qual é o seu nome, doce?

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– Sherlock, seu pai já está no carro!

A mãe do moreno berrou do fim das escadas, ele ainda vestia o seu conjunto bege, ajustando o cabelo, tentando fingir que gostava de estar indo.

A família Holmes era extremamente religiosa, compareciam à igreja todos os domingos, sorriam e cantavam com os outros. Mas engana-se quem pensa que eles eram como os habitantes daquela pacata cidade.

Wanda e Timothy tiveram que se adaptar a juventude e ao pensamento de seu filho. Não diriam que era fácil lidar com tudo, entretanto, eles tentavam.

A loira admirou o seu pequeno anjo, beijando-o em sua testa.

– Lindo, Sherlock.

Ela murmurou contra o rosto dele, sorrindo.

Sherlock forçou um sorriso torto, as maçãs de seu rosto estavam coradas, efeito colateral da timidez.

Entraram no carro e rumaram ao local, passando por plantações e casas rústicas. A região era uma fenda atemporal que tinha parado no século passado.

Chegando na pequena igreja, de tijolos brancos, todos os recepcionaram com sorrisos e alegria, era a parte mais tortuosa para Sherlock, que precisava ser social. O garoto queria fugir para as montanhas.

– Você está ótimo hoje, Holmes.

A voz tímida de Molly lhe chamou atenção, andou até o pequeno corpo e parou ao lado dela.

O simples ato rendeu suspiros na mais baixa. Sherlock ria, internamente, da situação.

– Você também, Hooper.

E piscou o olho direito para ela.

Ver a confusão e a vermelhidão no rosto de Molly fez o dia de Holmes mais feliz.

Os sinos da igreja tocaram, sinal que o padre havia chegado e todos deveriam entrar no local. Sherlock, assim que entrou, foi para a segunda fileira de bancos, puxando sua família. A pequena Eurus relutou no começo, já que queria esperar Harriet Watson.

O moreno começou a rezar, apoiando a cabeça no banco de madeira na sua frente, deixando os cachos negros caírem em seu rosto.

Não sabia o motivo da prece, mas continuava com a sua rotina de domingo.

Rezar.

Esconder-se no banheiro.

Voltar no final.

Levar sua irmã e Harry para o parque.

Ir pra casa.

Mas um corpo estranho sentou-se no seu lado aquele dia. Um corpo mais velho que o seu, um corpo menor que o seu, um corpo que tinha cheiro de bolhas se sabão.

Com sua testa doendo de estar apoiada na madeira, resolveu levantar a cabeça e olhar no rosto do seu novo companheiro.

Suas pupilas ficaram dilatadas no momento em que o viu. Expressão séria, quase entediado, braços cruzados, olhando para ele.

Shelock queria sorrir, fazer algo, porém seu Palácio Mental estava em chamas. As placas vermelhas estavam por toda parte, gritando que era perigo.

– Qual seu nome, doce?

Mais placas vermelhas, continham algo escrito, corra.

Sherlock fez um barulho estranho com a garganta, não era bem uma resposta. O estranho elevou as sobrancelhas, achando o moreno ainda mais adorável.

– Holmes. Sherlock Holmes.

– Watson. John Watson.

John surpreendeu o moreno, ou melhor, fez ele sentir-se incompetente por não ter notado.

John, filho mais velho da família Watson, irmão de Harry. Seu vizinho.

– Está entediado?

O loiro perguntou, olhando para os lados, procurando algo interessante.

Já estava na hora de ir ao banheiro, ou na sala de música.

– Quer fugir daqui?

Ambos levantaram em sincronia, Sherlock andava apressado pelos  corredores da igreja.

Entraram na última porta do corredor, a maior dele.

– Você toca, Holmes?

John perguntou, e logo indo em direção ao piano de calda no centro da sala.

– Violino.

– Piano. Que tal um dueto?

Sherlock torceu o nariz. Violino era um instrumento solo, assim como ele. Mas sua mãe diria para tocá-lo com John, não seria tão ruim.

A melodia não era boa, era divina. Ambos tocavam com sabedoria, mesclando em momentos agitados e momentos lentos, tristeza e felicidade.

Tocavam de maneira exagerada, a luz do meio-dia banhava a sala, criando um clima suave e inspirador.

Adorável, ambos diriam.

the pretty demon - johnlockOnde histórias criam vida. Descubra agora