Fim da solidão

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Waverly mal podia conter seu belo sorriso para si de tanta felicidade, ela radiava uma aura luminosa que chamava atenção de todos no Shortys. Ela sempre tinha aquele belo sorriso estampado, era como se fosse a sua marca registrada, mas naquela tarde em especial seu sorriso era de tirar o folego. Apenas alguns segundos a olhando e você estaria sorrindo junto de tão contagiante que aquele sorriso era.

Saltitava de um lado para o outro do salão, esbanjando sua felicidade para os clientes. Inicialmente o motivo da sua felicidade era a chegada surpresa da sua irmã Wynonna que há muito não via, porém agora, entre um atendimento e outro ela via flashs daqueles olhos penetrantes cor de mel, um sorriso convidativo e os cabelos cor de fogo, e a cada flash ela soltava um breve suspiro e voltava a si.

Agora ali perdida em seus pensamentos, apoiada no balcão do bar, foi completamente desconectada de seus por ninguém menos que Champ, o seu namorado.

- Ei baby, te espero lá em cima depois do expediente? – Esboçou um sorriso malicioso.

Champ era um cara aparentemente legal, aquele tipo de garoto popular que se acha mais bonito do que verdadeiramente é, resumindo, o estereótipo de jogador de futebol da escola, rei do baile, mais cobiçado, porém depois do colegial, se tornara completamente insignificante. Não era inteligente e dificilmente teria um futuro promissor.

O relacionamento entre eles não era de todo ruim, mas desde o início a Waverly sabia que merecia algo a mais, o Champ basicamente só pensava nele mesmo, para ser mais exata nas suas necessidades, a maioria das vezes ela simplesmente fazia vista grossa e por fim fazia as vontades dele, mas com o tempo ela começou a se sentir sufocada com as ações do rapaz. Apesar das situações desagradáveis, vez ou outro eles brigavam, mas a brigas não eram duradouras, e apesar de tudo ela nunca havia pensado em termino, talvez por medo de ficar só.

Ela vasculhou a mente a procura de algumas desculpas, encarava o rapaz a sua frente que agora se distraia arrumando o cabelo no reflexo de uma colher. Ela revirou os olhos para aquela imagem e respirou fundo.

- Sabe o que é Champ, hoje não vai dar.... Fica para próxima.

A garota deu de costas e foi em direção de um rapaz que pedia uma cerveja do outro lado do balcão, Champ deu a volta e invadiu o espaço de dentro do bar puxando a pequena pelo braço.

- Ah, que é isso meu docinho, vai deixar seu Champzinho na mão? – Falou enquanto puxava a Waverly para si, segurando-a com uma mão na cintura e outra na sua nuca. Em outro momento talvez a Waverly adoraria a situação e o beijaria, mas naquele momento ela não sentia vontade nenhuma de nem mesmo estar próximo a ele.

O afastou bruscamente com as duas mãos em seu peito empurrando-o para longe de si, deu uma olhada em volta, para os clientes que agora voltavam seus olhares para a cena criada pelo garoto. Disfarçou com um sorriso forçado e sussurrou.

- Eu disse que não... – Respirou fundo, ajeitou seus cabelos para traz e continuou. – A Wynonna está aqui e eu quero passar um tempo com ela.

- Tá, mas e quanto a seu namorado em? Sabe a quanto tempo a gente não passa um tempo junto? – Resmungou.

- Eu não estou com cabeça para isso agora, melhor eu voltar ao trabalho antes que o Shortys me dê uma bronca.

O rapaz a encarava com um olhar de desapontamento, que foi totalmente ignorado pela mesma. Na verdade, ela não sabia onde a Wynonna estava, bêbada em algum lugar talvez, se metendo alguma confusão.

Wynonna teve um passado complicado, a alguns anos a propriedade da família foi invadida por um grupo de ladrões, numa tentativa desesperada de salvar seu pai que estava sendo arrastado para fora da propriedade junto com sua irmã mais velha Willa, Wynonna disparou tiros na direção dos bandidos, porem infelizmente acertou em seu próprio pai. Após acidentalmente matar seu pai, Wynonna começou a apresentar um comportamento agressivo, se envolvendo em brigas e outras situações. Foi mandada de reformatório em reformatório até ter idade suficiente para cuidar de si mesma, e depois disso ela mantinha o máximo de distância daquela cidade. No final a pequena acabara só, não literalmente, pois havia sido criada por sua tia junto com a Willa, que após a tragédia vivia em seu próprio mundo, e assim que teve idade foi morar sozinha na cidade.

Mesmo entendendo os motivos completamente justificáveis da irmã, Waverly lamentava a profunda magoa deixada pelo vazio da ausência dela. Apesar dos sentimentos aflorados sobre as situações mal resolvidas a pequena sentia-se imensamente feliz por ter sua irmã por perto novamente. Mesmo com os seus vários sumiços.

Após o expediente cansativo no Shortys Waverly foi direto para casa, como já havia deduzido a Wynonna não estava, nem sua tia. Tomou um longo banho quente e se jogou na cama ainda enrolada na toalha. Fechou os olhos por uma fração de segundos que foi o suficiente para ter seus pensamentos invadidos pela imagem dos profundos olhos cor de mel da Nicole.

- Nicole Haught! – Sussurrou.

Após pronunciar aquelas duas palavras teve seu corpo tomado por uma onda elétrica que fez todo seu corpo arrepiar, ao mesmo tempo em que soltava uma bela e extravagante gargalhada, em seguida tapando a boca com uma das mãos o quando percebeu o quão alto sorria.

Abriu os olhos e mesmo fitando o teto podia ver aquele sorriso diante dos seus olhos, ficou impressionada sua mente havia gravada cada detalhe da ruiva, desde o sorriso hipnotizante, os olhos penetrantes, aquela doce marca de nascença localizada um pouco abaixo do seu olho esquerdo. Interrompeu seu pensamento sentindo-se ainda um pouco confusa em relação como se sentia sobre a ruiva. Foi até seu armário, vestiu uma calcinha confortável e uma camisa enorme que um dia já havia sido do Champ, mas pelo tempo que habitava ali já era dela por direito, além de ser muito confortável para dormir. Alguns minutos após deitar seu pensamento novamente viajava até a imagem da ruiva, agora menos sorrisos por conta do nervosismo.

Nicole carregava o fardo da solidão desde que havia chegado a cidade, sem família ou amigos, se via completamente sozinha. Ao menos no trabalha ela tinha com o que ocupar a mente, mas a chegada à noite em casa estava se tornando uma rotina extremamente sufocante tediosa.

Teve nos pensamentos uma válvula de escape quando se lembrou do encontro de mais cedo com a Wayverly, deixando escapar um breve sorriso de canto de boca, mas logo a imagem da briga que a Wayverly havia tido com o namorado na primeira noite da ruiva a cidade veio na memória.

- Um garoto homem! – Não conseguiu conter o riso ao lembrar da garota se enrolando nas palavras, que deixava claro o quão a ruiva a deixava nervosa.

Sentada em sua varanda observando o vasto céu estrelado, contemplando quão a noite estava deslumbrante e ela não tinha com quem dividir. Ouviu um barulho nuns arbustos não muito distantes da casa, se aproximou com cautela a passos bastantes lentos e se encantou quando viu aquele fofo gato alaranjado de olhos amarelados, se espantou com a semelhança entre ambos.

Nicole agachou-se vagarosamente, e lentamente estendeu as suas mãos para o felino, que de início a estranhou, mas logo estava a esfregar-se nas mãos da moça. Abraçou-o com delicadeza e o levou para dentro, onde preparou um belo pote de leite e ofereceu ao felino. E se nenhum êxito ele devorou cada gota que havia no pote. Mais tarde já em sua cama, sentiu seu coração transbordar ao ver o felino aninhando-se na coberta sobre seu peito. Ela já não se sentia mais tão só como antes.

Duas Almas E Um Destino - WayHaughtOnde histórias criam vida. Descubra agora