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Com apenas uma mala, que continha pouquíssimas roupas, Sandy foi atrás de seu sonho de ser cantora, mais especificamente, uma k-idol. Por mais que não fosse coreana, ou fosse fluente na língua, ela queria conquistar aquele mundo.

A parte que pensava que seria a mais difícil, foi viajar para a tão esperada Coreia. Em Hongdae, esperava que conseguisse chamar a atenção de algum produtor e assim conseguir debutar.

Pobre iludida. Seus problemas só pioraram quando colocou os pés no aeroporto de Incheon.

O frio que passara não se comparava ao frio de nenhum estado do Brasil; passara fome, e teve que dormir na rua por dias, pois a dona da casa que havia alugado tinha dado preferência a um casal de coreanos.

Mesmo que sua vida tivesse um verdadeiro inferno, Sandy continuava a treinar, todos os dias. Sua voz, aos poucos ficava gasta, de tanto cantar nas ruas de Hongdae, a procura de atenção.

Sempre que podia, marcava audições em grandes e pequenas empresas. Não tinha preferência por nenhuma, estava apenas atrás de ser uma trainee. Se bem que insistia nas grandes, como YG, JYP e SM.

Por sorte, Sandy conseguiu dormir e trabalhar em uma loja de conveniências. A dona sentiu pena da garota, que dormia no chão, em frente a sua loja, e resolveu tentar ajuda-la.

Dias se passaram, depois que Sandy chegou na Coreia, e pela 19° vez ela estava de frente a uma empresa. Aquela era uma das maiores empresas. O espaço em que seria feito a audição, era em um local que mais parecia um shopping.

Quando chegou sua hora de se apresentar, Sandy sentiu-se nervosa, pois o dono da empresa estava ali, lhe encarando severamente. Ela respirou fundo, e começou a cantar a música que havia treinado diversas vezes.

Acabado a apresentação, retornou para a loja de conveniências, pois teria que esperar uma semana para obter a resposta.

Nunca estivera tão ansiosa por algo. Na verdade, sempre ficava ansiosa quando tinha que esperar a resposta de alguma empresa.

O resto da semana, a garota passou ensaiando para uma outra empresa, que teria audição em poucos dias.

Quando a resposta chegou, novamente ela desabou em lagrimas. Aos poucos perdia a esperança de que iria conseguir passar em alguma audição. Aos poucos a depressão lhe consumia, e isso a matava.

A 20° audição foi em uma empresa pequena, pouco conhecida. Tao pouco conhecida, que não tinha nenhum grupo nela. Todos deram disband por serem pouco conhecidos. Sandy estava disposta a passar nessa empresa, e ser reconhecida.

-Nome completo. - O senhor de moreno a sua frente lhe pediu para dizer, mesmo que já estivesse no formulário de inscrição. Sandy respondeu e ele apenas confirmou com a cabeça. - O que sabe fazer? Rap, dança, vocal, etc. - Ele novamente pediu para informar algo que já havia no formulário.

-Canto, danço, faço rap e componho. - Disse com o máximo de confiança que tinha em si.

O homem novamente confirmou a cabeça, e continuou a ler o formulário. Sem mais nada a acrescentar, ele pediu para Sandy cantar a música que havia preparado.

Ela tinha uma lista das músicas que iria cantar em cada audição, e em sua lista, One Step Closer da Ailee, era a última. E era esta que Sandy estava a cantar.

Seus pais haviam lhe dado um prazo para permanecer na coreia e tentar seu sonho. Mesmo que ela tivesse fugido, eles ainda a aprisionavam. Se por um acaso ela não quisesse voltar, eles iriam até a coreia busca-la.

Aquele prazo, estava no fim. Era sua última audição, sua última chance.

Terminado de cantar, o senhor colocou uma música agitada para Sandy dançar, e assim ela fez. Dançou com todas as suas forças.

Pensou que teria que fazer rap, assim que a música terminou, mas o senhor apenas lhe disse que era tudo e que já podia ir, para esperar a resposta.

Sem entender muito, e sem querer questionar, Sandy saiu do local e caminhou até o rio que tinha próximo dali. Tinha uma ponte linda, com várias frases que se iluminavam quando alguém passava.

-Minha última chance. - Murmurou com uma lagrima a escorrer pelo rosto. - Vai dar tudo certo. - Tudo o que tinha era a esperança, e esperava que esta não lhe deixasse na mão.

Em pouquíssimos dias Sandy recebeu a carta que continha a resposta, e toda animada, como todas as vezes, ela foi ler. Porem seus joelhos enfraqueceram, enquanto lagrimas escorriam pelos olhos. A esperança que tinha sumiu, parecia que todas as empresas lhe odiavam, ou simplesmente ela era péssima no que fazia.

Sabendo que teria que voltar para o Brasil, Sandy arrumou sua bolsa e se despediu da senhora que havia lhe ajudado por tanto tempo. Sentiria falta daquele lugar, daquela adorável senhora, daquela fria cidade.

Então ela saiu, caminhando sem rumo, até que chegasse próximo da hora de seu voo sair. Enquanto caminhava, ela via a cidade que achava linda, via as pessoas com sorriso nos lábios, e se lembrava das vezes que cantara em cada lugar da Coreia, porem se lembrou de cada não que levara, quando passou pela última empresa que havia lhe rejeitado.

A ponte apareceu, iluminada pela lua. Aquela ponte parecia chama-la como nada nunca havia lhe chamado antes. As lagrimas já escorriam pelo rosto de Sandy, que havia deixado sua bolsa no chão, caminhando em direção daquela ponte.

Era a primeira vez que aquela ponte estava vazia, e isso foi apenas mais um incentivo para subir naquela ponte.

Foi então que alguém lhe puxou, e Sandy foi pressionada contra o peito de um rapaz, que lhe abraçava fortemente. O rapaz tinha os cabelos negros, a blusa preta que usava estava colada em seu corpo com um suor a escorrer pelo seu corpo.

Ele afastou um pouco a garota que chorava, desta vez mais forte. Tocou o rosto dela com uma das mãos, e sorriu gentilmente.

-Eu sou sua esperança, hm? - Aquela voz, aquele sorriso... Sandy percebeu que aquele rapaz a sua frente, poderia ser sua esperança, a esperança que pensava ter perdido. 

Hope ♡ HoseokOnde histórias criam vida. Descubra agora