônibus. Nicole mergulhava em seus pensamentos sem medo algum de se afogar. "É um novo começo" pensava a doce garota dos cabelos cor de fogo. Nicole era dona de um corpo esbelto e de uma beleza notória, com sua pele pálida e seus olhos cor de mel que combinava perfeitamente aos seus belos cabelos tão ruivos quanto poderiam ser, um pouco abaixo da altura do ombro.

Sentada ali no fundo daquele ônibus completamente vazio ela tentava deixar parar traz as magoas que carregava e incertezas sobre o futuro. A moça estava disposta a se dar a chance de um novo começo, e era exatamente isso que ela estava fazendo, apesar do peso que carregava em seu peito.

Era meia noite e cinco, ela checava pela milionésima vez em seu relógio, logo seria o seu primeiro dia no emprego novo, o inicio da sua nova vida.

Passara a vagem inteira olhando a vastidão pela janela, quando ela pode ver algumas luzes no horizonte "chegamos" pensou aflita quando uma onda de nervosismo invadia seu corpo fazendo suas mãos suarem e tomando o espaço que antes era da calma e da certeza de estar fazendo a coisa certa. Quanto mais as luzes se aproximavam mais aumentava os arrepios que percorriam sua espinha sem dó.

- Última parada! Disse o motorista voltado para a única passageira no veículo. - Chegamos moça, bem-vinda a Purgatório.
Ao ouvir o senhor desferir aquelas palavras ela sentiu um gosto metálico na boca. E com um sorriso nervoso atravessou o corredor do ônibus em direção a saída.
- A moça tem onde ficar? - Disse o senhor ainda sentado ao volante, sua voz era agradável não soava com um velho pervertido ou algo assim, era mais como um avô gentil.
Ela se perdeu nos pensamentos enquanto os organizava em sua mente enquanto isso o senhor a observava imóvel.
- Sim, tenho sim senhor.
Ele sorriu.
- Tenho uma boa noite moça.
Ela assentiu com a cabeça e observou enquanto ele fechou as portar do ônibus e seguiu a rua até sumir no escuro da noite.
Observando o vazio do lugar, a ruiva respirou fundo enchendo os seus pulmões com o ar gélido, abraçou a si mesmo num ato desesperado de afastar o frio e arrependeu-se de não estar vestindo um casaco.
Observou-se de cima abaixo tentando entender do porquê de todo aquele frio, ela usava um tênis All Star preto, um jeans skinny e uma camisa de mangas curtas de uma banda de rock que nem a mesma sabia o nome.
Após alguns segundos ali parada ela olhou de um lado para o outro da rua e seguiu o caminho contrário que o ônibus havia feito a pouco.
Enquanto caminhava pelas ruas escuras da cidade, sua mente desejava vorazmente uma xícara enorme de chocolate quente, quem sabe até com creme e marshmello. Porem ao ver o deserto da cidade logo calculou que não havia nenhum estabelecimento aberto aquele horário.

Após alguns minutos caminhando pode perceber um movimento a alguns metros a sua frente, parecia ser um bar com uma fachada que ela não conseguia ler, haviam algumas pessoas na porta, parecia uma briga. Ela estava completamente exausta da viagem, mas pensou que talvez em um bar lotado ela não se sentiria tão sozinha.

"Porque não?" Pensou em voz alta enquanto se aproximava do lugar a passos lentos. Já em frente ao estabelecimento, ela pode ver três homens na porta e o que parecia uma briga antes agora estava mais para conversa entre bêbados, que gritavam e se abraçavam ao mesmo tempo. Se esquivou entre eles e adentrou.

Caminhou até o balcão fitando cada canto do lugar e os que ali estavam. Um grupo de amigos jogando sinuca, um casal em um clima bastante romântico em um canto, e alguns senhores bebendo no balcão. O lugar era agradável, mais do que ela imaginou que seria olhando-o de fora.

Aproximou-se do balcão e sentou no banco mais afastado dos senhores, soltou sua mala ao lado dos seus pés, com seu corpo e contra o balcão sentiu sua cabeça pesar e a encostou sobre o mesmo, Não havia muito barulho, uma musica agradável ao fundo, alguns sorrisos doas senhores ali perto, ela respirou fundo e sentiu a saliva descer grosseiramente pela garganta. Logo foi interrompida por uma voz gentil.