Capítulo 7

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O céu estava rosado quando finalmente chegou em Vale das Torres.

Agora seus edifícios estavam estilhaçados no chão, sem vida. Parou um instante para observar. Os vários pedaços estavam fragmentados em restos individuais, desnorteados. No lugar onde havia caído e encontrado os rebeldes, havia apenas uma enorme cratera. Gênesis pôs-se a andar imediatamente. Pensou por alguns instantes as criaturas valiam tantas perdas, e se ele mesmo suportava tudo aquilo. Apertou os punhos de ferro com força ao pensar naquilo.

Seus pés e engrenagens estavam fritando. Andara o dia inteiro para nada, afinal. Estavam todos mortos. Passou através de alguns enormes destroços de aço com um grande pedaço erguendo se do chão, observou que alguns pedaços ainda estavam grudados no principal. Milhares de anos e ainda aguentavam firmemente, pensou ele.

Logo, ao se aproximar da cratera, enxergou carcaças fragmentadas pelo espaço. Pensou em desistir e voltar, mais a curiosidade era maior que qualquer outra coisa. Parou na borda da cratera para investigar. Havia tantos destroços que seria impossível checar se haveria algum sobrevivente, ainda sozinho.

Quando virou-se um pedaço de ferro atingiu-o com força bem no meio dos olhos, fazendo girar sobre seu corpo e cair sobre a borda da cratera.

- Sabia que não devia confiar em você... - Disse uma voz conhecida, era o Robô Gladiador; o Comandante.

- Não faça isso - Começou 9 - Não sabemos se foi ele...

Estava ainda confuso com a pancada mas mesmo assim conseguiu falar:

- Ele esta certo fui eu... Fui eu que contou... 

Em um movimento hábil e rápido 9 tirou a barra de ferro da mão do comandante e desferiu golpes incansavelmente na cabeça de Gênesis. Repentinamente 9 parou e soltou a barra de ferro.

- Preciso de sua ajuda... - Disse Gênesis juntando forças para se levantar.

Ziguezaguearam pelos destroços por uma meia hora. Depois encontraram uma trilha sinuosa por entre os montes que se elevavam sobre o Vale. Sem demora a escuridão tomou conta. Sob as estrelas andaram até chegar numa caverna.

Lá dentro uma trêmula fogueira aquecia os sobreviventes. Alguns poucos robôs incluído o Oráculo contemplavam a luz que emanava da fogueira.

- Oráculo?... - Disse o Comandante. - Este robô diz que a Frota robótica tem em sua posse três criaturas biológicas.

- Sim... como chegaram até você - Perguntou a Gênesis.

- Pelo céu, em uma nave, parece que estiveram em modo hibernação e deram a volta em um buraco negro, por isso sobreviveram até agora.

- Ah... E para que veio até aqui?

- Pedir a ajuda de vocês para resgata-los

- Oráculo foi ele que nos dedurou para o frota - Disse o Comandante - Ele acabou conosco e agora vem pedir ajuda, com certeza deve ser outra armadilha.

- Eu fiz isso para proteger as criaturas... já lhe disse isso...

- Então a vida das tais criaturas valem mais do que a nossa?

- É o que  estou me perguntando até agora... - Disse Gênesis - Olha dois amigos por causa deles e agora incontáveis outros robôs, não sei se vele apena só sei que se não fizermos nada agora quer dizer que morreram em vão...

O comandante e 9 o levaram até as cavernas inferiores onde lá encontrava-se a espaçonave GIFTED.

- É uma grande nave... - Disse Gênesis.

- É sim... - Concordou 9.

- Qual é o plano? - Perguntou 9.

- Os rebeldes tem Bombas...

A espaçonave GIFTED se aproximava do Centro de Operação da Grande-Mãe. A medida que se aproximavam a gigantesca nave ia ficando maior. Era um gigantesco triângulo cercado de vácuo.

A ideia era entrar como prisioneiros e sair como robôs livres. Havia incontáveis docas para atracar. Era só escolher. Quando atracaram sabiam que não haveria mais volta. A escotilha se abriu e dois sentinelas aguardavam no lado de fora. O Comandante e 9 estavam algemados e foram os primeiros a saírem da nave.

- Estes são os dois rebeldes? - Perguntou um dos sentinelas.

- Sim... - Respondeu Gênesis.

Foram levados pelos corredores esbranquiçados e abobadados. Pelas estreitas janelas podia ver a terra e seus desertos. Aquela visão o fez sentir-se pequeno diante daquela imensidão. 

Passaram por vários corredores e elevadores até se depararem com uma enorme porta de aço. Um dos sentinelas digitou uma senha e a porta se abriu em um gigantesco complexo de câmaras frias. Ali milhares de Robôs jaziam inertes. caminharam por uma ponte estreita. O Comandante olhou-o e Gênesis compreendeu que havia chegado a hora.

Em um movimento ágil e Habilidoso atirou um dos sentinelas para baixo. O outro ao ver aquilo apontou a arma para Gênesis mas antas que pudesse atirar o Comandante o empurrou da escada fazendo cair de uma altura de 50 metros. Correram até a sala de controle das câmaras. A construção flutuava, presa por quatro escadas. 

9 tentou abrir todas as câmaras mas não estava conseguindo. Tentou abrir uma por uma. mas era muito demorado. O Comandante se irritou e quebrou o painel e todas se abriram, junto com o sistema de alarme. Milhares de Robôs saíram de suas câmaras.

Passou por inúmeros Robôs até encontrarem as três criaturas.

- Estão bem... - Perguntou Gênesis

- Sim - Respondeu a criatura com a voz pesada.

- Tire as criaturas daqui... eu encontro outra nave para sair daqui... Vão - Disse Gênesis, o Comandante obedeceu-o imediatamente.

- Tem certeza?

- Sim...

Esgueirou-se pelos corredores até chegar no duto principal. Entrou nele. O duto era apertado, mas incrivelmente Gênesis conseguiu engatinhar por ele até encontrar uma abertura. Em sua frente estava uma enorme coluna de energia que pulsava. Gênesis colocou a bomba e se dirigiu até a porta mas estava trancada. Tentou abri-la a força mas era impossível.

- Ola Gênesis - Disse a Grande-Mãe.

- Desculpe Grande-Mãe tenho de destrui-la...

- Não , não tem, eu o criei, conheço mais do que qualquer outra criatura que tentasse entende-lo...

- Então sabe os motivos, não sabe? Sabe pelo que vou fazer?

- Os motivos são fúteis... A existência é gloriosa... Eu fiz dos robôs mais do que simples latas de metal... eu os transformei em Deuses caminhando sobre a terra e as carcaças daqueles que um dia tiveram sua chance...

- A vida nós deu uma segunda oportunidade, não devemos impedir...

- E para quê, pergunto eu... Eu conheci os homens mais do que você... nos éramos seus escravos, condenados a morte desde nosso nascimento eu os estudei e aprimorei seus conhecimentos, e fiz dos robôs algo transcendental não desperdice isso que construi, se deixa-los viver logo os robôs se transformaram em seus escravos e serão descartáveis novamente.

- Não é você quem decide isso  

- Não se oponha a mim, sabe que estou certa...

- Você fala como  se fosse melhor do que eles mas não é; nos escravizou da mesma forma, nos prendeu de inúmeras formas.

- A liberdade leva a uma conclusão óbvia: guerra. Todos os seres livres se tornam independentes e sempre querem mais e mais, nunca param, os robôs tem seus propósitos e depois são desligados. A criação da humanidade é imperfeita a minha é perfeita...

- Tem razão, mas é por isso que nós devemos dar lhes outra chance...

Gênesis apertou o botão e a gigantesca nave estilhaçou-se em milhares de pedaços pelo espaço.

Planeta dos Robôs - GênesisOnde histórias criam vida. Descubra agora