Capítulo 3

329 21 29
                                    


O segundo mês desde aquele abraço apertado naquela noite lilás tinha chegado e nem um dos dois tinha dado sinal de vida. Boatos que Jake estava saindo com uma modelo de 19 anos, alta e loira, olhos verdes como uma esmeralda, assombravam os pensamentos de Heath, que estava saindo com uma ex-colega de filme na tentativa desesperada de manter a chama da montanha fictícia acesa por mais algum tempo. O amor te faz ter esperanças desesperadas, a ausência dele também.

Era 5 da manhã e os pássaros cantavam e um sol alaranjado escalava preguiçosamente o céu azul escuro quando a mensagem de Jake vibrou no Nokia de Heath:

Cowboy, eu estou meio bêbado, então me desculpe se te acordei. Fiquei sabendo que você mora agora num apartamento simpático aqui em São Francisco. Sim, "aqui", cheguei ontem à noite, vou a um casamento de uma amiga da Rachel, pensei em ligar, mas não soube se incomodaria ou não, você sumiu! Me liga! Vamos nos ver e beber alguma coisa!!!

* * *

Quinta-Feira, 8 de junho de 2006

A tarde estava fria com ameaças de chuva e o céu estava rosado. Heath vestia uma camisa azul escura de botões de brancos e um jeans azul claro, um all star velho e óculos escuros, sentado num bar próximo ao seu apartamento, esperando um Jake 15 minutos atrasados. Seu coração tremia, não havia garantia. Ele deve ter se esquecido, se perdido nos lençóis da Rachel-top-model-da-cosmopolitan, ele pensava sentindo a azia doer.

Quando ele já pensava em levantar, ir embora e fingir que aquilo nunca aconteceu, Jake apareceu com seus olhos azuis, aqueles malditos olhos azuis. Era tão lindo com seus cabelos negros que bagunçavam com a brisa e sua camisa branca e seu jeans um pouco justo que demarcava suas coxas grossas. Ele era apaixonante, e Heath se sentia sem graça e ficou ouvindo as desculpas que saiam daqueles também malditos lábios rosados, algo sobre chaves perdidas do apartamento de Rachel, e ele teria as ouvido por toda à tarde, mas só conseguia pensar em como queria beijar aquela maldita boca.

Jake cumprimentou Heath, sentindo o calor e a força de sua mão, e isso o fez pensar da cena da foda na barraca, o deixando com um rubor nas bochechas e uma malicia gostosa que descia por suas veias. Eles estavam com tanta saudade um do outro, mas a insegurança não permitiu um abraço, e isso ficou rodando nos pensamentos perdidos de Heath. Fitando aqueles olhos castanhos leitosos, Jake sentia que estava diante do efêmero e do eterno, como se nada que eles fizessem pudesse mudar alguma coisa. O que eles estavam esperando, afinal?

Havia medo. O medo da mídia, suas vidas expostas em tabloides "Romance gay na telona e também na vida real: Jake e Heath de BBM". Ele não queria aquela exposição. A insegurança de perder os fãs, os contratos, sua família, seu pai... Era tudo muito arriscado, e sua mente perdida ainda não conseguia compreender, não compreendia nem o que sentia. Havia também o medo de não ser correspondido, disso sequer ter passado pela cabeça dourada de Heath e tudo ser apenas ilusões provocadas por passarem tanto tempo juntos como casal e amigos isolados do mundo. O coração causa uma dor de cabeça que aspirina não passa.

Eles já estavam tomando o terceiro vinho tinto da tarde que ficara mais turva assim como os pensamentos trocados de Heath e Jake, que conversaram sobre suas respectivas namoradas, com a intenção de detectar algum indicio de ciúme, e agora falavam algo sobre ir para o apartamento de Heath beber um uísque muito bom e depois comer pizza calabresa enquanto a chuva caísse.

* * *

Heath e Jake corriam com dificuldade por causa do álcool enquanto gotas violentas e pesadas caiam como balas por toda a rua cinza chumbo, ofegantes para chegarem logo no prédio marrom que Heath morava. Jake tropeçara e gritava a certeza que estaria eternizado numa foto ridícula no dia seguinte por alguma revista, e Heath sorria muito por causa do tombo, da paranoia de Jake e porque na verdade eles já tinham passado do prédio. Jake levantou recusando a ajuda de um Heath que não parava de gargalhar e andaram em direção ao prédio, subiram as escadas e chegaram à porta branca de Heath.

Eles entraram no apartamento, encharcados, respiração ofegante por causa da rápida corrida e dos degraus, cruzando os braços pelo frio, sorrindo um para o outro, próximos demais, e flashes das gravações invadiram os pensamentos dos dois, ruborizando o rosto de Jake, que solta um sorriso. Sua cabeça roda rapidamente, embriagada pelo vinho e pelo desejo contido por tanto tempo. Então algo mudou, e instintivamente, ele chega um passo mais perto de Heath, percebendo que finalmente estavam sozinhos em muito tempo, e dá mais um passo, agora a poucos centímetros de seu rosto, fitando seus olhos castanhos que permanecem imóveis sob Jake.

Como um animal que só segue os instintos, Jake começa a tocar o rosto de Heath com as pontas de seus dedos, percorrendo-o suavemente ate encontrar seus lábios. Heath falando: O que está fazendo? O que você está fazendo? ― Jake não escuta as palavras e encosta sua face contra a pele macia da face de Heath, que suspira, e acaricia suavemente a nuca de Jake, sentindo o cheiro do perfume misturado com a loção pós-barba, suor e chuva, e, então, como alguém que não suporta mais prender a respiração enquanto se afoga em mar aberto, Heath se rendeu ao destino. O desejo superou a razão. Seus lábios se tocaram. O estalo do fruto proibido sendo mordido, correntes de eletricidade dançavam sobre os corpos dos dois, causando arrepios em suas extremidades. Eles se beijaram com força, como luz que rasga a escuridão. Heath empurrando o corpo de Jake contra a parede, pressionando sua virilha, seu peito, suas coxas, gemidos abafados, a mesinha com correspondências caindo, as mãos de Heath trêmulas arrancando a camisa de Jake, o peito esculpido agora nu. Heath beijando o canto da boca de Jake, bem de leve, descendo com seus dedos pelo pescoço, mordendo os lóbulos da orelha de Jake, descendo com a língua até o pescoço, beijando-o, estremecendo Jake até a alma. Jake com os mamilos enrijecidos e Heath fazendo movimentos circulares neles enquanto fita os olhos azuis de Jake, descendo, beijando-o, agora colocando um dos mamilos na boca e mordendo de leve a ponta rosada. As mãos de Heath descem mais ao sul, e sua boca agora roça o membro duro de Jake, desabotoando seu jeans, abaixando a cueca preta, sentindo o gosto de Jake em sua boca de uma vez só, Jake revirando os olhos e passando as mãos nos cabelos castanhos de Heath.

― Eu quero sentir você! ― A voz embargada pelo prazer.

― Eu sinto seu gosto! ― disse, olhando-o de baixo para cima.

― Eu não aguento... ― gemendo. ― Eu quero você! ― A voz de Jake saída em um quase grito.

Heath, então, vira Jake, tirando sua calça junto com a cueca de uma só vez, desnudando aquela bunda branca, macia e quente que rodeou seus pensamentos por tantas noites ferventes de autossatisfação, e, com ajuda das mãos, sentiu o gosto do desejo em sua língua e o cheiro do sexo em seu nariz. Então, fácil como ímã no metal, eles se encaixaram. Gemidos abafados de Jake, sentindo a dor e o prazer o penetrando, ouvindo a voz rouca de prazer de Heath, os seus olhos revirando.

― Eu sinto você. ― Jake gemendo, quase sem voz, tomado de prazer.

Eles se penetravam contra a parede, Jake mordendo o lábio rosado, Heath segurando a cintura de Jake, os corpos se movendo como em uma dança. Gemidos dos dois preenchiam o e silencio. O barulho da bunda de Jake no osso do Heath. O som da palmada de Heath na bunda agora vermelha de Jake. Jake segurando por trás a nuca de Heath, ordenando-o que fosse mais fundo.

― Falta pouco! ― inspirando profundamente. ― Eu sinto você!

― Eu estou em você! ― mais forte. ― Estou em você! ― mais forte. ― Em todos os lugares!

Os gemidos, antes abafados, agora preenchiam todo o apartamento. Gemidos fortes, gostosos, respiração ofegante, suor e saliva escorrendo por todos os lugares. Gozaram. Deitaram-se no chão, ofegantes, dormiram ali mesmo, completamente embebedados de prazer e paixão.

***

Jake acordou na noite azul chuvosa, desnudo com uma dor de cabeça pelo vinho, sem saber bem onde estava até ver Heath de costas para ele, e sorriu em felicidade genuína, às vezes, só às vezes, sonhos se tornam realidade. Ele abraçou Heath por trás, acordando-o de um sonho um pouco perturbador em que ele era um peixe. Ao ver aqueles grandes olhos azuis emoldurados por lindos cílios pretos compridos, Heath soube que seria aquilo pelo resto da vida. 

Paixão Clandestina Onde histórias criam vida. Descubra agora