6. Standing in the way of a riot, just a shadow of ourselves.

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Acordei e as lembranças do meu passado não me assombravam mais, em partes. Decidi sair para tomar um café da manhã, precisava de um momento sozinha. Fui para uma cafeteria no centro da cidade e sentei no balcão enquanto esperava meu pedido. A cidade estava parada, as poucas pessoas que passavam pela rua estreita em que a cafeteria se encontrava pareciam não ter pressa, ou até mesmo não ter um rumo definido.

Estava pensando no que escrever para o trabalho, afinal eu estava nessa viagem não só para descansar, mas também para descobrir o que acontecera com o fim da minha banda favorita. Me sentia um monstro só de pensar nesse assunto, o meu eu adolescente nunca aprovaria o que eu estava fazendo ultimamente.

Meu celular vibrava com mensagens chegando, era Ellie perguntando se eu estava bem, já que saira sem avisar a ninguém para onde ia. Meus dedos digitavam rapidamente uma resposta quando ouvi uma voz um tanto quanto conhecida fazendo um pedido ao meu lado, virei meu rosto discretamente para confirmar minhas expectativas e, sim, era ele mesmo sentado ao meu lado. John tomava seu café e mexia no celular com uma cara de preocupado.

- O que te aflige, John O'Callaghan? – Perguntei.

O rapaz pulou da cadeira com um susto, já que não esperava que alguém o abordasse dessa forma. John vestia uma camiseta branca de mangas longas, o que escondia grande parte de suas tatuagens, seu cabelo estava bagunçado, como se ele tivesse se preocupado muito pouco em penteá-lo após o banho. Uma mão repousava ao lado da intocada xícara de café, enquanto a outra segurava com força o celular. Assim que me viu, sua feição mudou e tornou-se mais leve.

- Você é a amiga de Pat, certo? Me deu um susto daqueles agora...

- Desculpe, não queria te assustar, só te vi aí sentado com uma cara feia para o celular e resolvi puxar papo.

- Ah sim, claro, nós já nos vimos umas três vezes, mas nunca chegamos a conversar diretamente.

- Acho que esse é um bom momento para mudar isso, não acha John?

Um breve sorriso saiu de seus lábios e consequentemente me fez sorrir também. Não acredito que eu tinha dezessete anos novamente e estava sem reação com o sorriso de John O'Callaghan.

- Me desculpe, mas eu não me lembro do seu nome.

- Meu nome é Adeline, mas normalmente me chamam de Adele.

- Como a cantora?

- Sim, mas é uma pena que eu não cante tão bem quanto ela.

Quando eu era mais nova, sempre achei que a causa de minha morte seria John O'Callaghan, pois bem, eu estava certa. Eu iria morrer ali mesmo e nem teria a chance de terminar o café e o bolo que pedi minutos antes.

Começamos uma leve conversa sobre como as músicas da Adele eram tão sofridas e como muitas vezes nos identificávamos com aquela situação e parecia que nunca encontraríamos a pessoa certa, até que John me perguntou sobre o que eu e Pat tínhamos.

- Como assim, John?

- Bom, Pat sempre me dizia de uma amiga dele de Nova York e você está aqui agora... Vocês não são só amigos, né?

- Então você acha que um homem e uma mulher não podem ser apenas amigos? Que, como nos conhecemos há anos e eu estou hospedada em sua casa, consequentemente nós temos algo além de amizade, é isso? Que rude pensar assim, John...

- Não, Adele, mil perdões, não foi isso o que quis dizer. É que Pat sempre falava de uma amiga de Nova York e deixava a entender que não era só amizade, eu logo pensei que era você.

- Olha John, desde que o conheço, ele é muito fechado em relação a isso, você o conhece há mais tempo que eu e também deve saber, mas o que eu acho é que ele acabava me usando como desculpa para visitar várias amigas em Nova York e, para evitar algumas perguntas, dizia ser sempre a mesma. Mas sim, nós nos encontramos sempre e ele é meu melhor amigo, só isso. Já me ajudou em muitas situações difíceis por aí, assim como eu também o ajudei.

- É verdade, eu o conheço há muitos anos, mas de uns tempos pra cá nos afastamos, parece que cada um seguiu um caminho diferente.

Em um estalo percebi que aquela era a chance de descobrir algo mais sobre o paradeiro de John nos últimos anos, eu precisava agarrar essa oportunidade com todas as forças.

- Como assim? Pat está na mesma desde sempre, agora sua vida está mais movimentada por conta do karaokê, mas desde o fim da banda que ele fazia parte ele continua com a mesma rotina.

- Bom, Adele, digamos que quem tenha tomado outro rumo fui eu, não sei se você sabe, mas eu também fazia parte dessa banda e tivemos algumas desavenças que fizeram com que nos separássemos, precisei viajar várias vezes para resolver alguns problemas pessoais e isso acabou atrapalhando o andamento da banda, resumidamente.

BINGO.

- Mas agora você voltou, parece que então finalmente as coisas se acertaram?

-Muito pelo contrário, Adele, as coisas só estão piorando. Quando estava na Califórnia com Eric, descobrimos algumas coisas muito importantes sobre esses assuntos e agora voltei para mostrar a verdade a todos.

- John, você está me deixando curiosa com todo esse mistério, isso não se faz!

- Calma, quase ninguém sabe sobre isso, mas por pouco tempo. Logo você descobrirá.

- Eu espero mesmo ficar sabendo de tudo antes de voltar para Nova York.

- Ou quem sabe sua curiosidade não a faça voltar mais vezes para nos visitar...

- Esse seria mais um motivo entre vários, eu acho...

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