O deserto de sal era um espaço infinito de nada.
Por dias Gênesis vagou pelo deserto sem vida. O vento seco soprava sempre do norte o tempo todo. Cristais de sal deixava sua engrenagens mais difíceis de movimentar.
Preferia as temperaturas baixas da noite que o calor da tarde, pois faziam suas engrenagens se expandirem. Mas atravessar o deserto de sal era preciso. Sua moradia era do outro lado daquele emaranhado de montanhas brancas de sal. Aprendeu a muito tempo que quanto mais longe das grandes metrópoles robos, mais sucatas achava e mais Trill podia conseguir.
Não podia se esconder, nem escalar, nem lutar com um Ferro como em lugares de paredes e tetos, aquela situação era incômoda para ele, mas ainda podia olhar e contemplar o céu completamente azul com o sol batendo em seu esqueleto de ferro fazendo-o brilhar.
Gostava de observar o sol, que começava lentamente se pôr, à medida que seu relógio interno passava e se movia para frente. A sua frente montanhas de sal se aglomeravam umas as outras dificultando seu caminho.
Somente as vezes, quando o vento soprava, podia escutar um ruído estranho como de uma máquina, aquilo fazia-o pensar no que poderia provocar aquilo.
Não era comum achar algo de útil naquele lugar. As vezes podia achar pedaços de criaturas que não cabiam no limiar de sua imaginação. Mas os seres Biológicos já havia sido extintos a muito tempo, na longa guerra.
Depois de cinco dias caminhando pela vastidão branca finalmente observou a torre onde vivia. A torre se inclinava trinta graus a direita. Uma enorme torre de ferro sobe um monte de areia e rochas avermelhadas. As vezes Gênesis se perguntava que serventia tinha para os Criadores aquela imensa torre.
O sol que descia lentamente atrás de suas costas fazia as a rocha avermelhada de um tom mais enegrecido. Aquele imagem era tudo que acalentava seu ser por de baixo de todo aquele ferro e aço chamado de Gênesis.
Quando Gênesis entrou em sua caverna privada, encontrou Homicida o pequeno robo empoleirado no assento na frente da janela digital, observando imagens com duas criaturas, parecidas com os robos, lutando uma contra outra.
Quando o pequeno robo o viu pulou de imediato para de baixo das caixas empilhadas de entulho de Gênesis.
-Homicida Mau... Homicida Mau... Não deve mexer em coisas de Gênesis. - Gritou Gênesis ao pequeno robo escondido. Para Gênesis aquilo era errado, ninguém deveria mexer em suas coisas.
Enquanto isso as duas criaturas na tela digital lutavam e flutuavam com nunca vira antes acontecer. De repente viu uma das criaturas acertar o punho fechado no rosto de seu adversário fazendo jorrar um liquido vermelho. Não sabia o que era aquilo, mas lhe parecia ruim quando o liquido de algo vazava.
-Homicida Bom? - Perguntou o Pequeno robozinho a Gênesis.
-Não... Homicida Mau... Não pode mexer em coisas que não são suas...
-Mas Homicida gostar de ver criaturas brigarem...
-Mas não deve, foi Gênesis quem achou, não foi?. Então só Gênesis pode mexer. E si Homicida estragar?.
-Homicida Bom... Não estraga...
Com o braço estendido agarrou o controle e apagou a imagem. Fazendo Homicida soltar um barulho triste e melancólico.
Em sua caverna Gênesis havia guardado milhares de coisas que achou durante os longos anos que passou vagando pela imensidão de deserto e destruição. Muitas das coisas lhe eram inúteis mas não lhe parecia certo joga-las fora. Ferros retorcidos, carcaças de bombas, pedras de cores diferentes, pedaços de naves e robos antigos e muitas outras coisas que nem sabia para que serviam, tudo isso espalhado por sua caverna e seus túneis muito bem elaborados por ele.
Gênesis passou o resto da noite examinando suas coisa. No outro lado da caverna Homicida fazia barulhos irritantes com um transmissor de ondas curtas antigo e obsoleto. Gostava de tudo aquilo, mas o que mais gostava era ler um livro que havia achado em uma antiga cidade abandonada, seu nome era O Hobbit. Havia demorado quase uma década para aprender o idioma antigo dos criadores, mas agora podia ler. Muitas das paginas do livro estavam rasgadas. Achava fascinante como era o mundo dos criadores. Aqueles que se chamavam Hobbits viviam em buracos no chão igual a ele, outros se chamavam anões e eram teimosos. Porém o que mais o fascinava eram os elfos, como eles seriam realmente, Gênesis as vezes se perguntava.
No final da madrugada Gênesis se dispôs ir até acima de sua caverna. Gostava de observar a aurora chegando. Podia facilmente ver os satélites que rodeavam a terra lá em cima.
De repente ouviu um estrondo e o céu foi dividido em dois por uma bola de fogo, deixando um rastro de fumaça branca. Conseguiu ver a bola de fogo cair no horizonte. Logo o silêncio se fez presente novamente. Aquilo certamente poderia ser um satélite. E onde havia satélite havia coisas para vender.
Habilmente voltou para a caverna. Juntou duas bolsas. Enquanto o pequeno Homicida observava atentamente.
-Gênesis vai sair... Homicida não deve mexer em nada
-Homicida... é comportado...
Gênesis não acreditava no pequenino robô mas sabia que era necessário ir atrás do satélite. Outros robôs coletores certamente iriam atrás também e quanto antes chegasse melhor.
Lembrava-se da primeira vez que viu Homicida. Estava MegaCity 0022 para conseguir trocar combustível de nave por Trill. Quando observou dois robôs patrulheiros jogando o pequeno robô no incinerador. Por algum motivo que não compreendia o pequeno robô pediu por ajuda, enquanto camadas e mais camadas eram incineradas. Rapidamente subiu no incinerador e resgatou Homicida e o trouxe para viver em sua caverna. Logo percebeu que Homicida era um robô caçador antigo, feito para caçar e aniquilar robôs que estavam obsoletos que se recusavam a se entregar. Porém quem era obsoleto agora era Homicida.
Lá fora o sol ameaçava aparecer. O rastro de fumaça que o objeto tinha deixado começava a se desfazer. Rapidamente calculou sua trajetória, verificando que o objeto deveria ter caído a aproximadamente 70 quilômetros na direção sul.
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Planeta dos Robôs - Gênesis
Ciencia FicciónEm um mundo dominado por robôs, Gênesis é um robô Coletor que vive de encontrar sucatas para sobreviver, porém em uma de suas viagens acaba tendo que optar que espécie irá viver: a espécie dos robôs ou a dos homens.