Capítulo - 3

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Num momento, ela estava adormecida e sozinha. No seguinte, acordada, e embaixo de Hawk, que, rápido como mercúrio líquido, e silencioso, deitara-se sobre ela, cobrindo-a completamente com seu corpo. Com uma das mãos, ele tapava-lhe a boca, e com a outra pressionava a ponta de uma faca contra seu pescoço.

— Se ousar respirar forte, mato você. – Murmurou-lhe ao ouvido.

Ela acreditou.

Na escuridão, os olhos dele emitiam um brilho gelado, insensível. Ela moveu a cabeça ligeiramente, indicando que compreendera. Mas ele não relaxou a mão sobre sua boca. Ao contrário, seus músculos ficaram mais tensos.

O motivo de tudo aquilo tornou-se evidente instantes depois, quando ela ouviu o ruído de um veículo que vinha pela acidentada estradinha de terra, em direção à clareira. A luz dos faróis refletia nas árvores que a ladeavam. Ergueu-se uma nuvem de poeira, quando o carro parou com uma freada brusca. As portas abriram-se.

— Levantem-se e ergam as mãos.

A aspereza militar da ordem surpreendeu Miranda. Ela arregalou os olhos, fitando Hawk. Ele estava xingando baixinho. Receava a mesma coisa que ela, que as vozes despertassem Scott.

Miranda rezou fervorosamente para que o filho continuasse dormindo. Se ele acordasse e começasse a chorar, não havia como prever o que poderia acontecer. Uma bala perdida poderia atingi-lo, na inevitável troca de tiros entre os sequestradores e os homens que estavam à procura deles. Ou, talvez, percebendo que sua missão falhara, Hawk, que não tinha nada a perder, decidisse levar todos com ele, quando tombasse.

Ela o olhou. Ele seria capaz de matar uma criança a sangue frio? Observando a linha dura e implacável de sua boca, ela se sentiu enregelar, chegando à conclusão de que ele seria capaz de tudo.

Por favor, Scott, não acorde.

— Quem são vocês? O que estão fazendo aqui? 

Hawk, aparentemente, escolhera seus comparsas por suas habilidades teatrais. Eles estavam fingindo que haviam sido arrancados de um sono provocado pela bebida, mas Miranda deduziu que, assim como Hawk percebera a aproximação do veículo, eles também tinham percebido. Responderam às perguntas, aparentando estar confusos com o interrogatório, até que suas respostas sem nexo fizeram os policiais perderem a paciência.

— Pelo amor de Deus, é apenas um bando de índios bêbados! – Um homem da lei disse ao outro. — Estamos perdendo tempo.

— Viram um grupo de 6 ou 7 homens a cavalo, hoje? – Um dos policiais perguntou. — Vindo daquela direção?

Os índios trocaram algumas palavras entre si, em sua própria língua, então um deles respondeu que não haviam visto nenhum homem a cavalo.

Um policial bufou.

— Bem, muito obrigado. Mantenham os olhos abertos, sim? E avisem, se virem alguma coisa suspeita.

— O que estão procurando?

Miranda reconheceu a voz de Ernie, cujo tom era enganosamente ingênuo e humilde.

— Uma mulher e um menino. Foram sequestrados do trem Silverado por um bando de cavaleiros.

— Como eram esses cavaleiros?

— Usavam lenços no rosto, mas eram espertos e agressivos, a julgar pelo depoimento do pessoal que estava no trem. O chefe roubou dinheiro de um dos passageiros. Arrancou as notas da mão dele! Disseram que a mulher lutou como louca para proteger o filho, quando o tiraram do trem. Mas o grandão, o chefe, colocou-a no seu cavalo e a levou também. Não posso culpá-lo – O policial acrescentou com uma risada maliciosa. — Estão mostrando foto dela por aí. Uma beleza de mulher, loura, de olhos verdes.

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⏰ Última atualização: Dec 14, 2017 ⏰

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