Sábado, 9 de Dezembro de 2006
O carro voava destruindo o cascalho e a faixa amarela queimava como um relâmpago, Jake não conseguia manter seus olhos selvagens na estrada e Heath, no banco de passageiro com a perna sob a perna de Jake, encostado na porta, tirava a camiseta branca enquanto retribuía os olhares excitados de Jake. Sorrisos maliciosos, correndo para a praia deserta mais próxima, ou poderia ser no carro mesmo, dizia Heath com um meio sorriso, aproximando a boca do pescoço de Jake que pensava que aquilo podia acabar no paraíso ou no inferno.
As estrelas piscavam acima deles no céu violeta, abraçados no pós-sexo, satisfazendo agora uma vontade não carnal na areia branca de alguma praia do sul, com olhos fechados e a energia compartilhada dos dois esquentava seus corpos. Heath murmurava alguma coisa enquanto apertava o abraço, e Jake pôde sentir as batidas fortes de seu coração, a vibração de seu corpo, o sentimento correndo como eletricidade por seus corpos, e ali, na praia deserta, percebeu que amava Heath.
― Eu te amo. ― sussurrou.
― Eu também te amo, Jake. ― sorriu bem de leve, apertou ainda mais o abraço e adormeceu ali, não exatamente um sono, mas um transe hipnótico de felicidade.
Heath guardou aquele "eu te amo" sonolento em sua memória como um dos poucos momentos de felicidade genuína de sua paixão clandestina.
* * *
Mês a mês, eles faziam aquele mesmo percurso pelas estradas quentes e as praias desertas, dirigindo para fugir de suas realidades. Vendo o pôr-do-sol laranja, Jake passou a mão pelo rosto de Heath, sentindo sua pele, todos os seus poros e seus pelos, não pela primeira vez. Heath segurou a cintura de Jake e a envolveu com seus braços esculpidos. Eles se beijaram e trocaram juras de amor, mas algo parecia nunca passar: a felicidade daqueles momentos era tragada pela sensação de que nunca havia tempo suficiente, nunca. Eles escreviam uma história mas tinham medo de como seria o final, então ouviam o fogo que os aquecia crepitar e torciam para não se queimarem.
* * *
Os mesmos olhos castanhos nos mesmos olhos azuis, o mesmo sorriso, mas não parecia a mesma felicidade. Deitados na cama do quarto de Heath, iluminados pela luz da lua que estrava pela janela, Heath observava o contorno da boca de Jake e desenhava algumas letras em sua cintura com as pontas dos dedos. Eles se beijaram e isso fez aceder a esperança que as coisas ainda poderiam ser como ele queria, mas o destino nunca parecia cooperar. Jake ainda continuava paranoico com o medo da exposição, de suas verdades e mentiras reveladas. Jake levantou para fazer achocolatado para os dois e Heath lembrou-se da sorte que tinha por ter Jake, mesmo que ninguém soubesse, mesmo que não casassem, mesmo que não pudesse nunca falar a razão de sua felicidade, mesmo que ficasse sempre em silêncio quando perguntavam sobre os amores, não tinha problema. Tudo bem, tudo bem, ele pensou, nada tinha sido para ele do jeito que ele sonhara, deixa está, deixa está.
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Paixão Clandestina
Short Story"Então, como alguém que não suporta mais prender a respiração enquanto se afoga em mar aberto, Heath se rendeu ao destino. O desejo superou a razão. Seus lábios se tocaram." Jake e Heath se conheceram no verão de 2004, durante as gravações de um...