Os lábios dele eram duros, mas a língua era macia e fazia movimentos insistentes contra a boca fechada de Miranda. Quando os lábios dela não se abriram, ele ergueu a cabeça e olhou-a nos olhos, parecendo mais divertido do que zangado com sua atitude desafiadora.
— Não vai se sair dessa facilmente, senhora Price. Acendeu meu fogo deliberadamente, e agora vai ter de apagá-lo.
Fechou os dedos duros ao redor do queixo dela, obrigando-a a abrir a boca e receber sua língua exigente.
Miranda plantou as mãos no peito musculoso e usou toda a sua força para empurrá-lo, mas ele não se moveu. Foi submetida ao beijo mais intenso, íntimo e ávido que já experimentara, pois não havia nada que pudesse fazer, a não ser render-se. Pensava em Scott. Se o sequestrador ficasse violento, queria que sua ira se voltasse contra ela, não contra o filho.
Mas não capitulou completamente. Debateu-se, tentando colocar alguma distância entre os dois, por menor que fosse. No entanto, ele parecia conhecer as partes mais sensíveis de seu corpo e ajustou o dele habilmente, enquanto, com a língua, continuava a acariciar-lhe a boca.
Por fim, Miranda conseguiu interromper o beijo.
— Deixe-me em paz, senão... – Disse em tom baixo e rouco.
Não queria que Scott percebesse o que estava acontecendo e atravessasse a clareira correndo, brandindo o punhal que o bárbaro lhe dera.
— Senão, o quê? – Hawk desafiou.
Pegou uma mecha dos cabelos dela e levou-a nos lábios severos, mas sensualmente úmidos.
— Senão, tirarei o punhal de Scott e o cravarei no seu coração eu mesma.
Nenhum sorriso amenizou a dureza das feições dele, mas uma paródia de riso soou em seu peito.
— Só porque roubei um beijo? Foi bom, mas não algo pelo qual valesse a pena morrer.
— Não pedi nenhuma avaliação.
— Se não gosta dos meus beijos, aconselho-a a não me tentar com os seus encantos femininos novamente. – Ele deslizou a mão pelo peito dela, cobriu um dos seios e apertou-o gentilmente. — É bom, mas não tanto que me faça desistir do que decidi fazer.
Ela deu-lhe um tapa na mão, afastando-a. Ele recuou um passo, mas porque quis, não porque ela o repelira.
— E o que foi que você decidiu fazer?
— Forçar o governo a reabrir a mina Puma Solitário.
A resposta estava tão longe de ser a que Miranda esperara, que ela pestanejou, surpresa, e passou a língua pelos lábios sem perceber. O mais profundo recesso de sua mente registrou que seus lábios tinham um sabor de beijo, de homem, de Hawk. Mas sua perplexidade superou os pensamentos.
— Reabrir o quê?
— A mina Puma Solitário. Uma mina de prata. Já ouviu falar?
Ela abanou a cabeça, negando.
— Não me surpreende. – Ele comentou. — Não é importante para ninguém, a não ser para o povo que depende dela para viver. Meu povo.
— Seu povo? Os índios?
— Adivinhou. – Ele respondeu sarcasticamente. — O que me denunciou? Minha burrice, ou minha preguiça?
Ela não fizera ou dissera nada para levá-lo a pensar que era preconceituosa. Assim, aquele esnobismo às avessas era totalmente injustificado e irritou-a.
— Seus olhos azuis. – Retrucou.
— Um deslize genético.
— Olhe, senhor Hawk...

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A Refém
RomancePareciam autênticos bandoleiros. Os atores, desempenhando seus papéis à perfeição, galoparam para fora da floresta que ladeava a ferrovia. Mascarados, empunhando revólveres, interceptaram o trem repleto de turistas excitados com aquele surpreendente...